Veja o destino de duas grandes redes de eletrodomésticos após dois desfechos opostos mas ao mesmo tempo similares no adeus
Ao longo de toda a nossa história, inúmeras varejistas, empreendimentos importantes e indústrias no país sofreram um fim inesperado e, por vezes, cercados de escândalos e dívidas financeiras.
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Entre todos os setores, o de eletrodomésticos, pilar da “linha branca*” nacional, viu dois de seus maiores nomes caírem/sendo engolidos em ciclos opostos:
(* A linha branca de eletrodomésticos corresponde aos aparelhos essenciais de grande volume usados na cozinha e lavanderia, como geladeiras, fogões e máquinas de lavar, e o nome se originou da cor predominante desses produtos no passado)
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- Um por uma aquisição estratégica de uma multinacional sueca;
- Outro por um colapso financeiro que resultou em acusações de insolvência premeditada e dívidas bilionárias.
Sendo assim, com base em informações do portal Wiki e canais sobre fatos históricos no YouTube, trazemos a seguir a trajetória e o fim de dois gigantes que moldaram o mercado brasileiro.
1. Mabe: Dívida de R$ 1,2 bilhão e queda por fraude
A Mabe era uma gigante do setor de eletrodomésticos que acabou tendo sua falência decretada após se afundar em dívidas e atuar por 21 anos no mercado.
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De origem mexicana, ela iniciou suas operações no Brasil em 2003 com a aquisição da Dako.
Sua expansão foi acelerada, culminando em 2009 com a compra das operações da BSH, uma joint venture* entre Bosch e Siemens, por R$ 70 milhões, que fabricava produtos com as marcas Bosch e Continental.
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(*Parceria estratégica, na qual duas ou mais empresas unem recursos, conhecimentos e riscos para um projeto ou objetivo comercial específico, mantendo suas identidades separadas, mas colaborando sob um mesmo empreendimento conjunto).
Inclusive, com cinco marcas no varejo (Mabe, Dako, GE, Bosch e Continental), a companhia chegou a ser a segunda maior no mercado brasileiro de eletrodomésticos, possuindo uma fatia de 25% do mercado, atrás apenas da Whirlpool (Brastemp/Consul).
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Em 2007, a empresa chegou a faturar cerca de R$ 1,2 bilhão.
Queda e falência
Mas, apesar da sua robustez inicial, o mercado não cresceu conforme o esperado, e os planos tiveram que ser revistos.
Em maio de 2013, a fabricante pediu recuperação judicial, alegando dificuldades para pagar fornecedores e funcionários.
Além disso, a Mabe não cumpriu o plano de negócios aprovado pela Justiça no começo de 2014.
No final de 2015, a dívida da companhia já somava R$ 1,1 bilhão (praticamente um calote de R$ 1,2 bilhão), culminando na decretação de falência em 10 de fevereiro de 2016 pela Justiça de São Paulo.
O colapso se deu em meio a protestos de cerca de 1,5 mil funcionários que foram demitidos sem sequer receber rescisão e o 13º salário.
Por conta disso, eles mantiveram a produção parada nas fábricas de Campinas e Hortolândia desde dezembro de 2015.
Um escândalo de insolvência premeditada
Mas, de acordo com o portal Esquerda Diário, anos após a falência, uma investigação sigilosa revelou o verdadeiro motivo da quebra:
- A falência teria sido causada pela insolvência premeditada pela Matriz da marca, localizada no México, e seus sócios no Brasil (incluindo a subsidiária da General Electric – GE, e os ex-donos da Dako, Gabriel Penteado e José Roberto Moura Penteado).
Em abril de 2019, a Justiça definiu o desfecho ao decretar o bloqueio de bens em até R$ 1,1 bilhão entre os bens e contas bancárias da GE no Brasil, dos executivos da família Penteado e dos controladores da Mabe México (irmãos Jose Luis e Francisco Berrondo).
A documentação apontou indícios fortes de:
- Confusão patrimonial;
- Gestão fraudulenta;
- Desvios de recursos financeiros;
- Apropriação de ativos;
- Controle de operações da falida.
Defesas e o que ficou no lugar
Em nota oficial, o administrador da massa falida informou que “todos os trabalhadores conseguiriam assinar as demissões e acessar o FGTS, bem como o seguro-desemprego”.
Entretanto, nenhum representante da Mabe no Brasil, nem o grupo Mabe ou a GE, quiseram se manifestar sobre o escândalo de bloqueio de bens na época.
Vale destacar que, apesar do tempo, o espaço segue em aberto se ela quiser expor a sua versão dos fatos.
O que restou da Mabe foi a falência decretada, o encerramento das operações no país e as ações judiciais que buscaram recuperar o prejuízo bilionário.
2.Prosdócimo/Refripar: Engolida pela Electrolux
O fim de uma icônica fábrica de eletrodomésticos em Curitiba trouxe impacto na vida de milhares de curitibanos, em especial às donas de casa. A tradicional Prosdócimo deu origem à Refripar, que acabou sendo extinta de vez do mercado.
Fundação e importância
A história começou no início do século XX, quando João Prosdócimo fundou a linha Lojas Prosdócimo em Curitiba.
O empreendimento rapidamente se consolidou no varejo de bens diversos, tornando-se referência em eletrodomésticos e um ícone do comércio paranaense.
Em 1949, um dos filhos do fundador criou a Refrigeração Paraná S/A (Refripar), que começou a fabricar produtos da linha branca (geladeiras, freezers, ar-condicionado).
A Refripar também comercializava os produtos da antiga Prosdócimo, chegando a se consolidar como a segunda maior indústria do setor no Brasil.
Dificuldades e a venda à Electrolux
A partir dos anos 80, a rede de lojas Prosdócimo começou a enfrentar dificuldades financeiras. Em 1984, sua rede de 23 lojas entrou em recuperação judicial e foi vendida para o grupo Arapuã.
O golpe definitivo para a parte industrial veio em 1996, quando a multinacional sueca Electrolux adquiriu a Refripar e 41% de suas ações por US$ 50 milhões, incorporando toda a estrutura industrial da empresa.
O fim da fábrica
Inicialmente, os produtos da linha branca foram comercializados sob a marca combinada Electrolux-Prosdócimo.
No entanto, em 1997, a Electrolux mudou a razão social da Refripar para Electrolux do Brasil S/A.
A decisão de descontinuar a marca Prosdócimo foi estratégica, segundo Antonio Carlos Romanoski, ex-diretor-presidente da Electrolux do Brasil, com o objetivo de consolidar a Electrolux como a principal marca de eletrodomésticos no país.
O que ficou no lugar das estruturas pertencentes à Prosdócimo?
Conforme mencionamos, o controle acionário da área industrial da Refripar, que detinha a marca Prosdócimo, passou para a gigante sueca Electrolux em 1996.
A fábrica original, localizada na região de Curitiba, tornou-se a primeira unidade fabril da multinacional no Brasil.
Ao longo dos anos, a Electrolux absorveu, modernizou e expandiu essas estruturas, construindo novos complexos na região do Paraná e consolidando a área como um de seus principais polos de produção e pesquisa na América Latina.
Dessa forma, as antigas instalações da Prosdócimo evoluíram e permanecem ativas sob a gestão da Electrolux.
Já o destino da rede de Lojas Prosdócimo foi diferente, pois a empresa vendeu seu braço de varejo para o Grupo Arapuã.
Posteriormente à falência do Grupo Arapuã, as estruturas físicas das antigas lojas ganharam destinos variados:
- Muitas foram ocupadas por outros estabelecimentos comerciais;
- Enquanto outras passaram por demolição ou transformação em novos empreendimentos imobiliários.
Vale dizer que a marca Prosdócimo até chegou a voltar ao mercado brasileiro em 2024. A empresa brasileira Wap Fresnomaq adquiriu o nome em 2023 e agora utiliza a marca para o lançamento de uma linha de eletrodomésticos portáteis.
No entanto, nada parecido com o que ela comercializava em seus tempos áureos.
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