Falência e calote de R$100 milhões: O fim de loja de móveis tradicional após 71 anos de existência

Loja tradicional de móveis e eletrodomésticos de Porto Alegre, deu adeus e, com isso, marcou o fim de uma era no varejo gaúcho
Ao longo das décadas, as lojas de grande porte se tornaram não apenas pontos de comércio, como símbolos de experiências coletivas e pilares da economia local.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Também pudera, os consumidores dependem desses estabelecimentos para adquirir bens essenciais e de conforto, além de aprenderem a confiar em certas marcas como parte da rotina familiar.
No entanto, nem todas essas instituições resistem ao tempo, às crises econômicas ou às mudanças estruturais do mercado.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Algumas simplesmente desaparecem, deixando lacunas comerciais e afetando diretamente o cotidiano de milhares de pessoas.
Um exemplo emblemático desse fenômeno no Rio Grande do Sul é a Manlec, icônica loja de móveis e eletrodomésticos de Porto Alegre, que, por mais de seis décadas, marcou gerações de consumidores antes de encerrar oficialmente suas atividades em 2017.
NOTÍCIAS DE PARCEIROS
De marcenaria de bairro à liderança no varejo
De acordo com o portal Wiki, a Manlec iniciou sua trajetória em 1953, no bairro Bom Fim, como uma pequena fábrica de móveis.
Em 1967, os fundadores decidiram expandir para o varejo, abrindo a primeira loja.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Posteriormente, a rede se consolidou como a maior do setor no estado, chegando a operar 38 unidades e empregando mais de 600 colaboradores.
A marca construiu uma relação sólida com o público local, sendo referência para famílias que adquiriram móveis, eletrodomésticos e utensílios domésticos, muitos deles pagos em carnês ao longo de anos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O colapso
Infelizmente, o império começou a mostrar fragilidade em 2014, quando a Manlec entrou com pedido de recuperação judicial.
O calote chegava na casa dos R$100 milhões, mais especificamente R$ 105 milhões, sendo:
- R$ 9 milhões referentes a débitos trabalhistas;
- R$ 96 milhões vinculados a fornecedores e bancos.
Neste contexto, a empresa propôs um plano com deságio de 43,7% sobre a dívida, parcelamento em até 20 anos e carência de 18 meses, tentando ganhar tempo para reorganizar suas operações.
Tentativas de reestruturação
Neste meio tempo, a Manlec:
- Fechou seis lojas;
- Encerrou a plataforma online;
- Reduziu 237 postos de trabalho;
- Reformulou seu mix de produtos, apostando em itens de maior margem para melhorar os resultados.
Ela ainda buscou ainda captar R$ 20 milhões em capital de giro.
Mas, apesar de manter um faturamento médio de R$ 5 milhões mensais, a combinação de desafios econômicos nacionais e mudanças rápidas no comportamento do consumidor comprometeu os esforços de recuperação.
Quando a Manlec teve sua falência decretada?
Em 27 de julho de 2017, a Justiça decretou oficialmente a falência da Manlec. O juiz responsável concluiu que a empresa não possuía mais fluxo de caixa nem condições operacionais para sustentar a recuperação.
Mas, apesar de contar apenas uma loja funcionando, na época, o advogado da empresa, João Medeiros Fernandes Jr., afirmou ter recebido a decisão com surpresa, alegando que a operação ainda era viável, mas a Justiça manteve a decretação.
Por fim, com a falência, os bens foram bloqueados, o registro da marca perdido e a operação encerrada.
Vale destacar que, após o encerramento, os antigos pontos comerciais da Manlec receberam outros empreendimentos, como redes farmacêuticas, lojas de conveniência e pequenos mercados.
Alguns imóveis foram vendidos, outros permanecem fechados.
Nenhum ocupante conseguiu herdar o valor simbólico da rede, que durante décadas fez parte da rotina de milhares de gaúchos. Mas, para saber mais casos similares, clique aqui*
NOTÍCIAS DE PARCEIROS
Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.