Portas lacradas, 170 lojas fechadas e pedido de demolição: Fim de shopping popular devasta bairro tradicional de SP

Shopping que tinha tudo para ser uma das maiores promessas em uma das regiões mais aclamadas de São Paulo, SP, virou ruínas e cenário de abandono após fracasso
Em 2012, um dos maiores empreendimentos comerciais em um dos bairros mais tradicionais de São Paulo fechou as portas, após mergulhar em um colapso irreversível.
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Trata-se do Shopping Capital, localizado na Avenida Paes de Barros, na Mooca. O mesmo acabou abandonado, teve 170 lojas encerradas e, além do fracasso, ainda enfrentou um decreto de demolição.
A história de sua queda reúne erros de gestão, processos judiciais e abandono urbano.
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Neste contexto, a partir de informações coletadas através do portal Wiki, Extra e dados oficiais da Prefeitura de São Paulo, a equipe especializada em economia do TV Foco traz todos os detalhes desse fim e o real estado do que podemos chamar de “elefante branco”.

Inauguração irregular e primeiros embargos:
O Shopping Capital abriu em maio de 2006. Desde o início, o empreendimento já enfrentava uma queda de braço com o Ministério Público:
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- O projeto aprovado pela Prefeitura previa a construção de uma universidade e um teatro; no entanto, o que foi entregue à cidade era um shopping com três andares a mais que o permitido e área construída muito superior ao autorizado no alvará inicial de 31.546 m².

- A Prefeitura lacrou o local pela primeira vez ainda em 2007 e aplicou multas, mas decisões liminares permitiram a continuidade da operação irregular.
Assim, o Corpo de Bombeiros e o CONTRU nunca liberaram o prédio, aumentando o risco para clientes e funcionários.

Problemas estruturais e denúncias de insalubridade:
As condições do Shopping Capital sempre beiraram o escândalo.
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Conforme denunciou o advogado Daniel Alcântara Nastri Cerveira ao Diário do Comércio, o local funcionava com:
- Apenas um banheiro;
- Uma escada rolante ativa;
- Sem corrimões nas escadas;
- Em meio à poeira de obras inacabadas.
A Subprefeitura da Mooca multou o shopping em R$ 39,7 mil, mas não conseguiu encerrar suas atividades de forma definitiva à época, dada a “guerra de liminares” travada no Judiciário.
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Uma batalha judicial e pedido de demolição:
Anos antes do colapso, em 2006, o Ministério Público entrou com ação judicial pedindo a demolição da parte excedente da construção.
De acordo com a promotora Mabel Tucunduva, houve sérias falhas de fiscalização e indícios de improbidade administrativa, levando inclusive à abertura de inquérito policial contra funcionários da Prefeitura.
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A Prefeitura, por meio do então subprefeito da Mooca, Eduardo Odloak, declarou que colaborava com as investigações e reconheceu dificuldades para agir devido à morosidade da Justiça e à Lei de Anistia de Obras Irregulares.
Sendo assim, desde então, o MP passou a lutar para demolir a área irregular, considerando a operação do shopping insustentável legalmente. No entanto, esse processo nunca se concretizou.
Um “elefante branco”
Conforme citado acima, o tamanho do shopping, que fez a prefeitura negar a licença de funcionamento e o Habite-se, o que causou esse “abre e fecha” devido a cassação de todas as liminares concedidas.
Após duas tentativas de leilão (a última em 2014) com valor estipulado em R$ 135 milhões e sem receber nenhum lance, o empreendimento, que acabou sendo abandonado por lojistas e clientes, e foi lacrado definitivamente.
O que o transformou em um verdadeiro elefante branco em um gigante vazio e decadente.
Lojistas revoltados:
No ano de 2018, o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou os administradores do shopping a indenizar lojistas prejudicados.
A promessa de estrutura moderna com heliponto, cinemas, lojas-âncora e estacionamento para 3.600 veículos nunca se concretizou.
A taxa de ocupação inicial de 72,7% despencou para apenas 19,2% em dois anos. Daniel Alcântara Nastri Cerveira liderou a ação coletiva que garantiu R$ 15 mil por danos morais a cada lojista, além da restituição dos investimentos e aluguéis pagos.
A situação ficou ainda mais caótica quando, no ano de 2015, famílias de sem-teto ocuparam o prédio abandonado.
Estima-se que cerca de 200 pessoas, incluindo muitas crianças, viviam dentro do shopping, conforme relatos da Folha de S. Paulo.
Sem segurança, iluminação ou infraestrutura, o local deteriorou ainda mais, tornando-se foco de risco e vulnerabilidade social.

Qual é a atual situação do Shopping Capital em 2025?
Atualmente, em 2025, conforme relatos ouvidos com exclusividade ao TV Foco, o prédio do Shopping Capital segue abandonado.
A degradação ainda atrai usuários de drogas e atividades ilícitas ao entorno, trazendo insegurança para a região da Mooca.
A Justiça, que trava o processo há quase duas décadas, ainda não emitiu decisão final e a Prefeitura, por sua vez, afirma que aguarda a definição judicial para poder agir.
Enquanto a demolição não se concretiza, moradores convivem com a decadência de um espaço que prometeu ser um novo centro comercial, mas virou um fantasma no coração da cidade.
Conclusão:
O Shopping Capital entrou para a história da Mooca como um monumento ao fracasso imobiliário.
Mal planejado, mal executado e pior administrado, o projeto afundou entre ilegalidades e batalhas judiciais.
Em 2025, o cenário permanece desolador, com a promessa de uma resolução ainda pendente e a esperança de reabilitação da área se tornando cada vez mais remota. Mas, para saber sobre outros shoppings, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.