Açaí e chocolate fatais: Fantástico desmascara 2 populares e liga alerta na ANVISA

Fantástico, da Globo, denuncia que alimentos populares são usados como veículo para envenenamentos letais e liga alerta da ANVISA.

16/06/2025 9h32

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Açaí e chocolate fatais são denunciados em edição do Fantástico e liga alerta da ANVISA (Foto Reprodução/Montagem/Lennita/Tv Foco/Canva/GMN)

Fantástico revela falhas graves no controle de substâncias tóxicas no Brasil; Alimentos populares são usados como veículo para envenenamentos letais e liga alerta da ANVISA

Em edição exibida no dia 8 de junho de 2025, o programa Fantástico, da Globo, revelou uma grave ameaça à saúde pública.

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Criminosos usaram alimentos comuns como açaí, baião de dois, ovos de Páscoa e até mesmo bolos caseiros para disseminar trióxido de arsênio.

Essa substância química letal transformou esses produtos, aparentemente inofensivos, em itens fatais.

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Além disso, a denúncia mostrou não só a facilidade de compra do veneno, inclusive pela internet, mas também a fragilidade do sistema de saúde diante de casos de intoxicação.

Substâncias podem facilmente serem comercializadas pela internet e mercado informal (Foto Reprodução/Globo)
Substâncias podem facilmente serem comercializadas pela internet e mercado informal (Foto Reprodução/Globo)

Isso sem falar na lentidão do Legislativo em regulamentar a comercialização de produtos perigosos, fatores esses que de certa forma ligam o alerta da ANVISA.

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Sendo assim, a partir de detalhes dessa reportagem, a equipe especializada em fiscalização do TV Foco traz mais detalhes sobre os casos apresentados e o que fazer diante desses riscos.

Não é um caso isolado!

  • 31 de maio de 2025 – Caso Ana Luiza Neves (Minas Gerais):

A jovem Ana Luiza Neves, de 17 anos, morreu após comer um bolo entregue por um motoboy. O pacote incluía balas e um bilhete carinhoso.

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Exames comprovaram que o alimento estava contaminado com trióxido de arsênio, substância utilizada historicamente em envenenamentos.

Caso Ana Luiza Neves, em Minas Gerais, envolveu um bolo envenenado (Foto Reprodução/Globo)
Caso Ana Luiza Neves, em Minas Gerais, envolveu um bolo envenenado (Foto Reprodução/Globo)

A autora, também menor de idade, confessou o crime e revelou ter comprado o veneno pela internet. Atualmente, cumpre medida socioeducativa na Fundação Casa.

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  • Outros casos envolvendo alimentos contaminados:

Centros de Toxicologia de diversas regiões notificaram episódios similares. Em todos os casos, os criminosos usaram arsênio ou chumbinho — este, proibido — em alimentos populares:

  • Açaí,
Açaí envenenado também foi denunciado (Foto Reprodução/Globo)
Açaí envenenado também foi denunciado (Foto Reprodução/Globo)
  • Baião de dois;
Baião de dois envenenado também fez vítimas (Foto Reprodução/Globo)
Baião de dois envenenado também fez vítimas (Foto Reprodução/Globo)
Ovos de páscoa continham a substância (Foto Reprodução/Globo)
Ovos de páscoa também continham a substância (Foto Reprodução/Globo)
  • Bolos caseiros, no Rio Grande do Sul, onde quatro pessoas morreram.
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Ou seja, todos esses casos reforçam a urgência de controle sobre o acesso a substâncias tóxicas.

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Fantástico denuncia

A reportagem entrevistou Rafael Lanara, presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, que alertou para a omissão do Estado: “Infelizmente, o arsênio não é uma substância controlada. Não é proibido.”

De acordo com Lanara, o composto é vendido livremente, sem exigência de registro ou justificativa de uso, inclusive em plataformas digitais.

Projetos de lei apresentados no Congresso:

A repercussão gerou reação legislativa, com dois projetos em tramitação na Câmara dos Deputados:

  • PL 985/2025, de Lula da Fonte (PP/PE)
    Propõe proibir a venda de arsênio e venenos similares a pessoas físicas sem identificação e comprovação de uso justificado.
    Aguarda relator na Comissão de Saúde.
  • PL 1381/2025, de Gilson Daniel (PODE/ES)
    Regulamenta a comercialização, transporte, armazenamento e controle do arsênio e de seus compostos.
    Aguarda relator na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços.

Ambos os textos ainda não têm previsão de tramitação.

Deficiências do sistema de saúde e regulação química e o alerta na ANVISA:

O Brasil não apenas falha em controlar o acesso ao trióxido de arsênio, mas também carece de estrutura para tratar suas vítimas.

De acordo com Patrícia Drummond, médica toxicologista e diretora da Associação Brasileira dos Centros de Intoxicação:

“Hoje nós temos dificuldade de ter esse antídoto na prateleira de uma farmácia dentro de uma unidade de saúde. Não está normatizado e não está disponível para pronto atendimento.”

Além disso, o Ministério da Saúde declarou que planeja implantar uma linha de cuidados voltada para intoxicados até 2030, sem, no entanto, apresentar soluções emergenciais para os casos atuais.

Especialistas lembram que o Reino Unido proibiu a venda irrestrita de arsênio no século XIX, por decreto da rainha Vitória.

No entanto, a Anvisa no Brasil mantém a substância fora da lista de compostos controlados.

Inclusive, apesar dos casos mencionados serem isolados, essa facilidade de acesso à substância também deixa a ANVISA em alerta, uma vez que um “envenenamento” por substância como essa, em larga escala, poderia explodir a saúde pública.

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O que o consumidor deve fazer para se proteger de produtos envenenados?

Diante do cenário, autoridades e especialistas recomendam:

  • Evitar alimentos recebidos de desconhecidos ou sem identificação clara da procedência, mesmo que venham acompanhados de mensagens simpáticas ou “presentes surpresa”.
  • Não adquirir alimentos em redes sociais sem certificação sanitária ou sem histórico de confiança.
  • Denunciar plataformas ou vendedores que comercializem substâncias químicas perigosas sem controle ou autorização.
  • Buscar atendimento médico imediato em casos de mal-estar súbito após consumo de alimentos suspeitos e exigir contato com centros especializados, como os CIATOX.

Conclusão:

Em suma, os recentes casos de envenenamento com arsênio escancaram o vácuo legal e o despreparo institucional diante de uma ameaça conhecida há séculos.

A negligência na regulação e a ausência de antídotos nos hospitais tornam o Brasil vulnerável a novos episódios.

A tramitação urgente dos projetos de lei é fundamental. Proteger vidas exige ação legislativa imediata e compromisso estrutural com a saúde pública.

Mas, para saber mais sobre outros casos similares a esse, clique aqui.*

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Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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