Empresa alimentícia, Hospital e +: Falência e fim devastador de gigante nº1 desola SP após mais de 100 anos

O declínio de um império: a queda de um dos maiores conglomerados da América Latina, localizado em São Paulo, após falência.

07/04/2025 8h00

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De setores alimentícios até hospitais: Dinastia entra em ruínas e falência devasta SP (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/Canva/Lennita)

O declínio de um império: a queda de um dos maiores conglomerados da América Latina, localizado em São Paulo, após falência

Durante mais de um século, um dos maiores grupos já vistos em nossa história conseguiu se consolidar como um dos principais pilares da economia brasileira.

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Com sede em São Paulo, o mesmo atuava em setores tão diversos como, hospitais, siderurgia, transporte, alimentos, bebidas, têxtil e até energia.

Trata-se do Grupo das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM), o qual chegou a empregar cerca de 6% da população da capital paulista.

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Além disso, detinha a quarta maior renda bruta do país e seu nome estava presente em praticamente todos os lares brasileiros.

IRFM (Foto Reprodução/Facebook)
IRFM (Foto Reprodução/Facebook)

Porém, no final do século XX, esse gigante desmoronou. Após mais de 100 anos de glória, a IRFM declarou falência, encerrando a história de forma estarrecedora.

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Sendo assim, a partir de informações do portal Wiki, a equipe do TV Foco traz abaixo todo o parâmetro da situação, bem como o legado deixado.

Da banha à indústria: O início de uma dinastia (1881–1911):

Tudo começou em 1881, quando o italiano Francesco Matarazzo desembarcou no Brasil fugindo da crise econômica na Europa:

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  • Francesco trazia consigo uma tonelada de banha de porco, sua aposta inicial para empreender em terras brasileiras, as quais perdeu em um acidente antes mesmo de iniciar o negócio.
  • Sem desanimar, estabeleceu dois anos depois a Casa Matarazzo, em Sorocaba, vendendo banha artesanalmente e percorrendo o interior paulista no lombo de uma mula.
  • Em 1890, Matarazzo migrou para a capital e fundou, com os irmãos, a Companhia Matarazzo S.A., inicialmente dedicada à importação de farinha e algodão dos Estados Unidos.

A Guerra Hispano-Americana, em 1898, dificultou esse comércio, levando Matarazzo a importar farinha da Argentina e, logo depois, a produzi-la localmente.

Em 1900, inaugurou um moinho moderno no bairro do Brás, que logo se tornaria a maior unidade industrial de São Paulo.

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Em 1911, unificou suas operações em uma única sociedade anônima: as Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo.

O auge (1911–1937):

Ao longo das décadas seguintes, Matarazzo ampliou seu império com uma estratégia de integração vertical, nesse contexto o mesmo criou:

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  • Fábricas de sacarias;
  • Embalagens metálicas;
  • Perfumes;
  • Sabões;
  • Tecidos.

Em 1920, ergueu o impressionante complexo da Água Branca, com usina própria de energia e dezenas de unidades de produção. Era uma cidade dentro da cidade.

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Durante os anos 30, a IRFM já faturava menos apenas que o Governo Federal, o Departamento Nacional do Café e o Estado de São Paulo.

Seus produtos estavam em todas as casas do país e sua estrutura fabril se espalhava por diversas regiões, como Marília, onde instalou um centro industrial com acesso ferroviário próprio.

Francesco Matarazzo faleceu em 1937, com uma fortuna estimada em valores atuais de 20 bilhões de dólares, sendo o quinto homem mais rico do mundo à época.

Com sua morte, a dinastia Matarazzo deu início a uma nova fase.

Expansão e transição:

Posteriormente, com a morte do patriarca, o comando da IRFM passou ao filho do fundador, Francesco Matarazzo Júnior, conhecido como Conde Chiquinho:

  • Durante 40 anos, ele manteve a estratégia expansionista do pai, inaugurando fábricas de celulose, fibras sintéticas, alimentos processados, inseticidas e produtos químicos.
  • Assim, ele manteve a diversificação como marca registrada do grupo.
  • A IRFM resistiu bem até a década de 60, mas o cenário começou a mudar.
Ruína da  dinastia Matarazzo noticiada em uma manchete da época (Foto Reprodução/Jornal do Brasil/Blog)
Ruína da dinastia Matarazzo noticiada em uma manchete da época (Foto Reprodução/Jornal do Brasil/Blog)

Com o avanço das multinacionais, em meio às técnicas administrativas e de marketing mais sofisticadas, a competitividade da empresa minou.

Em 1969, pela primeira vez, o grupo registrou prejuízo em seu balanço financeiro.

Conflitos, dívidas e falência (1977–1990):

Com a morte de Chiquinho em 1977, a neta do fundador, Maria Pia Matarazzo, assumiu a presidência da IRFM.

Maria tinha apenas 32 anos e herdava um império já em declínio. Ela tentou reorganizar o grupo, concentrando esforços em setores mais lucrativos como papel, químico e álcool.

Além disso, ela desativou unidades deficitárias, como o setor têxtil, vendido para a Cianê em 1981.

No entanto, desentendimentos familiares, crises econômicas sucessivas e dívidas elevadas agravaram a situação.

Sendo assim, as tentativas de reestruturação falharam. A Justiça suspendeu um acordo com 27 credores, e os ativos começaram a ser penhorados, incluindo o icônico Parque Industrial da Água Branca.

Na década de 90, diante da falência, a IRFM encerrou suas atividades químicas em São Caetano do Sul e em 1992, Maria Pia renunciou ao controle das principais empresas do grupo.

Causas da falência

De acordo com o portal Morcone, a crise econômica no Brasil nas décadas de 80 e 90 com ênfase na inflação e no alto custo para manter as operações diversificadas estavam entre as principais causas da falência da organização.

Aliás, a diversificação de operações, que tinha representado uma das maiores razões de seu sucesso no início, tornou-se uma de suas principais fraquezas no fim de sua trajetória.

Não foram encontradas declarações sobre a falência por parte do grupo na época, porém o espaço ainda segue em aberto.

O que restou do império Matarazzo?

Do colosso que foi a IRFM, pouco restou:

  • A fábrica de sabonetes Francis, uma das últimas a sobreviver, foi vendida ao grupo Bertin, e posteriormente repassada à JBS.
  • Ainda há remanescentes do patrimônio imobiliário espalhados pelo Brasil, com parte arrendada para usinas de açúcar, fábricas de papel ou simplesmente abandonada.
Francis quando pertencia à indústria dos Matarazzos (Foto Reprodução/Facebook)
Francis quando pertencia à indústria dos Matarazzos (Foto Reprodução/Facebook

Por outro lado, alguns antigos espaços industriais foram revitalizados com novos propósitos:

  • A antiga Mansão Matarazzo deu lugar ao Shopping Cidade São Paulo.
Mansão dos Matarazzos se transformou no Shopping São Paulo (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/Aventuras da História)
Mansão dos Matarazzos se transformou no Shopping São Paulo (Foto: Reprodução/Montagem/Tv Foco/Aventuras da História)
  • Em Presidente Prudente, os galpões da IRFM viraram um centro cultural.
Em Presidente Prudente, os galpões da IRFM viraram um centro cultural (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/Internet)
  • Por fim, o Hospital Umberto Primo, conhecido como Hospital Matarazzo, deu lugar a um hotel de luxo
Hospital dos Matarazzos virou um hotel de luxo (Foto Reprodução/Montagem/schipper)
Hospital Matarazzo virou um hotel de luxo (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/schipper)

Conclusão:

O caso das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo simboliza o auge e a decadência da indústria nacional em um século marcado por transformações econômicas profundas.

De um mascate italiano à maior fortuna do país, a trajetória de Francesco Matarazzo moldou parte da história do Brasil industrial.

Apesar do império ter ruído, os vestígios permanecem como testemunho de um tempo em que São Paulo era movida a caldeiras.

Mas, para saber mais sobre essas histórias de falências, retomadas e muito mais, clique aqui*.

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Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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