Ameaça de morte e falência decretada: Fim de gigante nº1 dos metrôs e trens abala RJ após 79 anos

Fim de uma gigante: Falência de uma grande companhia industrial, nº 1 dos metrôs e trens, abala o Rio de Janeiro após anos de atuação
E uma companhia gigante, nº 1 na produção de trens e metrôs no Brasil, sediada em Petrópolis, Rio de Janeiro, teve sua falência decretada pela Justiça em outubro de 2005.
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Trata-se da Companhia Industrial Santa Matilde, cujo fim coroou uma sequência de episódios críticos que envolveram:
- Má gestão;
- Dívidas impagáveis;
- Greves históricas
- E até ameaças de morte às autoridades públicas.

Inclusive, esse colapso da empresa marca o triste desfecho de uma trajetória que cruzou quase um século da história industrial brasileira.
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Sendo assim, a partir de informações divulgadas pelo portal Wiki, a equipe especializada em economia do TV Foco separou todos os detalhes desse colapso que abalou o Brasil e o estado do Rio de Janeiro.

O início de um império das ferragens
Em 14 de março de 1916, Humberto Pimentel da Fonseca fundou a Companhia Brasileira de Minas Santa Matilde, em Conselheiro Lafaiete (MG), para explorar manganês.
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No entanto, a escassez de peças importadas durante a Primeira Guerra Mundial levou Fonseca a abrir a Companhia Industrial Santa Matilde em 1926, focada em montar vagões e fabricar componentes ferroviários.
Após vender o ramal ferroviário à Estrada de Ferro Central do Brasil em 1930, a empresa se dedicou à fabricação de material rodante e equipamentos agrícolas.
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Durante a Segunda Guerra Mundial, a produção se expandiu rapidamente, consolidando a Santa Matilde como peça-chave da infraestrutura ferroviária nacional.
Expansão:
Apesar de sua sede original ter sido fundada em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, a empresa localizou suas principais operações industriais e a fábrica de vagões em Três Rios, município também pertencente ao estado.
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Isso porque, após a concordata da concorrente Mafersa em 1962, ela favoreceu a sua e passou a operar unidades no município e em Lafaiete.
Com financiamentos do BNDES e apoio do governo estadual, a empresa investiu em forjarias e diversificou sua produção para incluir:
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- Colheitadeiras;
- Tratores;
- Tubos de aço;
- Torres metálicas.
Na década de 1970, embalada pelos contratos ferroviários da RFFSA e pela associação tecnológica com a alemã MAN AG, a Santa Matilde ganhou força.
Fazendo com que ela também investisse na indústria automobilística, lançou seu esportivo homônimo em 1978.
Atuação nos metrôs e trens do país:
Vale destacar que a Santa Matilde, em consórcio com a MAN AG da Alemanha e a GEC Traction do Reino Unido, fabricou os Trens Unidade Elétricos (TUEs) da Série 800 para o Metrô do Recife.
- A Santa Matilde produziu esses trens entre 1982 e 1987 nas fábricas de Três Rios (RJ), Nuremberga (Alemanha) e Londres (Reino Unido).
- A empresa construiu 25 TUEs, totalizando 100 carros. Cada TUE consistia em quatro carros (CM+CR+CR+CM).
- Esses trens possuíam capacidade para mais de 1100 passageiros por composição (considerando 6 passageiros por metro quadrado) e atingiam a velocidade máxima de 90 km/h.
Embora a participação mais notável da Santa Matilde em sistemas de metrô tenha ocorrido no Recife, a empresa forneceu componentes e participou de projetos para outros sistemas metroviários no Brasil, devido à sua expertise na fabricação de material rodante ferroviário.
O declínio:
A entrada no setor automobilístico, apesar do entusiasmo inicial, desviou recursos estratégicos.
O automóvel Santa Matilde era caro e elitista, reduzindo a capacidade de investimento da empresa no seu core business ferroviário.
Ao mesmo tempo, atrasos salariais passaram a ocorrer com mais frequência.
Em 1982, a entrega de trens para a RFFSA foi comprometida por problemas técnicos, o que levou à devolução de veículos para a fábrica.
Já a unidade de Lafaiete ficou praticamente sem encomendas em 1984.
De greves a ameaças de morte:
Em 1985, a Santa Matilde buscou diversificar novamente, tentando fabricar carrocerias de ônibus, mas a iniciativa fracassou.
Em 1987, explodiu a maior greve da história da empresa. Cerca de 3.000 operários paralisaram a unidade de Três Rios por atrasos salariais.

Durante a crise, Humberto Pimentel ameaçou diretamente os grevistas com demissões em massa caso insistissem no movimento.
Inclusive, documentos da época e entrevistas de lideranças do Sindicato dos Metalúrgicos de Três Rios apontam que a situação chegou ao ápice em abril de 1988, quando trabalhadores ameaçaram de morte o prefeito Samir Nasser e secretários estaduais enviados pelo governador Moreira Franco.
A tensão se agravou após um operário tentar o suicídio dentro da fábrica.
Apesar de tentativas de mediação política e sindical, a Santa Matilde encerrou suas atividades ferroviárias em 1988.
Quando a Companhia Industrial Santa Matilde acabou de vez?
Nos anos 90, a empresa T’Trans arrendou a planta de Três Rios, enquanto a cooperativa Coomefer, formada por ex-funcionários, ocupou parte da unidade de Lafaiete.
Em outubro de 2005, após anos de dívidas trabalhistas, inadimplência com fornecedores e processos judiciais acumulados, a Justiça decretou a falência oficial da Santa Matilde:
- Sem sucessores diretos ou compradores interessados em reerguer a marca, a empresa foi desmembrada.
- A planta de Três Rios foi parcialmente adquirida pela Açotel em leilão judicial.
Inclusive, a Coomefer encerrou suas atividades em 2009, após a Justiça a considerar herdeira dos passivos trabalhistas da antiga Santa Matilde.
Manifestações:
Não foram encontradas manifestações públicas sobre o fim da companhia por parte dos responsáveis, no entanto, o espaço segue em aberto caso os mesmos queiram expor a sua versão dos fatos, apesar do tempo.
Conclusão:
A falência da Companhia Industrial Santa Matilde, que marcou o fim de uma das maiores potências da indústria ferroviária e automobilística do Brasil, representa um capítulo trágico da história industrial do Rio de Janeiro.
A queda da empresa resultou de uma série de falhas de gestão, problemas financeiros, greves e uma sucessão de decisões equivocadas.
Apesar de sua contribuição significativa à infraestrutura do país, especialmente com a produção de trens e metrôs, a falta de foco e o desajuste com o mercado levaram a empresa a um colapso irreversível, que culminou em sua falência em 2005.
Mas, para saber mais sobre essas histórias de falências e muito mais, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.