Falência: Qual supermercado com 224 lojas encerrou e teve rombo de R$4B no Brasil?

R$ 4 bilhões pelos ares, 224 lojas fechadas e falência: o colapso de um dos supermercados mais emblemáticos após 41 anos de história
Durante décadas, os supermercados se consolidaram como pilares do cotidiano brasileiro. Mais do que pontos de venda, eles se transformaram em espaços de convivência, abastecimento e sustento de milhões de famílias.
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Desde o pós-guerra, o setor alimenta a economia nacional, conecta produtores ao consumidor final e garante empregos diretos e indiretos em praticamente todos os estados.
Por isso, quando uma grande rede enfrenta dificuldades ou encerra suas operações, o impacto ultrapassa as gôndolas:
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- O desemprego cresce;
- A concorrência diminui;
- O poder de compra do consumidor sofre.
Inclusive, foi exatamente o que ocorreu com a Casas da Banha, uma das maiores redes de supermercados da história do país, que sucumbiu a uma crise devastadora e fechou as portas após mais de quatro décadas de operação.
De acordo com um levantamento baseado em informações do portal Wiki e em registros históricos da época, trazemos abaixo a trajetória da empresa, a qual reflete um retrato fiel de como políticas econômicas, decisões de gestão e transformações no varejo moldaram e, até mesmo, arruinaram impérios nacionais.
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Um império das carnes
Fundada oficialmente em 1955, no Rio de Janeiro, a Casas da Banha cresceu rapidamente e se tornou referência no setor alimentício, especialmente no comércio de carnes.
Mas, seu auge veio mesmo nos anos 1970, quando a marca ganhou projeção nacional ao patrocinar o lendário Chacrinha, o “Velho Guerreiro”, na antiga TV Tupi.
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Em um gesto que ficou marcado na memória do público, o apresentador atirava bacalhaus para a plateia, promovendo de forma criativa e carismática os produtos da rede.
Durante seu período de expansão, a Casas da Banha abriu unidades em diversos estados.
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Em São Paulo, a rede operava em cidades como:
- São Paulo;
- São Bernardo do Campo;
- Osasco;
- Mauá;
- São Caetano do Sul;
- Guarulhos;
- Ribeirão Pires.
Em Minas Gerais, as filiais se espalharam por:
- Belo Horizonte;
- Cataguases;
- Juiz de Fora;
- Barbacena;
- Muriaé;
- Montes Claros;
- Além Paraíba;
- Janaúba;
- Januária;
- Francisco Sá;
- Pirapora;
- Leopoldina.
O início da crise
No entanto, embora fosse um grande sucesso no meio, seu colapso começou em 1986, com a implantação dos planos econômicos heterodoxos do governo federal, chamados de Planos Cruzado I e II.
O congelamento de preços imposto na época atingiu em cheio o modelo de negócios da Casas da Banha, que operava com margens apertadas e grande volume de produtos perecíveis.
No entanto, à época, o advogado da empresa classificou as medidas de congelamento como um “absurdo”.
Em 1991, a companhia tentou conter o impacto adotando controle financeiro rigoroso e fechando parte de suas lojas.
A situação se agravou com o Plano Collor, que confiscou recursos das empresas e aprofundou o desequilíbrio de caixa.
Demissões em massa e fechamento de lojas
Em seu auge, a Casas da Banha empregava cerca de 22 mil trabalhadores.
No início dos anos 90, o número despencou para 9 mil, e a empresa acumulava uma dívida de US$ 2 milhões em salários atrasados.
Para quitar parte dos débitos, a rede vendeu 149 lojas a antigos proprietários e manteve 75 unidades fechadas à espera de negociação, incluindo o tradicional restaurante Porcão, totalizando 224 lojas encerradas.
Em 1992, uma decisão judicial determinou a demissão de mais 3,5 mil funcionários, acelerando o desmonte da operação.
No ano seguinte, a empresa enfrentava 9 mil processos trabalhistas, número reduzido posteriormente a 800 após o pagamento de indenizações em 2,8 mil casos.
Quando a Casas da Banha faliu de vez?
O desfecho veio em março de 1999, quando o juiz Luiz Felipe Salomão, da 2ª Vara de Falências e Concordatas, decretou oficialmente a falência da Casas da Banha, conforme reportou o Diário do Comércio.
Posteriormente, o advogado da rede, Alfredo Bumachar, informou que a sentença foi emitida após confissão formal da própria empresa, que reconheceu não ter condições de se recuperar financeiramente.
A decisão judicial concedeu 20 dias para que credores comprovassem seus créditos e estabeleceu prioridade no pagamento das dívidas trabalhistas, estimadas em US$ 5 milhões na época.
Não foram localizadas declarações oficiais sobre as demissões ou a decretação final da falência. Mas o espaço segue aberto para manifestações posteriores.
O que significou o fim da Casas da Banha?
O fim da Casas da Banha não representou apenas a queda de uma rede de supermercados, simbolizou o colapso de um modelo de negócios que não resistiu às mudanças econômicas e às intervenções estatais da época.
Além disso, o caso serve como exemplo emblemático de como decisões macroeconômicas e crises de gestão podem transformar um império de R$ 4 bilhões em lembrança e um alerta sobre a fragilidade estrutural do varejo nacional. Mas, para mais histórias como essa, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.