Do céu ao inferno: A falência decretada de 2 planos de saúde em país após rombo de R$9,2B

Falência de dois grandes planos de saúde expôs rombo de US$ 9 bi e abala o sistema de saúde norte- americano
E, nos últimos anos, o setor de saúde dos Estados Unidos anda enfrentando uma das maiores crises das últimas décadas. Desde 2023, grandes operadoras de planos de saúde vêm declarando falência, deixando milhares de beneficiários sem garantias de continuidade nos cuidados médicos.
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Mesmo com uma leve melhora em 2024, o cenário continua crítico. O aumento dos custos operacionais e a queda nas margens de lucro têm pressionado o sistema, tornando insustentável o modelo de negócios de várias empresas.
Um dos casos mais emblemáticos é o da Steward Health Care, que entrou em colapso e pediu falência em maio de 2024, após acumular um rombo financeiro estimado em US$ 9,2 bilhões. O impacto foi devastador para pacientes, profissionais e comunidades inteiras que dependiam de seus hospitais.
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Além dela, temos também o caso da CarePoint, a qual também enfrentou terríveis turbulências financeiras.
Sendo assim, com base no portal Wiki e da revista Reuters, trazemos mais detalhes de como esses dois planos de saúde foram do céu ao inferno no sistema de saúde norte-americano.
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A ascensão e queda da Steward Health Care
De acordo com o portal Wiki, fundada em 2010, a Steward Health Care cresceu rapidamente até se tornar uma das maiores redes hospitalares privadas dos Estados Unidos, administrando 31 hospitais em oito estados.
Seu crescimento agressivo, porém, foi sustentado por uma estrutura de endividamento de alto risco.
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O modelo adotado pela empresa envolvia a venda de imóveis hospitalares para fundos de investimento imobiliário, como a Medical Properties Trust, seguida da recompra desses ativos por meio de contratos de aluguel de longo prazo.
Essa engenharia financeira garantiu liquidez no início, mas comprometeu a sustentabilidade a médio prazo.
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Inclusive, entre 2016 e 2023, a Steward distribuiu centenas de milhões de dólares em dividendos aos seus investidores, mesmo operando com déficits crescentes.
No entanto, no ano de 2024, após ficar sem caixa para pagar fornecedores e manter as operações, a rede entrou em colapso:
- Hospitais começaram a fechar as portas;
- Cirurgias foram canceladas;
- Milhares de pacientes ficaram sem atendimento.
O pedido de falência, protocolado sob o Capítulo 11 da legislação norte-americana, foi a tentativa final de reorganizar dívidas e evitar um colapso total do sistema.
Falhas de gestão e negligência regulatória
Especialistas apontam que o caso da Steward expôs falhas graves tanto na gestão interna quanto na fiscalização pública.
Durante anos, a empresa operou com pouca supervisão estatal, mesmo após sinais claros de descontrole financeiro.
Relatórios mostram atrasos em pagamentos, falta de insumos básicos e insegurança nos atendimentos prestados.
A empresa chegou a atrasar salários e a interromper serviços de emergência em algumas unidades.
O rombo financeiro, calculado em exatos US$ 9,2 bilhões, resultou de um conjunto de más decisões:
- Aluguéis inflacionados;
- Dependência excessiva de crédito;
- Pepasse de lucros para fundos de investimento e ausência de reservas operacionais.
Consequências políticas e reações
O colapso da Steward gerou uma crise institucional em Massachusetts, estado onde a empresa concentrava parte de suas operações.
O governo estadual precisou intervir para evitar um colapso total na rede hospitalar.
A governadora Maura Healey determinou a desapropriação emergencial do Saint Elizabeth’s Medical Center e defendeu a criação de uma nova legislação para limitar a influência de fundos privados na gestão hospitalar.
Além disso, em setembro de 2024, o CEO Dr. Ralph de la Torre deixou o cargo após ser indiciado por desacato criminal, acusado de se recusar a prestar esclarecimentos ao Senado sobre a condução financeira da empresa.
Inclusive, essa nova legislação aprovada no estado ampliou o poder de fiscalização sobre operadoras privadas, exigindo maior transparência financeira, notificações prévias de fechamento de unidades e o veto a licenças para hospitais controlados por fundos imobiliários.
Medidas de reestruturação e situação atual
Após o pedido de falência, a Steward iniciou um processo de liquidação e reorganização. Em agosto de 2024, vendeu seis hospitais em Massachusetts por US$ 343 milhões, numa tentativa de reduzir parte das dívidas.
Em 2025, o tribunal aprovou o plano de reestruturação da empresa, que prevê a venda gradual dos ativos restantes e a utilização dos recursos obtidos com processos judiciais contra ex-executivos para pagar credores.
O caso permanece sob supervisão judicial e segue tramitando conforme o Capítulo 11 da lei de falências norte-americana.
Ainda não há definição sobre a conclusão do processo, prevista para o fim de 2025.
Atualmente, parte das operações da Steward segue ativa em regime de administração temporária, mas várias unidades continuam fechadas.
O caso CarePoint Health Systems
Mas, conforme destacamos bem no início desse texto, a crise não parou na Steward. A CarePoint Health Systems, outra importante rede hospitalar dos Estados Unidos, também entrou em falência.
Embora os detalhes financeiros não tenham sido divulgados com a mesma amplitude, fontes do mercado confirmam que o grupo sofre com dívidas elevadas e queda acentuada na receita.
Assim como a Steward, a CarePoint mantém algumas unidades em funcionamento, mas em escala reduzida e sob vigilância de órgãos reguladores.
O caso reflete a mesma tendência: alto custo de operação, dependência de crédito e dificuldade em manter rentabilidade diante da inflação hospitalar.
(Opinião) O que a falência da Steward e da CarePoint revelam?
As falências sucessivas de grandes operadoras norte-americanas expõem a fragilidade de um sistema de saúde baseado no lucro e altamente dependente de capital privado.
O colapso da Steward, com rombo de mais de US$ 9 bilhões, e o da CarePoint reforçam o alerta sobre o impacto de decisões financeiras especulativas em um setor que deveria priorizar vidas, e não balanços.
Governos estaduais e federais sempre buscam revisar a regulação do setor, enquanto especialistas alertam que a falta de fiscalização e o excesso de endividamento podem gerar novos colapsos nos próximos anos.
Como funciona a prevenção de falências de planos de saúde no Brasil?
No Brasil, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) possui mecanismos mais rígidos para evitar que o colapso de uma operadora deixe usuários desamparados.
Em casos de insolvência, a ANS pode decretar liquidação extrajudicial e transferir os beneficiários para outras empresas em até 90 dias, garantindo a continuidade dos atendimentos.
Apesar das diferenças estruturais, o exemplo norte- americano serve de alerta para o Brasil:
- Transparência, fiscalização e responsabilidade corporativa são essenciais para preservar o equilíbrio do sistema de saúde.
Mas, para saber mais informações sobre outras falências, envolvendo até outros setores, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.