Falência e venda por mixaria em leilão: Varejista número 1 do Shopping Tatuapé afunda em 2025

Varejista nº1, presente nos principais shoppings de SP, incluindo o Shopping Tatuapé, acaba de passar por mais um revés após falência

Uma das maiores varejistas, considerada anteriormente a maior rede de lojas multimídias do Brasil e um ícone em shoppings de grande fluxo, como o Shopping Tatuapé, em São Paulo, enfrenta mais um capítulo triste e afunda as últimas esperanças de um possível retorno em 2025.

Trata-se da icônica e centenária Saraiva, que teve sua falência decretada em outubro de 2023.

Agora, ela acaba de ter um dos seus últimos ativos, o domínio “saraiva.com.br”, colocado em leilão por uma “mixaria” em 2025.

O site está em leilão pelo Registro BR, com lances iniciais de apenas R$ 40, após a marca deixar de renová-lo.

Diante disso, a equipe especializada em economia do TV Foco, baseada em informações oficiais do próprio site Registro BR, Exame e G1, traz todos os detalhes sobre esse leilão e todo o cenário que levou a Saraiva à quebra.

Dados do leilão:

Conforme dito acima, o domínio da Saraiva foi incluído na lista de leilões após não ser renovado pelo Registro BR.

Inclusive, qualquer brasileiro cadastrado no órgão pode participar dos lances:

• Os organizadores do leilão realizaram a primeira rodada de ofertas entre os dias 12 e 19/02;

• Mas, como houve mais de um interessado, adiaram o leilão para os próximos processos de liberação, marcados para 12/03/2025 e 09/04/2025;

• A lista dos domínios participantes será divulgada dois dias antes de cada data.

Segundo informações disponíveis no site do Registro BR, órgão responsável pela administração de domínios no Brasil, o leilão do domínio “saraiva.com.br” segue o procedimento padrão.

Em declaração ao Exame, um representante do Registro BR explicou que:

“Domínios de marcas conhecidas, como o da Saraiva, costumam atrair múltiplos interessados, o que pode elevar o valor final do leilão.”

No entanto, até o momento, não há novas informações sobre lances significativos ou compradores interessados em adquirir o domínio.

A trajetória de declínio da Saraiva

A Saraiva, a qual já foi sinônimo de cultura e entretenimento em shoppings de todo o país, começou a enfrentar sérias dificuldades financeiras a partir de 2018, quando entrou em recuperação judicial.

• A empresa acumulava uma dívida de R$ 675 milhões e tentou se reestruturar fechando lojas físicas e migrando para o comércio eletrônico.

• No entanto, os esforços não foram suficientes para reverter o quadro.

• Entre maio e junho de 2023, a Saraiva fechou 13 unidades consideradas estratégicas, incluindo a icônica loja do mencionado Shopping Tatuapé, um ponto de referência para os amantes de livros, cultura geek e música na Zona Leste de São Paulo.

• Em setembro do mesmo ano, a empresa anunciou o encerramento de todas as suas lojas físicas, marcando o fim de uma era para os consumidores.

Falência decretada:

A 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo decretou oficialmente a falência em outubro de 2023.

O juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho apontou o descumprimento do plano de recuperação judicial como motivo para a decisão.

Com isso, a empresa deixou de existir tanto no meio físico quanto no digital, o que resultou na exclusão de seus perfis nas redes sociais e na descontinuação de suas operações online.

Além disso, a empresa informou oficialmente que a RSM Brasil Auditores Independentes deixaria de prestar serviços à rede:

“Com o fim do processo de recuperação judicial, a empresa entra em falência definitiva, e a administração dos bens será específica a um administrador judicial” – informaram os autos.

A empresa ainda possuía:

• Estoques de livros e itens de papelaria, totalizando um valor estimado de R$ 21 milhões;
• Além disso, a mesma ainda tinha R$ 250 milhões em créditos a serem recebidos em processos judiciais.

Declarações dos representantes legais

Ainda em outubro de 2023, por meio de uma petição apresentada pelo TWZ Advogados, escritório que representou a Saraiva, e obtida com exclusividade pela Bloomberg Línea, foram apresentadas algumas alegações:

“A Saraiva encontra-se atualmente em uma grave (e insanável) crise econômico-financeira e não tem mais qualquer possibilidade de dar prosseguimento à sua atividade empresarial.”

“Por mais que tenha reunido as condições necessárias para pleitear a sua recuperação judicial, como o fez há 5 (cinco) anos, no final de 2018, a situação é, hoje, ainda mais delicada, não havendo mais alternativa senão o requerimento de sua própria falência, para a liquidação da empresa e o pagamento de seus credores” – Finalizou a Saraiva no documento.

Impacto cultural e emocional

Vale destacar que a Saraiva não era apenas uma livraria, mas um espaço de convivência e cultura.

A unidade do Shopping Tatuapé, por exemplo, era conhecida por sediar eventos literários e lançamentos de livros, além de ser um ponto de encontro para fãs de diversos nichos.

O fechamento das lojas e a falência da empresa geraram comoção entre os consumidores, que lamentaram a perda de um dos maiores nomes do varejo brasileiro.

O anúncio de falência da centenária gerou forte comoção, especialmente entre os consumidores que frequentavam as lojas físicas e sentiram a ausência de um dos maiores nomes do mercado editorial, conforme podem ver no vídeo abaixo:

Até o momento, não foram encontradas manifestações públicas adicionais da Saraiva sobre sua falência além dos comunicados oficiais mencionados.

Mas, o que restou da Saraiva?

• Hoje, não há mais vestígios da Saraiva nem no meio digital.
• Conforme apurado pelo TV Foco, todos os seus perfis nas redes foram de fato deletados.

Embora existam empresas com nomes semelhantes, as mesmas não possuem qualquer ligação com a antiga livraria.

Para os consumidores, resta a lembrança de uma empresa que foi sinônimo de cultura e inovação no varejo brasileiro.

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