Após 35 anos na Argentina, o Burger King prepara a venda de suas operações e pode deixar o país. Grupo negocia 377 lojas e esse é o motivo
Após mais de três décadas de atuação, o Burger King, uma das maiores redes de fast food do mundo, pode dar adeus à Argentina. Isso porque o grupo mexicano Alsea, responsável pela operação do Burger King no país há mais de dez anos, iniciou o processo de venda do fast-food e busca um comprador para assumir o controle de suas 116 unidades argentinas.
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De acordo com o portal InfoMoney, essa decisão faz parte de um plano de desinvestimento mais amplo, que inclui também a venda das licenças da rede no Chile e no México, totalizando 377 restaurantes na América Latina.
Um novo rumo
A operação foi confirmada pelo La Nación e integra uma reestruturação estratégica do grupo Alsea, que já havia se desfazido de 54 lojas do Burger King na Espanha há pouco mais de um ano.
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Inclusive, o banco BBVA, da Espanha, foi contratado para conduzir a busca por investidores interessados.
Entre eles, fundos internacionais e operadores regionais de alimentação.
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De acordo com informações do jornal Clarín, Armando Torrado, ex-CEO e atual presidente do Conselho de Administração da Alsea, afirmou que a decisão faz parte de uma política de “simplificação do portfólio de marcas”.
Em suma, a empresa quer concentrar esforços em redes com desempenho superior, como Starbucks e Domino’s, que têm mostrado resultados mais estáveis na América Latina.
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Torrado declarou que “a transação está alinhada à estratégia de simplificação do portfólio de marcas, com o objetivo de crescer buscando eficiências para aumentar a lucratividade da empresa”.
Além disso, ele destacou que a Alsea pretende eliminar do catálogo negócios que já não se enquadram em sua estratégia de expansão.
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O que aconteceu com o BK na Argentina?
O Burger King chegou à Argentina em 1989, num momento em que o mercado de fast food começava a se expandir com força. Por anos, manteve-se como a segunda maior rede do setor no país, atrás apenas do McDonald’s.
No auge, a marca operava com presença marcante nas principais capitais e em regiões turísticas.
Mas, a partir de 2018, o cenário começou a mudar. A rede argentina Mostaza, fundada em 1998, ultrapassou o Burger King em número de lojas e em participação de mercado.
A Mostaza conquistou o público local com:
- Preços mais competitivos;
- Forte presença em cidades do interior, um público menos atendido pelas gigantes internacionais.
Com isso, a operação da Alsea enfrentou dificuldades para crescer, situação que se agravou durante a pandemia de Covid-19.
Ou seja, o isolamento, a queda no consumo e o aumento de custos operacionais provocaram o fechamento de diversas unidades e abalaram a rentabilidade do negócio.
Hoje, o Burger King mantém:
- 116 lojas na Argentina;
- 86 no Chile;
- 175 no México.
Todas foram incluídas na negociação conduzida pela Alsea e pelo BBVA.
Por que a saída é estratégica?
Em síntese, a Alsea administra mais de 4 mil restaurantes em 11 países, incluindo marcas de peso como:
- P.F. Chang’s;
- T.G.I. Fridays;
- The Cheesecake Factory;
- Chili’s Grill & Bar.
Ainda de acordo com o portal, algumas fontes do setor citadas pela imprensa argentina afirmam que o grupo vem priorizando negócios com margens maiores e menor volatilidade cambial, o que reduz o interesse em manter operações com desempenho irregular, como o Burger King na região.
No entanto, a empresa não informou prazos para a conclusão da venda nem possíveis valores envolvidos na transação. Tampouco detalhou se pretende manter parte da estrutura administrativa local após a saída da marca.
Quais redes de fast-food também deixaram a Argentina?
O Burger King não é a única gigante do setor de alimentação a repensar sua presença na Argentina. A combinação de inflação crônica, desvalorização do peso e queda no poder de compra tem levado diversas marcas internacionais a encerrar ou reduzir operações no país.
Nos últimos anos, entretanto, redes como Subway e Wendy’s também diminuíram drasticamente sua presença no mercado argentino.
Qual impacto essa possível saída do BK na Argentina representa ao mercado?
A possível saída do Burger King representa mais um capítulo da crise que atinge o varejo de alimentação na Argentina.
Para analistas de mercado, a movimentação da Alsea evidencia o quanto o ambiente econômico instável tem pressionado empresas estrangeiras a reavaliar investimentos no país.
Sem uma reestruturação profunda, a tendência é que outras multinacionais sigam o mesmo caminho, priorizando mercados com economias mais previsíveis e consumidores com maior poder aquisitivo, como o México e o Brasil.
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