Falência: Qual varejista foi varrida do mapa após ser engolida pelas Casas Bahia?

Descubra como a gigante nascida ainda na década de 50 acabou sendo engolida pela Casas Bahia e o que causou o colapso
O setor de eletrodomésticos no Brasil não apenas vendeu produtos como impulsionou o desenvolvimento econômico e social do país. Grandes redes varejistas democratizaram o crédito, popularizaram o acesso a bens duráveis e transformaram o ato de comprar em um símbolo de ascensão social.
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Neste cenário de progresso, uma rede se destacou como verdadeira pioneira: a Ultralar.
Fundada ainda em 1956 por Ernesto Igel, o mesmo visionário por trás da Ultragaz, a Ultralar nasceu com uma missão estratégica que era popularizar o fogão a gás.
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Na época, esse utensílio só pertencia ao privilégio da elite, mas Igel percebeu que o crescimento da sua distribuidora de gás dependia da expansão desse mercado doméstico.
E o plano deu certo:
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- Rapidamente, a Ultralar se consolidou como uma referência nacional em eletrodomésticos e itens para o lar, tornando-se um símbolo de modernidade.
O seu fim, no entanto, foi um choque para o mercado; em meio a uma falência decretada pela Justiça e engolida pelas Casas Bahia, ela acabou varrida do mapa ainda no início dos anos 2000.
Com base em informações contidas no portal Wiki e Folha de S.Paulo, trazemos abaixo todo o desenrolar dessa história que ainda dá muito o que falar no setor…
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Viabilizando meios
Conforme destacamos acima, a criação da Ultralar foi um ponto de virada no comércio. A rede popularizou a venda de fogões e utensílios domésticos para alavancar o consumo do principal produto do Grupo Ultra.
Inclusive, quem viveu em seus tempos mais áureos conhece bem o seu slogan: “Na Ultralar dá pé”, o qual de fato entrou para o imaginário popular e fortaleceu a marca ainda mais.
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Nos anos 60, a empresa reforçou sua presença nacional ao patrocinar o telejornal Ultra Notícias na TV Tupi. Sua solidez era tanta que, em 1970, suas ações chegaram a integrar o prestigioso Índice Bovespa (Ibovespa), onde permaneceram até 1973.
O ápice:
Mas o auge de sua ambição veio mesmo em 1974, com a inauguração do Ultracenter Ultralar, na Marginal Pinheiros, em São Paulo.
O empreendimento antecipava a tendência dos grandes magazines, combinando uma loja de eletrodomésticos com um centro de compras, no formato de hipermercado.
O projeto, porém, era complexo e exigia um capital gigantesco. Apenas um ano depois, em 1975, o Grupo Ultra vendeu o Ultracenter para o Carrefour, que acabava de desembarcar no Brasil.
Esse episódio sinalizou o início de uma reavaliação estratégica dentro do Grupo Ultra.
Da venda à decadência:
Mas as coisas começaram a declinar a partir dos anos 80. Na época, o Grupo Ultra decidiu focar em seus segmentos principais (gás e petroquímica) e iniciou uma política de desinvestimento.
A rede Ultralar, com 44 lojas espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, foi vendida ao Grupo Susa Vendex, fruto da união entre Victor Malzoni e o grupo holandês Vendex.
Sob nova gestão, a marca virou Ultralar & Lazer, incorporando lojas da Sears. Contudo, a parceria não durou:
- A dissolução do Grupo Susa Vendex nos anos 90 fragmentou a administração;
- Concorrentes mais agressivos, como Casas Bahia e Ponto Frio, dominaram o mercado de crédito popular;
- A hiperinflação da época e as sucessivas trocas de moeda esmagaram o poder de compra e elevaram os custos operacionais.
A Ultralar, fragilizada pela fragmentação e pelas crises econômicas, não conseguiu acompanhar o ritmo de transformação do varejo.
Quando a Ultralar faliu?
A grave crise financeira culminou em 8 de maio de 2000, quando o juiz Marcel Laguna Duque Estrada, da 6ª Vara de Falências e Concordatas do Rio de Janeiro, decretou oficialmente a falência da Ultralar.
A ação de falência foi movida pela fornecedora paulista Anis Razuk Indústria e Comércio Ltda., que cobrava uma dívida de R$ 148,2 mil (em valores da época). A decisão judicial encerrou uma trajetória de quase meio século, evidenciando a incapacidade da rede de se adaptar às novas dinâmicas de crédito.
O Diário do Grande ABC noticiou o colapso, destacando que a empresa simplesmente não conseguiu liquidar suas dívidas ou manter as operações.
Conforme pudemos apurar, a rede não apresentou nenhuma defesa ou posicionamento formal à imprensa ou ao processo judicial. No entanto, apesar do tempo, o espaço segue em aberto.
Conforme mencionamos logo no início do texto, pouco antes da falência, a Ultralar tentou vender suas operações. Mas, enquanto o Ponto Frio, o qual na época ainda não pertencia ao mesmo grupo, demonstrou interesse, a Casas Bahia avançou.
Foi aí que, em maio de 2000, já sob intervenção judicial, a Casas Bahia adquiriu integralmente a Ultralar, incorporando suas 17 lojas em funcionamento e todos os seus ativos.
A transação consolidou a Casas Bahia como a maior varejista de eletrodomésticos do país, garantindo sua liderança.
A falência da Ultralar marcou o fim de uma era no varejo brasileiro, na qual a confiança do consumidor não bastava para sustentar grandes magazines frente à revolução do crédito e à competição voraz.
Mas, para saber mais informações sobre outras varejistas que acabaram, clique aqui*
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.
