Fracassos de Audiência – “Bang Bang” (2005)

A partir de hoje, toda sexta-feira será o dia de relembrar uma novela cuja audiência ficou aquém ao que a emissora esperava na época. Curiosamente, a grande maioria é composta de novelas recentes, nascidas após uma maior distribuição da audiência pelas emissoras (antes era tudo bem monopolizado pela Globo). A novela de hoje, então, será uma que deu muita dor de cabeça à emissora de Roberto Marinho em 2005: “Bang Bang”.

“Bang Bang” nasceu de uma ideia que o autor Mário Prata teve durante a década de 1980, e o plano original era fazer uma minissérie na Manchete. Muita água passou debaixo desta ponte, e o projeto acabou se tornando uma novela das 19h na Globo.

Com um a história inovadora, “Bang Bang” seria uma história de Velho Oeste americano com toques bem tupiniquins e pitadas de crítica social afiada. Embora os personagens vivessem no meio do século XIX, muitas piadas e referências eram do século XX. O nome da personagem Penny Lane, por exemplo, remetia a uma música dos Beatles. Diana Bullock, Ben Silver, Vegas Locomotiv e outros nomes eram todos brincadeiras ou pequenas homenagens a pessoas ou eventos verídicos.

Para a dupla de protagonistas, a Globo escalou a modelo e apresentadora Fernanda Lima para contracenar com Bruno Garcia, que dividiam as atenções com um grande elenco de estrelas da emissora: Ney Latorraca, Marisa Orth, Giulia Gam, Marco Ricca, Alinne Moraes e muitos outros.

Antes da estreia, o autor estava confiante. Em entrevista para a Folha Ilustrada, ele disse que “Bang Bang” daria ou mais de 40 pontos ou menos de 30, não haveria meio termo. Como na época o esperado era 35 pontos, Mário Prata imaginava que sua novela iria muito bem ou muito mal. Como sabemos hoje em dia, a trama afundou como o Titanic, e muitos capítulos chegaram a dar 22 pontos, fazendo a alegria da concorrência (no caso, a novela “Prova de Amor” da Record).

O público rejeitou a história e alegou que a trama tinha um desenrolar lento e nomes difíceis para os personagens. Com os índices decrescentes de audiência, mais gente foi levando a culpa do fracasso, e a corda arrebentou no lado mais fraco, no caso o lado da Fernanda Lima. Sua atuação podia não ser primorosa, mas estava longe de ser um “Cigano Ígor” da vida.

A crítica de televisão do Brasil também não se decidia o que queria, porque ao mesmo tempo que muitos reclamavam das piadas mais elaboradas, houve quem reclamou do nível pastelão que a trama adotou apósCarlos Lombardi (“Uga Uga”, “Kubanacan”) assumir as rédeas da novela. Sim, houve uma troca de autor após problemas de saúde de Mário Prata.

Olhando de hoje, parece que essa caça às bruxas com “Bang Bang” foi uma implicância generalizada. A novela não era chata, o humor não era vulgar e havia uma história interessante para ser contada. O público, aquele que sempre reclama da mesmice das novelas, rejeitou a inovação e a vida de todo mundo seguiu como sempre. Menos a de Fernanda Lima, que hoje se dedica exclusivamente à apresentação de programas, e a de Mário Prata, que se afastou definitivamente das novelas desde então.

Portal POP – Blogs – Coisas de Novela – Fábio Gárcia