Lojas fechadas e fusão frustrada com rival: O adeus de varejista gigante extinta no Brasil após 30 anos

Tv Foco mostra hoje atrizes brasileiras dos anos 1990 já chegaram aos 50 anos, mas continuam arrancando suspiros por onde passam.

24/05/2024 5h00

8 min de leitura

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Varejista gigante sumiu do mapa após ser engolida por rival (Foto Reprodução/Montagem/Lennita/TV Foco/Canva)

Varejista gigantesca amada por milhares de brasileiros acabou dando adeus após uma série de reviravoltas

O ano de 2016 foi marcado com o adeus de uma poderosa varejista, fortíssima no setor de eletrodomésticos e itens para o lar, após uma fusão um tanto frustrada com rival.

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Estamos falando da baiana Insinuante, fundada ainda no inicio da década de 80, na região do Largo do Pelourinho (BA) e que permaneceu no mercado por 30 anos.

De acordo com o portal TMA, na época, os estoques da varejistas começaram a ser esvaziados e suas atividades encerradas GRADUALMENTE.

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O inicio de tudo:

Como mencionamos acima, a Insinuante teve sua história iniciada ainda na década de 80, sob o comando de Antenor Batista.

Foi uma questão de tempo para que os soteropolitanos, principalmente das classes mais baixas, fossem à Insinuante quando precisavam de algum eletrodoméstico. 

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Os preços baixos e a política de negócios com os clientes projetaram a marca rapidamente para outras cidades e estados.

A mesma reinou soberana até 2004, quando enfrentou a concorrência com a paraibana Lojas Maia, adquirida pela Magazine Luiza no ano de 2010.

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Das 22 edições do prêmio Top of Mind, a Insinuante ganhou 18 vezes consecutivas, de 1998 a 2015, no segmento Loja de Eletrônicos e Eletrodomésticos.

Mas a partir de então, a Ricardo Eletro assumiu o posto …

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Fusão frustrada com a Ricardo Eletro

Isso porque a Ricardo Eletro, do mineiro Ricardo Nunes, chegou para fazer frente ao negócio local, iniciando assim uma política agressiva de propaganda e preço. 

A Insinuante apelou para a afetividade do baiano, convocando a memória dos anos passados.

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A concorrência foi tão massacrante que em 2010, para a surpresa de muitos, ambas se fundiram através da famosa Máquina de Vendas.

A expectativa dos donos era dobrar o faturamento de R$ 5,2 bilhões e o número de lojas – 528 por 200 cidades, porém essa projeção acabou sendo frustrada e não ocorreu

A queda:

O setor de atuação começou a decair e as dívidas multiplicaram a ponto da Insinuante começar a dar indícios que desapareceria, com os fechamentos em massa de suas principais lojas.

Até as principais lojas, da Estrada do Coco e a Mega Store da Paralela, foram fechadas.

Foi aí que em fevereiro de 2016, a marca baiana sucumbiu e acabou sendo extinta de vez.

O advogado Diego Montenegro explicou à epoca que a decisão de extinguir a marca, depois da fusão, foi uma “decisão extrajudicial e coube apenas aos envolvidos“.

Crise em todo o setor …

Quando a marca da Insinuante foi extinta, o setor eletrodoméstico também passava por uma crise expressiva na Bahia.

Um ano antes do antigo império conquistense ter o nome praticamente eliminado das ruas, o segmento já amargava uma queda de quase 15% (14,5%).

Em 2016, o decréscimo chegou aos 18%, segundo a Superintendência de Estudos Econômicos (SEI).

O que simbolizou uma queda dupla para a economia baiana, associada a fatores como o desemprego e a elevada taxa de juros.

Sem dinheiro circulando, evidentemente, os consumidores deixaram de comprar tantos eletrodomésticos e passaram a priorizar as necessidades mais urgentes.

E o setor que chegava a crescer 40% mensalmente também despencou, sendo o próprio fechamento da Insinuante uma constatação dessa conjuntura baiana.

Isso sem falar no massacre feito pelo e-commerce, que como muitos sabem, passou ser cada vez mais requisitado pelos consumidores, o que também colaborou para o fechamentos de lojas do setor

Uma pesquisa feita no ano de 2017, constatou que a compra de geladeiras e fogões, por exemplo, foi realizada 43% das vezes por meio de sites. 

Vale destacar que a crise sem volta da Insinuante foi ligada a outras perdas da economia baiana, como a Farmácia Sant’Ana, cuja última loja foi encerrada no ano de 2018.

Na época, a Ricardo Eletro também não atravessava seus melhores momentos, fazendo com que a Insinuante se espremesse entre as 24 lojas restantes da gigante mineira, também 2018*

(Para saber mais sobre a situação da Ricardo Eletro, clique aqui*)

Manifestações e observações extras:

Vale destacar que não foram encontradas as manifestações da antiga Insinuante sobre a sua extinção.

Lembrando que o espaço permanece sempre aberto para que a mesma possa expor a sua versão dos fatos.

Outro fato interessante, apurado pelo TV Foco hoje (24), é que apesar de extinta o seu site oficial permanece ativo, porém sem nenhum tipo de interação possível, como podem conferir através desse link.

Isso sem falar que o telefone especificado como sua central é informado pela Telemar como inexistente.

Rastro de dívidas:

Ainda de acordo com o portal, a Máquina de Vendas, fusão do negócio com a Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar, iniciou um processo de recuperação extrajudicial para renegociar uma dívida de R$ 3 bilhões, sendo que metade da mesma dívida eram só com fornecedores.

Com isso, o dono da antiga Insinuante, Luiz Carlos Batista, ficou com apenas 12% do capital, enquanto a gestora Starboard, companhia que compra participação em empresas, ficou com apenas 72,5% de todo o lucro posterior.

De acordo com o advogado Diego Montenegro, essa ação iniciada pela Máquina de vendas se tratou de um mecanismo utilizado justamente para as empresas negociarem sem restrições legais os seus débitos:

“Basicamente, a empresa devedora e os credores estabelecem livremente um plano e, se aceito por pelos menos 3/5 do grupo, o acordo pode ser protocolado”.

Anteriormente, seis credores já haviam pedido na Justiça a falência contra a Ricardo Eletro, porém o pedido não foi aceito, o que representou certo alívio para os empregados e os representantes sindicais em Salvador.

Afinal, decretar falência seria o início da espera por mais demissões em massa, além de problemas com pagamentos e direitos trabalhistas, que até aquele momento não eram uma realidade.

O que empacava era o pagamento de mais de mil funcionários da Insinuante e da Ricardo Eletro que alegaram não ter recebido por alimentação, do ano de 2010 a 2013.

No dia 22 de agosto de 2018, a 28ª Vara do Trabalho de Salvador determinou o pagamento revisto e reajustado aos colaboradores e ex-colaboradores. 

Do ano em que a Insinuante foi extinta até 2018, a varejista foi alvo de 331 processos no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na Bahia.

Segundo cálculo do TRT solicitado pela TMA, a empresa enfrentou 524 ações trabalhistas que iam de pagamento de direitos trabalhistas até pedidos por danos morais.

Em outros estados, como no Maranhão, Pernambuco e no Ceará, onde a Insinuante também operava, foram 55, 96 e 25 ações abertas, respectivamente. 

Com a Insinuante extinta ou não, a Máquina de Vendas precisou se responsabilizar por todas 700 queixas. 

Como está a situação da Ricardo Eletro atualmente?

Segundo o portal da Veja, em abril de 2023, a varejista Ricardo Eletro, passou a se reerguer com um novo nome, a Nossa Eletro.

As duas primeiras unidades da nova bandeira foram inauguradas em 2023 na região de Minas Gerais, após a companhia conseguir reverter sua falência na Justiça.

O objetivo era que até o fim daquele ano fossem inauguradas entre 18 e 20 unidades, chegando à marca de 50 lojas agora em 2024

Hoje, são cerca de cem funcionários e segundo o CEO da empresa, Pedro Bianchi, essa expansão da nova rede será suportada pelo desbloqueio de valores que haviam sido penhorados pela Justiça e por meio da venda de ativos.

Ricardo Eletro agora é Nossa Eletro (Foto Reprodução/Veja)
Ricardo Eletro agora é Nossa Eletro (Foto: Reprodução/Veja)

O executivo confirmou que a dívida da empresa está calculada atualmente em cerca de 3 bilhões de reais, conforme especificado acima.

Ele também entrou em negociação com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para quitar um passivo de mais de 1,2 bilhão de reais:

“É uma negociação complexa, porque envolve o pagamento de dinheiro e ativos da empresa, mas eu quero quitar esses passivos todos. Não fui eu que fiz essa dívida, mas eu quero resolver isso”

Vale mencionar que Bianchi entrou na operação após a compra da “Máquina de Vendas” pelo fundo de private equity* da Starboard, no ano de  2019.

(*Private equity é uma forma de investimento que envolve a compra de participações em empresas que não estão listadas na B3. Em outras palavras, é um tipo de investimento em empresas que não são negociadas publicamente, ou seja, que não estão disponíveis para investimento no mercado de ações)

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Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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