Dívida de 9,5B: A falência de rede de saúde, com 31 hospitais, e beneficiários assustados em país

Falência de rede de saúde expôs rombo de 9,2 bi e desencadeia crise hospitalar em país, forçando intervenção política e venda de ativos
A Steward Health Care, uma das maiores redes de saúde privadas dos Estados Unidos, viveu uma ascensão vertiginosa, seguida por um colapso igualmente devastador.
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Fundada em 2010, a empresa chegou a administrar impressionantes 31 hospitais em oito estados americanos, sendo, por anos, o símbolo do sucesso do modelo de saúde privado, impulsionado por capital de investimento.
No entanto, em maio de 2024, a rede entrou e protocolou oficialmente um pedido de falência sob o Capítulo 11 da lei norte-americana, após acumular um rombo financeiro estimado em US$ 9,2 bilhões.
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A queda da Steward não apenas abalou o setor de saúde, mas expôs a fragilidade crítica de um sistema altamente dependente de capital especulativo e de operações financeiras complexas.
Sendo assim, com base nos portais Wiki e WBZ, trazemos abaixo mais detalhes desse colapso e as consequências geradas por ele em todo o sistema de saúde norte-americano.
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Uma ascensão meteórica
A Steward construiu seu império hospitalar por meio de uma estratégia agressiva e arriscada de endividamento via venda de ativos.
A empresa adotou o polêmico modelo Sale-Leaseback (venda e aluguel de volta), que funcionava assim:
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- Ela vendia os imóveis (prédios) de seus hospitais para grandes fundos imobiliários especializados em saúde, como a Medical Properties Trust (MPT);
- Imediatamente ela recompraria o uso dos hospitais por meio de caríssimos contratos de aluguel de longo prazo.
Essa engenharia financeira injetou liquidez imediata para permitir que a companhia crescesse rapidamente, adquirindo novas unidades.
Contudo, ela também criou um passivo de proporções insustentáveis: a Steward se tornou refém dos altos aluguéis.
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O ápice do desequilíbrio se deu entre 2016 e 2023, quando a empresa continuou distribuindo centenas de milhões de dólares em dividendos a seus investidores, mesmo enquanto os déficits operacionais e os custos de aluguel inflacionados já corroíam o caixa.
O resultado foi uma crise de liquidez previsível em 2024; a Steward ficou sem caixa para:
- Pagar fornecedores;
- Sustentar salários;
- Manter serviços básicos.
Neste ínterim, os hospitais começaram a fechar as portas abruptamente, cirurgias foram canceladas e milhares de pacientes ficaram desassistidos em diversos estados.
O colapso:
Para piorar ainda mais a situação, alguns relatórios investigativos divulgados por veículos como a Reuters detalharam o colapso operacional:
- Os mencionados atrasos crônicos no pagamento a médicos e fornecedores;
- Falta de insumos básicos (como medicamentos e equipamentos essenciais);
- Situações de risco para pacientes.
Em algumas unidades, a Steward chegou a suspender serviços de emergência vitais e atrasar salários por semanas.
A dívida total de US$ 9,2 bilhões foi um reflexo do desequilíbrio entre expansão agressiva e sustentabilidade na gestão da saúde.
O escândalo não poupou nem a cúpula. Em setembro de 2024, o CEO e fundador da empresa, Dr. Ralph de la Torre renunciou ao cargo após ser indiciado por desacato criminal.
O indiciamento ocorreu após sua recusa em comparecer perante o Senado para prestar esclarecimentos sobre a condução financeira da empresa, intensificando a pressão pública e política.
Ainda mais crítico:
O epicentro do drama foi Massachusetts, estado que concentrava a maior parte das operações da Steward e onde o risco de colapso de serviços hospitalares era iminente. Diante da crise, o governo estadual interveio.
A governadora Maura Healey tomou medidas drásticas, como a desapropriação emergencial do Saint Elizabeth’s Medical Center, um dos principais hospitais do grupo, para garantir sua continuidade.
Em resposta direta ao colapso, a Assembleia Legislativa de Massachusetts aprovou uma nova legislação crucial – Conforme podem ver aqui*.
Esta lei prevê o poder de fiscalização sobre operadoras privadas, exigindo maior transparência contábil, notificação prévia obrigatória de fechamento de unidades e, mais importante, estabelecendo restrições à influência de fundos de investimento na gestão hospitalar.
Os trâmites
Após o pedido de falência, a Steward iniciou um processo de liquidação e reorganização supervisionado pela Justiça.
Ainda em agosto de 2024, a empresa realizou uma primeira venda significativa, alienando seis hospitais em Massachusetts por US$ 343 milhões, na tentativa de mitigar as dívidas colossais.
Em 2025, o tribunal aprovou o plano de reestruturação que prevê:
- A venda gradual e organizada dos ativos restantes da Steward;
- O uso dos recursos obtidos em ações judiciais contra ex-executivos para ressarcir credores;
- A manutenção temporária de algumas unidades sob estrita administração supervisionada pelo governo para garantir a continuidade do atendimento.
Por fim, apesar dos esforços, diversas unidades seguem fechadas e a previsão mais otimista para o encerramento do processo judicial aponta para o final de 2025.
Quais foram as consequências do colapso da Steward Health Care?
A falência da Steward Health Care simbolizou uma das maiores crises estruturais. Analistas em saúde e economia apontam que o caso escancarou a vulnerabilidade de um modelo hospitalar guiado pelo lucro, com a saúde sendo sustentada por dívidas e operações especulativas.
O colapso ainda gerou uma onda de revisões legislativas em diversos estados norte-americanos, buscando reduzir a dependência do capital especulativo na gestão hospitalar.
O que acontece quando os planos de saúde entram em falência no Brasil?
Especialistas lembram que, embora o cenário regulatório brasileiro seja distinto, o caso americano serve de alerta.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no Brasil possui mecanismos de prevenção mais rígidos, como:
- Liquidação extrajudicial imediata de operadoras insolventes;
- Transferência automática dos beneficiários para outras empresas em até 90 dias, garantindo a continuidade do serviço;
- Acompanhamento financeiro constante das operadoras.
Inclusive, a principal diferença para outros países é a forte presença do Estado como agente fiscalizador direto, o que reduz a probabilidade de colapsos em larga escala.
Mas, para saber mais informações e casos de falências, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.
