Falência e fábrica lacrada: O fim de nº1 dos eletrodomésticos no Brasil e donas de casa aos prantos

Falência de uma das varejistas do setor de eletrodomésticos deixou milhares de donas de casa chorando com o fim.
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Falência de fábrica de eletrodomésticos deixa donas de casa sem chão (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/Canva/Lennita)

Falência de uma das principais fábricas do setor de eletrodomésticos deixou milhares de donas de casa chorando com o fim

O colapso de uma fabricante gaúcha que por anos foi referência no mercado de eletrodomésticos compactos deixou milhares de consumidores atônitos — especialmente donas de casa, que choraram ao ver fechada a fábrica que fornecia produtos essenciais para a rotina delas.

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Trata-se da Enxuta, a qual possuía uma sede em Caxias do Sul (RS) e chegou a liderar o mercado de secadoras no Brasil com impressionantes 90% de participação.

A Enxuta teve seu maior boom nos anos 80 e 90 (Foto: Reprodução/Internet)

No entanto, uma sucessão de crises financeiras e decisões empresariais selou o fim da gigante.

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Sendo assim, a equipe de economia do TV Foco, com base em informações do portal Wiki, traz abaixo mais detalhes desse colapso e os efeitos drásticos na vida de milhares de brasileiros que dependiam da fábrica.

A ascensão da Enxuta (década de 80):

Fundada em 1981 pelo Grupo Triches, a Enxuta surgiu com o propósito de atender ao mercado de linha branca com foco em eletrodomésticos compactos.

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Inclusive, nos anos efervescentes e coloridos da década de 80, a criação formal do Grupo Enxuta S.A. consolidou a marca e sua estrutura fabril.

Até a década de 90, a empresa alcançou a liderança absoluta no segmento de secadoras de roupas, com 90% de domínio no mercado nacional.

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Três pilares fizeram da Enxuta a marca queridinha de milhares de lares brasileiros:

Mudança de controle e declínio

Em julho de 1995, buscando se reestruturar, a Enxuta foi vendida à Ponto S.A., braço controlador das empresas do próprio Grupo Triches.

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A promessa era de reorganizar a gestão e modernizar processos, mas a empresa já enfrentava dificuldades financeiras crescentes.

Enxuta foi vendida em uma primeira tentativa de se reestruturar (Foto Reprodução/Internet)

Nos anos seguintes, a crise se agravou diante de dois fatores:

Ou seja, a empresa não conseguiu acompanhar o ritmo da inovação, tampouco equacionar suas dívidas.

2001: Falência, fábrica lacrada e desespero dos funcionários:

Em novembro de 2001, veio o golpe final: a Justiça decretou a falência da Enxuta, o que levou ao fechamento imediato de sua unidade fabril em Caxias do Sul.

Cerca de 750 funcionários perderam seus empregos e, com isso, a cidade sentiu o impacto.

Afinal de contas, conforme dito acima, famílias inteiras dependiam direta ou indiretamente da renda gerada pela fábrica.

O parque industrial ficou lacrado, e os eletrodomésticos da marca desapareceram das prateleiras.

Ou seja, a assistência técnica, equipes de revenda e clientes ficaram órfãos de uma marca até então sinônimo de confiança.

As secadoras da marca foram de grande sucesso durante 10 anos (Foto: Reprodução/Internet)

2002: Um sopro de esperança

Mas, em julho de 2002, os próprios trabalhadores da extinta Enxuta fundaram a EletrocoopCooperativa de Produção Industrial de Eletrodomésticos Caxias Ltda.

Eles assumiram o controle do parque fabril e da marca, com foco inicial na produção de peças de reposição.

A cooperativa visava atender a uma enorme rede de assistência técnica espalhada pelo país, ou seja, um sopro de esperança na tentativa de ressuscitar a tradicional Enxuta.

No entanto, apesar de louvável, essa atitude foi bem limitada.

Isso porque faltava capital para retomar a produção em larga escala, e a marca já começava a perder espaço no imaginário do consumidor brasileiro.

2003: Venda da Enxuta:

Em maio de 2003, a Eletrocoop vendeu a fábrica, o maquinário e a marca para o empresário Claudio Petrycoski, proprietário da Atlas Eletrodomésticos.

A aposta era relançar as linhas de lava-roupas, lava-louças e secadoras sob uma nova bandeira: Atlas Sul.

Porém, essa tentativa durou apenas cinco anos. Sem conseguir replicar o sucesso histórico da Enxuta e diante da evolução tecnológica de concorrentes multinacionais, Petrycoski optou por encerrar a produção em 2008.

Assim, a fábrica de Caxias do Sul fechou suas portas pela segunda — e definitiva — vez.

Manifestações:

Não foram encontradas, nas buscas realizadas, declarações públicas, notas oficiais ou entrevistas concedidas pelos fundadores ou por representantes do Grupo Triches ou da Ponto S.A. (que controlou a Enxuta antes da falência) ao longo de todo o processo sobre o declínio e falência da empresa.

Porém, em uma entrevista concedida a IstoÉ Dinheiro, em janeiro de 2002, Paulo Triches chegou a publicar à imprensa que a crise se dava diante da situação do racionamento de energia no Brasil e da crise econômica na Argentina.

Mas nada mais além disso. Porém, o espaço segue em aberto.

Qual foi o desfecho real da Enxuta?

Nos anos de 2010, a Enxuta ensaiou um breve retorno ao mercado brasileiro com a venda de aquecedores de ambiente.

A iniciativa, porém, foi pontual e discreta. Sem o mesmo apelo popular de antes, os produtos não conseguiram retomar espaço nas gôndolas.

Atualmente, a marca Enxuta sobrevive somente no Uruguai, onde a empresa Gelbring comercializa diversos produtos com o logotipo tradicional.

Lá, é possível encontrar secadoras, aquecedores, liquidificadores e aspiradores de pó.

Ou seja, no Brasil, a marca permanece apenas na memória afetiva de muitos consumidores.

Conclusão:

A história da Enxuta é um retrato nítido do que acontece quando uma empresa deixa de inovar e perde o ritmo do mercado.

Seu impacto emocional no consumidor brasileiro — especialmente nas donas de casa — evidencia a força de uma marca que, por anos, esteve no centro da vida doméstica.

Mas, mesmo extinta, ainda ressoa nas prateleiras de outros países. E, sobretudo, na lembrança de quem apertava um botão e confiava que a roupa sairia seca e perfumada.

Mas, para mais informações sobre casos de falências e situações de crise, acesse aqui*.

Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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