Prisão, falência e interdição da ANVISA: O fim escandaloso de farmácia nº1 em SP e choque de paulistas

Após 67 anos de funcionamento, uma das farmácias mais tradicionais de São Paulo foi interditada por falsificação de medicamentos, chocando milhares de paulistas e paulistanos com escândalo
As farmácias estão entre os estabelecimentos mais importantes para a rotina dos brasileiros.
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Afinal de contas, seus serviços vão muito além da venda de medicamentos, uma vez que oferecem:
- Itens de higiene;
- Cuidados dermatológicos;
- Suplementos
- E até uma orientação farmacêutica qualificada.
Apenas para nível de conhecimento, de acordo com os dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), os brasileiros gastam, em média, R$ 55 por ida à farmácia.
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Talvez seja um dos empreendimentos mais essenciais em comparação ao consumo alimentar dos supermercados.

Mas um caso emblemático e trágico mostrou que, mesmo nesse setor vital, a falta de ética e fiscalização pode custar vidas.
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Sendo assim, a partir de informações obtidas através do portal Wiki, bem como a produção documental “Vidas destruídas pela mais antiga farmácia de São Paulo”, do Youtube, a equipe especializada em serviços do TV Foco traz todos os detalhes da situação abaixo:
Uma tradição paulistana:
Fundada ainda em 1958, no coração do centro histórico de São Paulo, a Botica Ao Veado d’Ouro iniciou sua trajetória comercializando papelaria e livros.
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- Com o crescimento da cidade e o aumento da demanda por medicamentos, migrou para o setor farmacêutico, tornando-se referência.
- Sob o comando de Gustavo Schaumann e, posteriormente, de seu filho Henrique Schaumann, a farmácia ganhou notoriedade.
- Seu símbolo — um veado dourado esculpido — tornou-se ícone.
- O reconhecimento da família foi tão forte que nomeou a Avenida Henrique Schaumann, na zona oeste da capital.

O escândalo mortal
Mas, a reputação da Botica Ao Veado d’Ouro começou a ruir em 1998, quando veio à tona um dos maiores escândalos farmacêuticos do país.
A farmácia foi acusada de falsificar o medicamento Androcur, indicado no tratamento de câncer de próstata.
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Segundo as investigações, foram produzidos 1,3 milhão de comprimidos falsificados, distribuídos como placebos.
A Vigilância Sanitária, braço da ANVISA, interditou o estabelecimento, e a polícia confirmou pelo menos 11 mortes diretamente associadas ao consumo dos medicamentos irregulares.
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Pacientes confiavam na eficácia do tratamento, mas tiveram os quadros agravados, levando ao óbito.
A denúncia não chocou somente os paulistas e paulistanos, como criou um verdadeiro escândalo a nível nacional, uma vez que expôs falhas graves na cadeia de fiscalização e controle da produção de medicamentos no Brasil.

Uma farmácia, que até então era símbolo de tradição, passou a ser associada à negligência e ganância.
Veja o vídeo documental abaixo:
Declínio irreversível:
Com a interdição, a Botica entrou em colapso financeiro e perdeu o apoio da comunidade.
Tanto que, no ano de 2008, encerrou suas atividades oficialmente e se declarou em falência, uma vez que já não possuíam recursos suficientes para prosseguir com o negócio.
Os sócios redirecionaram esforços para uma nova farmácia de manipulação, a Medida Exata, localizada no bairro de Pinheiros. Mas o novo negócio também fechou, em 2014.
Para piorar, no ano de 2015, Edgar Helbig e Daniel Eduardo Derkatscheff Vera, sócios da antiga farmácia, foram condenados a 13 anos de prisão por envolvimento na falsificação.
Durante o julgamento, alegaram que produziram os comprimidos a pedido de terceiros, sem conhecimento do destino dos remédios.
A justificativa foi rejeitada e o juiz responsável afirmou, em sentença, que os réus agiram com “torpeza, perversão, malvadez, cupidez e insensibilidade moral”.
Desfecho:
Até hoje, nenhum dos envolvidos fez declarações públicas sobre o escândalo ou o fechamento da farmácia.
A Botica Ao Veado d’Ouro consta como permanentemente fechada, mas o episódio permanece vivo na memória do setor.
Vale destacar que a ANVISA sempre reforçou a necessidade de ampliar a vigilância sobre farmácias de manipulação, a fim de enxugar a presença de estabelecimentos que, assim como a Botica, operam fora dos padrões legais de qualidade.
Inclusive, esse caso representa um marco negativo na história farmacêutica do país.
Demonstra o risco da busca por lucro a qualquer custo e a importância da ética empresarial e da fiscalização constante.
Em um setor que lida diretamente com vidas humanas, a confiança e a integridade devem ser inegociáveis.
E essa tragédia nos ensina como o enfraquecimento dos mecanismos de controle pode ter efeitos devastadores.
Qual é a maior rede de farmácias do país?
Apesar do caso isolado, o setor farmacêutico brasileiro segue forte e cada vez mais regulado.
A Raia Drogasil (RD), por exemplo, é atualmente a maior rede farmacêutica do país, tanto em número de lojas quanto em faturamento.
Formada em 2011 a partir da fusão entre Droga Raia e Drogasil, a RD se consolidou como referência nacional em qualidade de atendimento, controle sanitário e confiança pública.
Considerações finais
O caso Botica Ao Veado d’Ouro é um alerta permanente sobre os riscos da negligência em setores que lidam com a saúde pública.
Ele mostra que nem mesmo instituições tradicionais estão imunes a quedas drásticas quando princípios éticos são violados.
Por fim, a tragédia pode e deve servir como exemplo para reforçar a importância de ações rígidas por parte dos órgãos reguladores e da responsabilidade empresarial com a vida humana.
Mas, para saber mais sobre outros casos de falência, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.