Ameaça de morte e falência decretada: Fim de gigante nº1 dos metrôs e trens abala RJ após 79 anos

Fim de uma gigante: Falência de uma grande companhia industrial, nº1 dos metrôs e trens abala o Rio de Janeiro após anos de atuação.

28/04/2025 7h00

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Fim de gigantes do metrô e trem abala RJ após falência e até ameaça de morte (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/Canva/Lennita/GMN)

Fim de uma gigante: Falência de uma grande companhia industrial, nº 1 dos metrôs e trens, abala o Rio de Janeiro após anos de atuação

E uma companhia gigante, nº 1 na produção de trens e metrôs no Brasil, sediada em Petrópolis, Rio de Janeiro, teve sua falência decretada pela Justiça em outubro de 2005.

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Trata-se da Companhia Industrial Santa Matilde, cujo fim coroou uma sequência de episódios críticos que envolveram:

  • Má gestão;
  • Dívidas impagáveis;
  • Greves históricas
  • E até ameaças de morte às autoridades públicas.
Companhia Industrial Santa Matilde
Companhia Industrial Santa Matilde (Foto Reprodução/Entre Rios Jornal)

Inclusive, esse colapso da empresa marca o triste desfecho de uma trajetória que cruzou quase um século da história industrial brasileira.

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Sendo assim, a partir de informações divulgadas pelo portal Wiki, a equipe especializada em economia do TV Foco separou todos os detalhes desse colapso que abalou o Brasil e o estado do Rio de Janeiro.

Um dos Trens-unidade da Série 800 (à direita), construídos pela Santa Matilde em parceria com as empresas Villares, MAN (Alemanha) e GEC Traction (Reino Unido), 1982.
Um dos Trens-unidade da Série 800 construídos pela Santa Matilde em parceria com as empresas Villares, MAN (Alemanha) e GEC Traction (Reino Unido), 1982 (Foto Reprodução/Wikiwand)

O início de um império das ferragens

Em 14 de março de 1916, Humberto Pimentel da Fonseca fundou a Companhia Brasileira de Minas Santa Matilde, em Conselheiro Lafaiete (MG), para explorar manganês.

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No entanto, a escassez de peças importadas durante a Primeira Guerra Mundial levou Fonseca a abrir a Companhia Industrial Santa Matilde em 1926, focada em montar vagões e fabricar componentes ferroviários.

Após vender o ramal ferroviário à Estrada de Ferro Central do Brasil em 1930, a empresa se dedicou à fabricação de material rodante e equipamentos agrícolas.

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Durante a Segunda Guerra Mundial, a produção se expandiu rapidamente, consolidando a Santa Matilde como peça-chave da infraestrutura ferroviária nacional.

Expansão:

Apesar de sua sede original ter sido fundada em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, a empresa localizou suas principais operações industriais e a fábrica de vagões em Três Rios, município também pertencente ao estado.

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Isso porque, após a concordata da concorrente Mafersa em 1962, ela favoreceu a sua e passou a operar unidades no município e em Lafaiete.

Com financiamentos do BNDES e apoio do governo estadual, a empresa investiu em forjarias e diversificou sua produção para incluir:

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  • Colheitadeiras;
  • Tratores;
  • Tubos de aço;
  • Torres metálicas.

Na década de 1970, embalada pelos contratos ferroviários da RFFSA e pela associação tecnológica com a alemã MAN AG, a Santa Matilde ganhou força.

Fazendo com que ela também investisse na indústria automobilística, lançou seu esportivo homônimo em 1978.

Atuação nos metrôs e trens do país:

Vale destacar que a Santa Matilde, em consórcio com a MAN AG da Alemanha e a GEC Traction do Reino Unido, fabricou os Trens Unidade Elétricos (TUEs) da Série 800 para o Metrô do Recife.

  • A Santa Matilde produziu esses trens entre 1982 e 1987 nas fábricas de Três Rios (RJ), Nuremberga (Alemanha) e Londres (Reino Unido).
  • A empresa construiu 25 TUEs, totalizando 100 carros. Cada TUE consistia em quatro carros (CM+CR+CR+CM).
  • Esses trens possuíam capacidade para mais de 1100 passageiros por composição (considerando 6 passageiros por metro quadrado) e atingiam a velocidade máxima de 90 km/h.

Embora a participação mais notável da Santa Matilde em sistemas de metrô tenha ocorrido no Recife, a empresa forneceu componentes e participou de projetos para outros sistemas metroviários no Brasil, devido à sua expertise na fabricação de material rodante ferroviário.

O declínio:

A entrada no setor automobilístico, apesar do entusiasmo inicial, desviou recursos estratégicos.

O automóvel Santa Matilde era caro e elitista, reduzindo a capacidade de investimento da empresa no seu core business ferroviário.

Ao mesmo tempo, atrasos salariais passaram a ocorrer com mais frequência.

Em 1982, a entrega de trens para a RFFSA foi comprometida por problemas técnicos, o que levou à devolução de veículos para a fábrica.

Já a unidade de Lafaiete ficou praticamente sem encomendas em 1984.

De greves a ameaças de morte:

Em 1985, a Santa Matilde buscou diversificar novamente, tentando fabricar carrocerias de ônibus, mas a iniciativa fracassou.

Em 1987, explodiu a maior greve da história da empresa. Cerca de 3.000 operários paralisaram a unidade de Três Rios por atrasos salariais.

A Santa Matilde buscou diversificar novamente, tentando fabricar carrocerias de ônibus, mas a iniciativa fracassou (Foto Reprodução/Ônibus e Transportes)

Durante a crise, Humberto Pimentel ameaçou diretamente os grevistas com demissões em massa caso insistissem no movimento.

Inclusive, documentos da época e entrevistas de lideranças do Sindicato dos Metalúrgicos de Três Rios apontam que a situação chegou ao ápice em abril de 1988, quando trabalhadores ameaçaram de morte o prefeito Samir Nasser e secretários estaduais enviados pelo governador Moreira Franco.

A tensão se agravou após um operário tentar o suicídio dentro da fábrica.

Apesar de tentativas de mediação política e sindical, a Santa Matilde encerrou suas atividades ferroviárias em 1988.

Quando a Companhia Industrial Santa Matilde acabou de vez?

Nos anos 90, a empresa T’Trans arrendou a planta de Três Rios, enquanto a cooperativa Coomefer, formada por ex-funcionários, ocupou parte da unidade de Lafaiete.

Em outubro de 2005, após anos de dívidas trabalhistas, inadimplência com fornecedores e processos judiciais acumulados, a Justiça decretou a falência oficial da Santa Matilde:

  • Sem sucessores diretos ou compradores interessados em reerguer a marca, a empresa foi desmembrada.
  • A planta de Três Rios foi parcialmente adquirida pela Açotel em leilão judicial.

Inclusive, a Coomefer encerrou suas atividades em 2009, após a Justiça a considerar herdeira dos passivos trabalhistas da antiga Santa Matilde.

Manifestações:

Não foram encontradas manifestações públicas sobre o fim da companhia por parte dos responsáveis, no entanto, o espaço segue em aberto caso os mesmos queiram expor a sua versão dos fatos, apesar do tempo.

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Conclusão:

A falência da Companhia Industrial Santa Matilde, que marcou o fim de uma das maiores potências da indústria ferroviária e automobilística do Brasil, representa um capítulo trágico da história industrial do Rio de Janeiro.

A queda da empresa resultou de uma série de falhas de gestão, problemas financeiros, greves e uma sucessão de decisões equivocadas.

Apesar de sua contribuição significativa à infraestrutura do país, especialmente com a produção de trens e metrôs, a falta de foco e o desajuste com o mercado levaram a empresa a um colapso irreversível, que culminou em sua falência em 2005.

Mas, para saber mais sobre essas histórias de falências e muito mais, clique aqui*.

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Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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