Interdição, leilão e lacrado: O fim de shopping clássico de SP e paulistanos entristecidos

Relembre o encerramento das atividades do Shopping Capital

O Shopping Capital, localizado na Avenida Paes de Barros, na Mocca, encerrou definitivamente suas atividades em 2012. A trajetória do empreendimento reúne uma sequência de erros de gestão, irregularidades, disputas e falhas de fiscalização.

Inaugurado em maio de 2006, o shopping lidou com problemas desde o início. Primeiramente, o projeto aprovado pela Prefeitura previa a construção de uma universidade e um teatro.

No entanto, os responsáveis entregaram um centro comercial de três andares acima do permitido e uma área construída superior à autorizada no aval inicial.

Diante das irregularidades, a Prefeitura lacrou o imóvel pela primeira vez em 2007 e aplicou multas aos proprietários.

Porém, decisões judiciais provisórias permitiram que o Shopping Capital continuasse funcionando de forma irregular.

Condições internas do Shopping Capital

As condições internas do empreendimento também foram alvo de denúncias. De acordo com o relato do advogado Daniel Alcântara Nastri Cerveira, ao Diário do Comércio, o local operava apenas com um banheiro em funcionamento.

O empreendimento contava apenas com uma escada rolante ativa, escadas sem corrimão e grande parte do espaço era tomada por poeira de obras inacabadas.

Desse modo, a Suprefeitura da Mocca aplicou multa de R$ 39,7 mil, mas não conseguiu encerrar as atividades de forma definitiva devido à chamada “guerra de liminares” no Judiciário.

Batalha judicial e pedido de demolição

Ainda em 2006, o Ministério Público entrou com uma ação judicial pedindo a demolição da parte excedente da construção.

Na época, a promotora Mabel Tucunduva apontou falhas graves na fiscalização e indícios de improbidade administrativa, o que levou à abertura de inquérito policial para apurar a conduta de servidores municipais.

Eduardo Odloak, o então subprefeito da Mocca, afirmou que a Prefeitura colaborava com as investigações, mas reconheceu dificuldade para agir diante da lentidão da Justiça.

Desde então, o Ministério Público passou a defender que a operação do shopping era juridicamente insustentável, mas o processo de demolição nunca saiu do papel.

A falta de licença de funcionamento provocou um ciclo de abre e fecha, com inúmeras cassações de liminares que mantinham o empreendimento aberto.

Além disso, o imóvel foi colocado em leilão duas vezes, sendo a última em 2024 com o valor estipulado em R$ 135 milhões.

No entanto, o empreendimento não recebeu nenhum lance. Desde então, lojistas e clientes abandonaram o espaço.

Ocupação

Em 2018, o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou os administradores do Shopping Capital a indenizar os lojistas prejudicados.

Porém, a promessa nunca se concretizou. A taxa de ocupação, que começou em 72,7%, despencou para 19,2% em dois anos.

Daniel Alcântara garantiu uma indenização de R$ 15 mil por danos morais a cada lojista, além da devolução de valores investidos e aluguéis pagos.

Em seguida, em 2015, famílias em situação de vulnerabilidade social ocuparam o prédio, que estava completamente abandonado.

Estimativas indicam que cerca de 200 pessoas passaram a viver no local, de acordo com informações da Folha de S.Paulo.

Qual é a situação do empreendimento atualmente?

Por fim, em 2025, o prédio do antigo Shopping Capital continua abandonado, segundo informações apuradas com exclusividade pelo TV Foco.

Porém, o processo judicial, que se arrasta há anos, segue sem decisão final. A Prefeitura afirma que aguarda um posicionamento da Justiça para agir.