Falência e 224 lojas lacradas: O fim de rede de supermercados popular igual ao Carrefour após 44 anos

Saiba todos os detalhes por trás da falência dessa rede de supermercados, que encerrou suas atividades após quatro décadas
No Brasil, as redes de supermercados possuem grande relevância na economia e no dia a dia da população.
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Afinal de contas, elas garantem o fornecimento de produtos essenciais, como alimentos e itens de higiene, facilitam o acesso ao consumo e figuram entre os maiores empregadores do país.
O setor também é responsável por conectar produtores e consumidores, sustentar cadeias de fornecedores e movimentar uma parcela significativa do PIB nacional.
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Não é à toa que, quando uma rede de supermercados passa por crises financeiras ou declara falência, os efeitos vão além das prateleiras vazias, uma vez que o país em peso sente de forma direta as consequências desse desfecho, com:
- Aumento do desemprego;
- Interrupção abrupta de um serviço essencial;
- Elevação dos preços devido à diminuição da concorrência local.

Falando nisso, a equipe especializada em história empresarial do TV Foco, com base em informações divulgadas pelo portal Wiki e Diário do Comércio, detalha um desses casos, os quais marcaram a vida de muita gente: O fim da rede Casa da Banha.
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Breve história
Fundada ainda em 1955, a Casas da Banha rapidamente se consolidou como uma das maiores redes de supermercados do Brasil, cuja popularidade era tão grande quanto a do Carrefour.
- Durante os anos 70, seu nome se tornou sinônimo de qualidade e variedade, em parte graças ao patrocínio do icônico apresentador Chacrinha.
- Em seus programas na antiga TV Tupi, o apresentador lançava bacalhau para o público, em referência aos produtos comercializados pela rede.
- A empresa teve um crescimento expressivo, chegando a empregar cerca de 22 mil funcionários e se tornando uma referência no setor varejista.
- Com um grande número de unidades, a Casas da Banha oferecia aos consumidores preços acessíveis e um serviço eficiente, fatores que contribuíram para sua expansão e popularidade.
Primeiros sinais do seu fim:
Apesar do seu estrondoso sucesso, a rede passou a enfrentar dificuldades em meados da década de 80.
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Mas, o agravamento da crise se deu especialmente em 1986, com os planos econômicos do Governo Federal, como o Cruzado I e II.
De acordo com declarações dadas pelo advogado da empresa, à época, as medidas de congelamento de preços foram extremamente prejudiciais.
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Durante o Plano Cruzado I, vários produtos comercializados pela Casas da Banha estavam em promoção e, com o congelamento, os preços permaneceram fixos por um ano.

Além disso, para piorar um pouco mais, a chegada do Plano Collor, nos anos 90, trouxe confiscos de recursos financeiros da empresa, o que tornou sua recuperação insustentável.
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Como resultado, a rede foi forçada a reduzir drasticamente sua estrutura e demitir milhares de funcionários.
A falência e o impacto no mercado
A situação degringolou de vez em 1999, quando a Casas da Banha teve sua falência decretada após 44 anos de operação.
A decisão foi tomada pelo juiz Luiz Felipe Salomão, da 2ª Vara de Falências e Concordatas, conforme noticiado pelo portal Diário do Comércio.
O advogado da empresa, Alfredo Bumachar, revelou que a falência foi decretada após uma confissão formal da companhia perante a Vara.

O magistrado concedeu um prazo de 20 dias para que os credores justificassem seus créditos e priorizou o pagamento das dívidas trabalhistas, então estimadas em US$ 5 milhões.
Lojas fechadas:
A empresa foi forçada a vender ou transferir 149 unidades das suas lojas a antigos proprietários para tentar quitar parte das dívidas, o que de certa forma culminou em fim de atividades e portas fechadas.
As outras 75 lojas permaneceram fechadas aguardando negociações, incluindo o famoso restaurante Porcão. Somando tudo, deu um total de 224 lojas fechadas.
Em 1992, uma decisão judicial levou à demissão de mais 3,5 mil funcionários, e os fechamentos continuaram progressivamente.
No ano seguinte, em 1993, a rede enfrentava 9 mil processos trabalhistas. Com o pagamento gradual de indenizações, esse número foi reduzido para apenas 800.
Esse foi o fim de um dos maiores impérios do setor…
Quais direitos os trabalhadores têm quando uma empresa entra em falência?
Quando uma empresa declara falência, seus empregados têm direito a receber os mesmos benefícios de uma demissão sem justa causa, incluindo:
- Salários atrasados;
- Férias vencidas e proporcionais com acréscimo de 1/3;
- 13º salário;
- FGTS;
- Aviso prévio;
- Multa rescisória de 40%;
- Seguro-desemprego.
Conclusão:
Em suma, a falência da rede Casas da Banha evidenciou o impacto devastador de crises econômicas e gestão ineficaz no varejo nacional.
Apesar de seu sucesso inicial e de sua popularidade comparável à do Carrefour, a rede não conseguiu resistir às adversidades econômicas impostas pelos planos governamentais e às dificuldades financeiras.
Por fim, o seu colapso resultou na perda de milhares de empregos e marcou um capítulo importante na história do varejo brasileiro.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.