Falência: Qual varejista foi varrida do mapa após ser engolida pelas Casas Bahia?

Descubra como a gigante nascida ainda na década de 50 acabou sendo engolida pela Casas Bahia e o que causou o colapso.

28/11/2025 10h00

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Varejista foi engolida pela Casas Bahia após ter sua falência decretada (Foto Reprodução/Montagem/Lennita/Tv Foco/Canva/Logo.Net/Acervo Blog)

Descubra como a gigante nascida ainda na década de 50 acabou sendo engolida pela Casas Bahia e o que causou o colapso

O setor de eletrodomésticos no Brasil não apenas vendeu produtos como impulsionou o desenvolvimento econômico e social do país. Grandes redes varejistas democratizaram o crédito, popularizaram o acesso a bens duráveis e transformaram o ato de comprar em um símbolo de ascensão social.

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Neste cenário de progresso, uma rede se destacou como verdadeira pioneira: a Ultralar.

Fundada ainda em 1956 por Ernesto Igel, o mesmo visionário por trás da Ultragaz, a Ultralar nasceu com uma missão estratégica que era popularizar o fogão a gás.

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Na época, esse utensílio só pertencia ao privilégio da elite, mas Igel percebeu que o crescimento da sua distribuidora de gás dependia da expansão desse mercado doméstico.

E o plano deu certo:

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  • Rapidamente, a Ultralar se consolidou como uma referência nacional em eletrodomésticos e itens para o lar, tornando-se um símbolo de modernidade.

O seu fim, no entanto, foi um choque para o mercado; em meio a uma falência decretada pela Justiça e engolida pelas Casas Bahia, ela acabou varrida do mapa ainda no início dos anos 2000.

Com base em informações contidas no portal Wiki e Folha de S.Paulo, trazemos abaixo todo o desenrolar dessa história que ainda dá muito o que falar no setor…

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Viabilizando meios

Conforme destacamos acima, a criação da Ultralar foi um ponto de virada no comércio. A rede popularizou a venda de fogões e utensílios domésticos para alavancar o consumo do principal produto do Grupo Ultra.

Inclusive, quem viveu em seus tempos mais áureos conhece bem o seu slogan: “Na Ultralar dá pé”, o qual de fato entrou para o imaginário popular e fortaleceu a marca ainda mais.

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Nos anos 60, a empresa reforçou sua presença nacional ao patrocinar o telejornal Ultra Notícias na TV Tupi. Sua solidez era tanta que, em 1970, suas ações chegaram a integrar o prestigioso Índice Bovespa (Ibovespa), onde permaneceram até 1973.

O ápice:

Mas o auge de sua ambição veio mesmo em 1974, com a inauguração do Ultracenter Ultralar, na Marginal Pinheiros, em São Paulo.

O empreendimento antecipava a tendência dos grandes magazines, combinando uma loja de eletrodomésticos com um centro de compras, no formato de hipermercado.

O projeto, porém, era complexo e exigia um capital gigantesco. Apenas um ano depois, em 1975, o Grupo Ultra vendeu o Ultracenter para o Carrefour, que acabava de desembarcar no Brasil.

Esse episódio sinalizou o início de uma reavaliação estratégica dentro do Grupo Ultra.

Da venda à decadência:

Mas as coisas começaram a declinar a partir dos anos 80. Na época, o Grupo Ultra decidiu focar em seus segmentos principais (gás e petroquímica) e iniciou uma política de desinvestimento.

A rede Ultralar, com 44 lojas espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, foi vendida ao Grupo Susa Vendex, fruto da união entre Victor Malzoni e o grupo holandês Vendex.

Sob nova gestão, a marca virou Ultralar & Lazer, incorporando lojas da Sears. Contudo, a parceria não durou:

  • A dissolução do Grupo Susa Vendex nos anos 90 fragmentou a administração;
  • Concorrentes mais agressivos, como Casas Bahia e Ponto Frio, dominaram o mercado de crédito popular;
  • A hiperinflação da época e as sucessivas trocas de moeda esmagaram o poder de compra e elevaram os custos operacionais.

A Ultralar, fragilizada pela fragmentação e pelas crises econômicas, não conseguiu acompanhar o ritmo de transformação do varejo.

Quando a Ultralar faliu?

A grave crise financeira culminou em 8 de maio de 2000, quando o juiz Marcel Laguna Duque Estrada, da 6ª Vara de Falências e Concordatas do Rio de Janeiro, decretou oficialmente a falência da Ultralar.

A ação de falência foi movida pela fornecedora paulista Anis Razuk Indústria e Comércio Ltda., que cobrava uma dívida de R$ 148,2 mil (em valores da época). A decisão judicial encerrou uma trajetória de quase meio século, evidenciando a incapacidade da rede de se adaptar às novas dinâmicas de crédito.

O Diário do Grande ABC noticiou o colapso, destacando que a empresa simplesmente não conseguiu liquidar suas dívidas ou manter as operações.

Conforme pudemos apurar, a rede não apresentou nenhuma defesa ou posicionamento formal à imprensa ou ao processo judicial. No entanto, apesar do tempo, o espaço segue em aberto.

Conforme mencionamos logo no início do texto, pouco antes da falência, a Ultralar tentou vender suas operações. Mas, enquanto o Ponto Frio, o qual na época ainda não pertencia ao mesmo grupo, demonstrou interesse, a Casas Bahia avançou.

Foi aí que, em maio de 2000, já sob intervenção judicial, a Casas Bahia adquiriu integralmente a Ultralar, incorporando suas 17 lojas em funcionamento e todos os seus ativos.

A transação consolidou a Casas Bahia como a maior varejista de eletrodomésticos do país, garantindo sua liderança.

A falência da Ultralar marcou o fim de uma era no varejo brasileiro, na qual a confiança do consumidor não bastava para sustentar grandes magazines frente à revolução do crédito e à competição voraz.

Mas, para saber mais informações sobre outras varejistas que acabaram, clique aqui*

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Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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