A história de uma das principais redes de supermercado que inaugurou um modelo extremamente eficiente, mas acabou em declínio após duas falências e dívidas
No geral, supermercados movimentam bilhões e sustentam a espinha dorsal da economia de consumo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Afinal, eles conectam diretamente a produção agrícola, a indústria de alimentos e o consumidor final, além de gerar milhões de empregos e influenciar o preço de produtos básicos.
E, nos Estados Unidos, esse modelo comercial evoluiu rapidamente a partir do século XX.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Inclusive, nenhuma empresa simbolizou melhor esse crescimento do que a A&P (The Great Atlantic & Pacific Tea Company).
Fundada antes da Guerra Civil Americana, a rede se transformou na maior varejista do mundo no século XX.
LEIA TAMBÉM!
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Mas, após dois processos de falência, foi levado ao buraco e, afundado em uma dívida na casa de US$ 3,2 bilhões, desapareceu sem deixar herdeiros diretos no mercado e devastou o país após o colapso.
Sendo assim, a equipe de economia do TV Foco, com base em informações do portal Wiki, traz abaixo mais detalhes sobre o que levou a rede à falência e quais foram os seus reais impactos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
1. Fundação e crescimento (1859–1915):
- 1859: George Gilman fundou a Great American Tea Company em Nova York, com foco exclusivo na venda de chá e café.
- 1863: A empresa passou a expandir no varejo físico, abrindo diversas lojas em centros urbanos.
- 1870: A&P introduziu um dos primeiros produtos de marca própria nos EUA: o “Thea-Nectar”.
- 1890–1912: Entre esses dois anos, a empresa cresceu de forma orgânica. Ao adotar o conceito de “loja econômica”, comercializava produtos a preços acessíveis e margens reduzidas.
- 1915: Neste ano, a rede já contava com 1.600 lojas e se consolidava como líder nacional no comércio de alimentos.
2. Supremacia e revolução no varejo (1915–1950):
- Década de 20: A A&P decidiu apostar na verticalização e operar suas próprias padarias, fazendas e fábricas de produtos alimentícios.
- Década de 30: Com 15.709 lojas ativas, a empresa se tornou o maior varejista do mundo, com vendas anuais de US$ 2,9 bilhões.
- 1936: A A&P revolucionou o modelo de loja com o formato de autosserviço — os primeiros supermercados nos moldes modernos. O que reduziu custos, melhorou o fluxo e aumentou exponencialmente a sua margem de lucro.
- Anos 1940: Supermercados passaram a se expandir ainda mais e o número de pequenas lojas de bairro reduziu na mesma velocidade, alinhando-se ao novo modelo de consumo norte-americano.
3. Estagnação (1950–1970)
- Década de 1950: Infelizmente, apesar de ainda ser gigante, a A&P começou a perder competitividade. Outras redes, como Safeway e Kroger, chegaram apostando em lojas maiores, com mais variedade e marketing ainda mais agressivo.
- 1971: Em reação tardia, a A&P lançou o Warehouse Economy Outlet (W.E.O.), em uma tentativa de competir com os atacarejos que surgiam, no entanto, esse projeto promissor falhou por falta de padronização e investimento.
- 1974: A empresa mudou sua sede para Montvale, Nova Jersey, e iniciou um processo de racionalização de ativos.
4. Reestruturações furadas (1980–2000)
- Anos 80: A rede desistiu do sul dos Estados Unidos, concentrando-se apenas no nordeste e no meio-oeste, no entanto, operando com prejuízos astronômicos.
- Anos 90: Neste ano, a A&P até buscou diversificar, adicionando farmácias às lojas e modernizando unidades, mas sua infraestrutura já estava obsoleta frente às redes que inovam em tecnologia e experiência do consumidor.
- 2001: A companhia vendeu sua divisão canadense por US$ 1,7 bilhão, tentando reequilibrar as finanças. Mesmo assim, a dívida só crescia.
5. Declínio e duas falências (2010–2015)
- 2010: A A&P entrou pela primeira vez em processo de falência (Capítulo 11), com passivos superiores a US$ 3,2 bilhões. Apesar das suas 395 lojas em operação, ela perdeu valor de mercado rapidamente.
- 2012: Com o apoio de investidores como a Yucaipa Companies e Goldman Sachs, a rede saiu da falência e tentou uma nova reestruturação, já como uma companhia enxuta.
- 2015: Porém, essa tentativa falhou e, em julho do mesmo ano, ela precisou entrar em um novo processo de falência. Inclusive, anunciou a venda de 120 lojas para concorrentes, na tentativa de recuperar parte do prejuízo.
- 25 de novembro de 2015: Fatalmente, a A&P fechou suas últimas unidades e encerrou oficialmente suas atividades, 156 anos após sua fundação.
Qual foi o legado deixado pelo supermercado A&P?
Após a falência definitiva, a marca A&P desapareceu do mercado. Nenhuma das novas redes absorveu o nome ou a estrutura da empresa.
Não foram encontradas manifestações, protestos ou tentativas organizadas de resistência. Inclusive, o espaço segue em aberto caso representantes queiram expor as suas versões dos fatos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O que restou foram ativos fragmentados, adquiridos por concorrentes regionais como Stop & Shop e Acme, e uma memória corporativa arquivada em estudos de caso acadêmicos.
Conclusão:
A história da A&P reflete com precisão o risco da estagnação em um setor que exige adaptação constante.
Seu colapso ilustra como mesmo um império comercial pode desaparecer diante da inércia estratégica.
O declínio silencioso da rede, sem resistência pública, marca não apenas o fim de uma empresa, mas a extinção de uma era do varejo.
O caso da A&P permanece como referência obrigatória para quem estuda gestão, economia e varejo no século XXI. Mas, para conhecer mais histórias e bastidores do varejo como esta, clique aqui*.