Intervenção do Banco Central: O fim de banco popular do RJ e venda colossal ao Itaú

De uma intervenção à venda colossal ao Itaú: Saiba o que está por trás do fim de um dos maiores bancos que já existiram no Rio de Janeiro
Após a intervenção do Banco Central, um dos principais bancos do Rio de Janeiro, que foi um dos principais símbolos das finanças fluminenses, foi à lona e teve seu fim em meio a uma série de adversidades.
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Trata-se do Banco do Estado do Rio de Janeiro (BANERJ), que teve o que restou de sua estrutura vendida, em um leilão, ao Itaú, encerrando décadas de história.
Sendo assim, a partir de informações do Portal Wiki, a equipe especializada em economia do TV Foco mergulha novamente nessa história, a qual marcou milhares de correntistas, sobretudo, cariocas.
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Existência estratégica
O BANERJ nasceu em 1945 como Banco da Prefeitura do Distrito Federal e, ao longo das décadas seguintes, consolidou-se como o principal agente financeiro do Estado do Rio de Janeiro.
Ao operar arrecadações, folhas de pagamento e tributos estaduais, ele conseguiu:
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- Sustentar a máquina pública;
- Marcar presença em todos os municípios fluminenses;
- Ter mais de 250 agências espalhadas pelo Brasil.
Durante os anos 70 e 80, o banco ampliou sua atuação.

Ao intermediar recursos do Estado, pagava salários de servidores, administrava benefícios previdenciários e mantinha uma rede de atendimento ampla, chamada Caixa Verde.
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O BANERJ tornou-se, então, um elo direto entre o governo estadual e a população fluminense.
Os primeiros sinais do fim:
Mas o modelo ruiu em 1987, quando o Banco Central decretou intervenção temporária por meio de Regime de Administração Especial Temporária (RAET).
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Inclusive, essa decisão veio após a instituição apresentar problemas graves de liquidez, degradação de ativos e dependência excessiva de recursos públicos.
Para piorar, em dezembro de 1994, um novo abalo afetou suas estruturas quando uma auditoria revelou um déficit de R$ 515 milhões.
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O banco dispunha de apenas R$ 400 milhões em garantias. O rombo escancarou falhas de gestão, fragilidade do modelo bancário estatal e inviabilidade financeira.
Foi aí que o Banco Central interveio novamente.
Uma nova era?
Em janeiro de 1996, o governo estadual repassou a gestão do banco ao Banco Bozano Simonsen, por meio de licitação pública.
A nova direção tomou medidas drásticas, as quais davam uma certa alusão ao que poderia ser uma nova era:
- Demitiu cerca de 5.800 funcionários;
- Fechou 12% das agências;
- Implementou taxas inéditas.
Apesar do corte profundo, o BANERJ voltou a registrar lucro, adotou autoatendimento, integrou-se a sistemas bancários e criou seu site institucional.
Itaú toma tudo para si
Em 26 de junho de 1997, o governo estadual colocou o BANERJ à venda e foi leiloado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
Avaliado em R$ 181 milhões, foi arrematado por R$ 311 milhões pelo Itaú — único participante da concorrência.
O Itaú assumiu 99,97% do capital social e herdou:
- 190 agências;
- 1,7 milhão de clientes;
- Toda a infraestrutura comercial.

Além disso, o Estado manteve os passivos — estimados em R$ 3,1 bilhões — e repassou os ativos restantes à empresa estatal BANERJ DTVM.
Por fim, o Itaú iniciou, ainda em 1997, o processo de absorção da marca e encerrou, silenciosamente, a identidade institucional do banco.
Vale destacar que durante o processo de liquidação e venda, autoridades estaduais justificaram a medida como necessária para conter o avanço da dívida pública e recuperar o equilíbrio fiscal.
O então governador Marcello Alencar, responsável direto pela privatização, defendeu a venda como “inevitável” e alinhada às diretrizes do Programa de Reestruturação do Sistema Financeiro Estadual, conduzido em parceria com o governo federal.
O que ficou no lugar do BANERJ?
- Após a venda, o Itaú incorporou toda a estrutura do BANERJ.
- Desativou a rede Caixa Verde, padronizou os serviços e fechou agências.
- Em 2004, encerrou-se o contrato como agente financeiro exclusivo do Estado.
- Já em 2011, o Bradesco comprou o BERJ — último vestígio do sistema — por R$ 1,773 bilhão, assumindo as contas de mais de 400 mil servidores.
Já, o antigo edifício-sede do BANERJ, o “Banerjão“, localizado na Avenida Presidente Vargas, passou à posse da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), que ainda hoje o utiliza como parte de sua estrutura.
Conclusão:
Em suma, a história do BANERJ ilustra os limites do modelo de bancos estaduais frente à má gestão e pressões fiscais.
Além disso, seu fim marcou a dissolução da autonomia financeira do Estado do Rio de Janeiro e a consolidação da concentração bancária no Brasil.
O legado institucional, embora invisível nas ruas, permanece vivo na memória de seus ex-funcionários, que criaram uma associação para preservar seu acervo.
Por fim, a trajetória do BANERJ serve de crônica sobre o enfraquecimento das finanças públicas e a ascensão de um sistema bancário cada vez mais privado, centralizado e distante da população.
Mas, para saber mais sobre outros bancos e histórias como essa, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.