Montadora, rival da Volks, Fiat e mais, afunda sob R$ 5 bilhões em dívidas, pede falência nos EUA e liquida carros a preço de banana após fracassar em atrair investidores
Por décadas, a indústria automotiva viveu de promessas grandiosas. A eletrificação dos veículos, tida como o futuro do setor, transformou startups em fenômenos momentâneos de mercado e até mesmo a Fiat, Volkswagen e outras montadoras ditas como populares já possuem linhas desse segmento.
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No entanto, o que essas montadoras não esperavam é que uma grande e forte rival em carros elétricos acabou entrando em colapso e sua falência a obrigou a vender seus carros a preço de banana, ou seja, uma mixaria.
Trata-se da norte-americana Fisker Inc., que nasceu sob holofotes e comparações com outras gigantes.
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A empresa acumulava dívidas equivalentes a R$ 5,4 bilhões e teve a falência decretada em junho de 2024, encerrando uma trajetória que começou com sonhos de inovação.
Com base em informações do InfoMoney, Inside EVs e portal Wiki, trazemos mais informações sobre esse colapso abaixo.
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Da ascensão meteórica à derrocada
Fundada em 2016 pelo designer Henrik Fisker, conhecido por seu trabalho na BMW e na Aston Martin, a companhia nasceu com a ambição de reinventar a mobilidade elétrica.
Seu primeiro grande produto, o SUV Ocean, prometia autonomia de ponta, design premium e sustentabilidade, uma combinação que empolgou investidores e consumidores.
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A Fisker optou por um modelo ousado: produzir sem fábricas próprias, terceirizando a montagem para reduzir custos.
A estratégia, celebrada à época, logo se revelou um erro fatal. Problemas de escala, gargalos logísticos e falhas no controle de qualidade corroeram a confiança no projeto.
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No ano de 2020, a empresa abriu capital na Bolsa de Nova York por meio de uma fusão com uma SPAC, levantando capital e atraindo investidores animados com o boom dos veículos elétricos.
O entusiasmo, porém, não resistiu à realidade operacional: os recursos se esgotaram rapidamente, e os custos dispararam.
O colapso
A partir de 2023, sinais de esgotamento tornaram-se públicos. Em relatórios oficiais, a Fisker alertou para “dúvidas substanciais” sobre sua capacidade de continuar operando.
As dificuldades se agravaram em 2024, quando a empresa fracassou em obter um acordo de investimento que poderia salvar suas operações.
Sem capital, a montadora deixou de pagar juros de dívidas em abril do mesmo ano e começou a cortar operações.
Além disso, o caixa secou e os problemas se multiplicaram:
- Falhas no sistema de frenagem;
- Defeitos de software;
- Atrasos nas entregas dos SUVs Ocean.
Todas essas situações minaram a imagem da marca e provocaram devoluções, ou seja, o que era para ser um sonho virou crise.
A falência:
No dia 18 de junho de 2024, a Fisker entrou oficialmente com pedido de proteção contra falência nos Estados Unidos, sob o Capítulo 11 da legislação americana.
Inclusive, esses processos revelaram números alarmantes:
- Ativos entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão, contra passivo próximo a US$ 1 bilhão — o equivalente a R$ 5,4 bilhões.
A empresa reconheceu que manter as operações era impossível e decidiu vender todos os seus ativos.
A lista de credores inclui fornecedores de tecnologia, fabricantes de componentes e investidores institucionais, que perderam milhões em notas conversíveis e empréstimos de alto risco.
Carros a preço de banana
Durante o processo, a Fisker colocou no mercado cerca de 3 mil unidades do SUV Ocean por valores muito abaixo do original, em uma tentativa de levantar caixa e encerrar compromissos.
A liquidação provocou uma forte desvalorização dos veículos já entregues, frustrando clientes que pagaram preço integral.
A produção foi suspensa por tempo indeterminado, e a maioria dos funcionários foi demitida, encerrando de fato a existência da Fisker como montadora independente.
O que a empresa disse?
Ao protocolar o pedido de falência, Henrik Fisker afirmou em comunicado que a companhia enfrentou “obstáculos de mercado e macroeconômicos que impactaram diretamente nossa capacidade de operar com eficiência”.
Ele também responsabilizou o cenário global de desaceleração do mercado de elétricos, citando custos altos, competição acirrada e dificuldade em obter novos financiamentos.
A empresa reforçou que, após avaliar alternativas, “a venda de ativos sob o Capítulo 11 é o caminho mais viável para preservar algum valor e garantir o mínimo de suporte a clientes e parceiros”.
Em sua última nota pública, a Fisker prometeu manter suporte técnico aos proprietários dos SUVs Ocean “enquanto for possível”, reconhecendo que a prioridade agora é concluir a liquidação de bens.
Por fim, a história da Fisker resume o dilema de toda uma indústria, uma vez que o futuro dos carros pode ser elétrico, mas, sem gestão eficiente, até o mais brilhante dos projetos perde força antes da linha de chegada.
Mas como está o mercado de carros elétricos no Brasil?
Enquanto a Fisker fecha as portas, o mercado de veículos elétricos no Brasil segue em expansão.
Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) apontam que:
- Entre janeiro e setembro de 2025, foram vendidos 53.379 carros elétricos;
- Um crescimento expressivo em relação ao ano anterior.
A BYD, de origem chinesa, domina o setor com 75,3% do market share, impulsionada pelo sucesso do Dolphin Mini, que soma mais de 20 mil unidades vendidas.
Outras montadoras, como Volvo e GWM, competem por espaço, mas ainda ficam distantes da liderança.
O avanço, no entanto, traz desafios:
- Descarte de baterias de lítio;
- Infraestrutura de recarga limitada;
- Custos elevados que ainda travam o acesso em massa ao carro elétrico no país.
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