R$ 200M pelos ares, demolição e fechamento: Beach Club mais amado de Florianópolis, SC, chega ao fim e devasta

Fechamento e demolição de Beach Clubs, queridinhos de Florianópolis, Santa Catarina, deixa rastro de tristeza nos fãs dos espaços de lazer

Um beach club é um espaço à beira-mar que oferece estrutura e serviços para quem quer curtir a praia com conforto. E em Floripa, esses espaços são os favoritos, principalmente dos turistas.

Geralmente, conta com espreguiçadeiras, guarda-sóis, restaurante, bar, piscina, música ambiente (ou DJ ao vivo) e atendimento personalizado. É ideal para relaxar, socializar e aproveitar o dia com estilo.

Agora, conforme apurado pelo TV FOCO, o que se vê em Jurerê Internacional são tapumes e escombros onde antes reinava a música alta, os drinks sofisticados e o burburinho internacional.

O fim de uma era em Jurerê

De acordo com o portal ‘ND+’, Acqua, Ammo, Café de la Musique, Donna e 300 Cosmo, esses nomes já foram sinônimo de verão badalado, festas exclusivas e atrações internacionais em Florianópolis.

Mas o cenário mudou. Com as demolições iniciadas em 2023, cerca de 70% das estruturas desses beach clubs foram ao chão. Atualmente, apenas três operam de forma reduzida.

O impacto foi imediato, mais de 400 empregos diretos afetados, prejuízo ao turismo, ao comércio e uma sensação de perda para quem viu Jurerê se transformar em um dos destinos mais cobiçados do Brasil.

No auge, os beach clubs movimentavam mais de R$ 200 milhões por ano, valor que ia muito além dos portões das festas.

Hotéis, restaurantes, empresas de aluguel de veículos e comércio local giravam em torno do turista que vinha atraído pela promessa de um verão com estilo europeu em solo brasileiro.

Hoje, com os beach clubes fechados ou com operação mínima, esses R$ 200 milhões deixaram de circular, causando um rombo visível na economia da região.

Prejuízo econômico e turístico com o fechamento dos beach clubs

A ausência dos beach clubs não representa apenas silêncio nas noites de Jurerê. Representa também voos cancelados, reservas de hotéis vazias e lojas sem movimento.

O turista de entretenimento que antes aportava na ilha com cartão de crédito internacional, agora escolhe outros destinos.

A secretária de Turismo de Florianópolis, Zena Becker, reforça: “Sem dúvida, sua ausência [o turista de entretenimento de alto padrão] fez falta para a região e para a cidade”.

A preocupação é compartilhada pelo secretário estadual de Turismo, Evandro Neiva. Segundo ele, o fechamento desses espaços representa uma falha na promoção econômica do município e do estado.

“Essa falta de entendimento e maturidade é muito ruim e prejudicial para a cidade, para os comércios que giram em torno desses beach clubs e, sem dúvida, para o turismo”, afirmou.

Uma disputa que se arrasta há quase 20 anos

A origem do impasse é jurídica. Em 2005, os beach clubs assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a União e o MPF, se comprometendo a preservar áreas naturais e adequar suas estruturas.

No entanto, ainda de acordo com as informações divulgadas pelo ‘ND+’, as divergências sobre o tamanho permitido das construções geraram disputas intermináveis.

Para os órgãos ambientais, só seriam aceitas as metragens aprovadas nas décadas de 1980 e 1990. Para a defesa, o que valia era o cenário de 2005, ano da assinatura do TAC.

O juiz federal Marcelo Krás Borges determinou a demolição das áreas que excediam esse entendimento mais restritivo e cassou os alvarás de funcionamento.

A decisão acabou sendo revertida no fim de 2023 pela 3ª turma do TRF4, que concordou com os argumentos da defesa.

Porém, a reversão chegou tarde demais e as demolições já tinham acontecido e, sem tempo hábil para reconstrução, o verão de 2024 passou em branco.

Agora, ao que parece, o processo está suspenso, aguardando um recurso e a definição sobre os custos de uma perícia judicial que calculará a metragem permitida.

Impacto sentido na pele

Rodrigo Marques, presidente da associação de moradores Avante Jurerê, relata que o comércio local sofreu com uma queda de faturamento entre 30% e 40%.

Além disso, ele destacou que os clubes cuidavam das áreas públicas ao redor. E, que sem eles, acabou sendo comum ver queimadas na vegetação nativa, vias malcuidadas e ambulantes ilegais ocupando espaços.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Santa Catarina (Abrasel-SC) também se posicionou contrária ao fechamento.

Para a entidade, os beach clubs eram muito mais do que casas noturnas, eram também geradores de empregos, movimentadores de diversos setores e pilares da experiência turística em Florianópolis.

Considerações finais

• Os tradicionais beach clubs de Jurerê, queridos em Florianópolis, enfrentam um declínio marcado por demolições e impasses jurídicos.
• O fechamento de alguns espaços causou prejuízos econômicos e turísticos significativos, com queda no comércio, perda de empregos e redução no fluxo de visitantes.
• O desafio agora é encontrar um equilíbrio entre desenvolvimento, preservação ambiental e segurança jurídica, buscando um futuro mais sustentável para o turismo da cidade.
• Quem sabe agora em 2025 algum dos estabelecimentos que foram fechados, e até demolidos, não voltem a funcionar de acordo com as exigências dos tribunais.