A morte de astro do Castelo Rá-Tim-Bum por AIDS: “Tentaram esconder”

Castelo Rá-Tim-Bum é um dos maiores legados imortais, no entanto as perdas de grandes artistas também marcaram sua história
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Elenco da série infantil Castelo-Rá-Tim-Bum (Foto Reprodução/TV Cultura)

Castelo Rá-Tim-Bum é um dos maiores legados quando falamos em clássicos infantis, no entanto, as perdas de grandes artistas também marcaram sua história

Exibido pela TV Cultura entre 9 de maio de 1994 e 24 de dezembro de 1997, a série infantil Castelo Rá-Tim-Bum não foi apenas mais uma atração voltada ao público infantil, uma vez que muitos crescidinhos amavam passar horas entretidos com suas histórias.

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Criado por Cao Hamburger e Flávio de Souza, o programa se tornou referência em educação e entretenimento ao unir:

O impacto foi tamanho que, mesmo décadas após sua estreia, a produção ainda é lembrada com carinho por adultos que cresceram em frente à televisão.

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Com tramas leves e diálogos inteligentes, o enredo girava em torno de Nino (Cássio Scapin), um garoto de 300 anos que vivia em um castelo mágico ao lado do seu tio, Dr. Victor (Sérgio Mamberti) e da tia Morgana (Rosi Campos).

Recebendo visitas frequentes de seus amigos Pedro (Luciano Amaral), Biba (Cinthya Rachel) e Zequinha (Freddy Allan), o castelo se transformava em um espaço de descoberta e imaginação.

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Além do núcleo principal, personagens como Penélope, Caipora, Bongô, Mau, Godofredo e o Ratinho completavam o universo fantasioso que encantou o Brasil.

A presença breve, mas marcante, de Etevaldo

Entre as figuras mais queridas pelo público estava Etevaldo, um alienígena de aparência metálica e fala ingênua, interpretado por Wagner Bello.

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O personagem vinha de outro planeta e aprendia os costumes humanos em conversas com os moradores do castelo — sempre de forma divertida e educativa.

Embora tenha aparecido em poucos episódios, sua presença ficou registrada na memória coletiva de quem assistiu à série nos anos 1990.

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Wagner Bello era um ator promissor, formado pela Escola de Arte Dramática da USP (EAD), com trajetória sólida no teatro.

Aos 27 anos, venceu o prêmio de Melhor Ator do Ano pela APETESP por sua atuação no espetáculo infantil Enq, o Gnomo.

Foi justamente por esse trabalho que chamou a atenção do diretor Philippe Barcinski, que o levou à TV Cultura.

Uma morte silenciosa

A permanência de Wagner em Castelo Rá-Tim-Bum durou apenas três meses.

Isso porque, no dia 12 de agosto de 1994, pouco antes de gravar sua última participação, ele morreu aos 29 anos, vítima de complicações relacionadas ao vírus da AIDS.

A notícia causou forte comoção no elenco e na equipe de produção, mas não foi divulgada amplamente na época.

A atriz Siomara Schoröder, colega de Wagner na EAD e chamada para substituí-lo no papel da irmã de Etevaldo, Etecetera, revelou anos depois que houve tentativa de silenciar o ocorrido:

“Ele estava vivendo um momento muito feliz, adorava o Castelo e era muito querido, mas acho que ele chegou a gravar o programa doente. […] Eu vi um amigo definhar e morrer, o HIV era devastador.

Desde que ele soube que tinha a doença até morrer foi menos de um ano, então foi muito traumático.

Tentaram esconder a notícia, não sei se por conta do tabu que era a Aids e o homossexualismo, ou para não desiludir as crianças” – Disse ela em entrevista à Quem.

A despedida do personagem foi feita de forma simbólica e sensível: os demais personagens leram uma carta deixada por Etevaldo, onde ele dizia que não poderia ir ao castelo porque agora estava: “Entre as estrelas, brincando”.

As outras perdas que entristeceram o elenco e o público

Wagner Bello foi o primeiro do elenco principal a falecer. Ao longo dos anos, outros nomes que ajudaram a dar vida ao programa também partiram, deixando um vazio.

Entre eles:

Todos foram peças fundamentais para o sucesso e a identidade do Castelo Rá-Tim-Bum.

Com talento e dedicação, construíram personagens únicos que atravessaram gerações e continuam presentes na memória do público.

Quando a série Castelo-Rá-Tim-Bum chegou ao fim?

O fim da série ocorreu em dezembro de 1997, mas o impacto cultural do Castelo Rá-Tim-Bum segue intacto.

O programa é lembrado não apenas por seu valor artístico e educativo, mas também pela forma como seus criadores e elenco trataram a infância com respeito e inteligência.

Mesmo com a ausência de alguns de seus intérpretes, o universo do castelo permanece vivo através dos vídeos gravados e eternizados por postagens na internet.

Entre as paredes mágicas da ficção e os bastidores marcados por perdas reais, o Castelo Rá-Tim-Bum continua sendo um dos maiores orgulhos da televisão brasileira.

Conclusão:

Em suma, mais que um programa infantil, Castelo Rá-Tim-Bum foi um fenômeno cultural que uniu qualidade artística, educação e afeto.

Mesmo décadas após seu fim, permanece atual, lembrado por sua criatividade e profundidade.

As perdas de parte de seu elenco reforçam a importância da memória e do reconhecimento. O castelo, para muitos, segue aberto — nas lembranças e no coração de quem cresceu com ele.

Mas, se você quer relembrar a história e trajetória de outros artistas que se foram, clique aqui.*

Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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