Intervenção do Banco Central: O fim de banco popular do RJ e venda colossal ao Itaú

De uma intervenção à venda colossal ao Itaú: Saiba o que está por trás do fim de um dos maiores bancos que já existiram no Rio de Janeiro.

02/07/2025 10h39

5 min de leitura

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Banco histórico do RJ deixou de existir após intervenção do BC e compra pelo Itaú (Foto Reprodução/Montagem/Lennita/Tv Foco/Canva)

De uma intervenção à venda colossal ao Itaú: Saiba o que está por trás do fim de um dos maiores bancos que já existiram no Rio de Janeiro

Após a intervenção do Banco Central, um dos principais bancos do Rio de Janeiro, que foi um dos principais símbolos das finanças fluminenses, foi à lona e teve seu fim em meio a uma série de adversidades.

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Trata-se do Banco do Estado do Rio de Janeiro (BANERJ), que teve o que restou de sua estrutura vendida, em um leilão, ao Itaú, encerrando décadas de história.

Sendo assim, a partir de informações do Portal Wiki, a equipe especializada em economia do TV Foco mergulha novamente nessa história, a qual marcou milhares de correntistas, sobretudo, cariocas.

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Banerj (Foto: Reprodução / Internet)

Existência estratégica

O BANERJ nasceu em 1945 como Banco da Prefeitura do Distrito Federal e, ao longo das décadas seguintes, consolidou-se como o principal agente financeiro do Estado do Rio de Janeiro.

Ao operar arrecadações, folhas de pagamento e tributos estaduais, ele conseguiu:

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  • Sustentar a máquina pública;
  • Marcar presença em todos os municípios fluminenses;
  • Ter mais de 250 agências espalhadas pelo Brasil.

Durante os anos 70 e 80, o banco ampliou sua atuação.

Banco histórico do RJ teve extinção após intervenção do Banco Central e venda ao Itaú (Foto Reprodução/Montagem/Lennita/Tv Foco/Canva)
Banerj foi extinto na década de 90 após intervenção do Banco Central (Foto Reprodução/Internet)

Ao intermediar recursos do Estado, pagava salários de servidores, administrava benefícios previdenciários e mantinha uma rede de atendimento ampla, chamada Caixa Verde.

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O BANERJ tornou-se, então, um elo direto entre o governo estadual e a população fluminense.

Os primeiros sinais do fim:

Mas o modelo ruiu em 1987, quando o Banco Central decretou intervenção temporária por meio de Regime de Administração Especial Temporária (RAET).

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Inclusive, essa decisão veio após a instituição apresentar problemas graves de liquidez, degradação de ativos e dependência excessiva de recursos públicos.

Para piorar, em dezembro de 1994, um novo abalo afetou suas estruturas quando uma auditoria revelou um déficit de R$ 515 milhões.

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O banco dispunha de apenas R$ 400 milhões em garantias. O rombo escancarou falhas de gestão, fragilidade do modelo bancário estatal e inviabilidade financeira.

Foi aí que o Banco Central interveio novamente.

Uma nova era?

Em janeiro de 1996, o governo estadual repassou a gestão do banco ao Banco Bozano Simonsen, por meio de licitação pública.

A nova direção tomou medidas drásticas, as quais davam uma certa alusão ao que poderia ser uma nova era:

  • Demitiu cerca de 5.800 funcionários;
  • Fechou 12% das agências;
  • Implementou taxas inéditas.

Apesar do corte profundo, o BANERJ voltou a registrar lucro, adotou autoatendimento, integrou-se a sistemas bancários e criou seu site institucional.

Itaú toma tudo para si

Em 26 de junho de 1997, o governo estadual colocou o BANERJ à venda e foi leiloado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.

Avaliado em R$ 181 milhões, foi arrematado por R$ 311 milhões pelo Itaú — único participante da concorrência.

O Itaú assumiu 99,97% do capital social e herdou:

  • 190 agências;
  • 1,7 milhão de clientes;
  • Toda a infraestrutura comercial.
Agência Itaú (Foto: Sergio Moraes/Reuters)
Itaú comprou o BABERJ e herdou toda sua estrutura (Foto: Reprodução/Sergio Moraes/Reuters)

Além disso, o Estado manteve os passivos — estimados em R$ 3,1 bilhões — e repassou os ativos restantes à empresa estatal BANERJ DTVM.

Por fim, o Itaú iniciou, ainda em 1997, o processo de absorção da marca e encerrou, silenciosamente, a identidade institucional do banco.

Vale destacar que durante o processo de liquidação e venda, autoridades estaduais justificaram a medida como necessária para conter o avanço da dívida pública e recuperar o equilíbrio fiscal.

O então governador Marcello Alencar, responsável direto pela privatização, defendeu a venda como “inevitável” e alinhada às diretrizes do Programa de Reestruturação do Sistema Financeiro Estadual, conduzido em parceria com o governo federal.

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O que ficou no lugar do BANERJ?

  • Após a venda, o Itaú incorporou toda a estrutura do BANERJ.
  • Desativou a rede Caixa Verde, padronizou os serviços e fechou agências.
  • Em 2004, encerrou-se o contrato como agente financeiro exclusivo do Estado.
  • Já em 2011, o Bradesco comprou o BERJ — último vestígio do sistema — por R$ 1,773 bilhão, assumindo as contas de mais de 400 mil servidores.

Já, o antigo edifício-sede do BANERJ, o “Banerjão“, localizado na Avenida Presidente Vargas, passou à posse da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), que ainda hoje o utiliza como parte de sua estrutura.

Conclusão:

Em suma, a história do BANERJ ilustra os limites do modelo de bancos estaduais frente à má gestão e pressões fiscais.

Além disso, seu fim marcou a dissolução da autonomia financeira do Estado do Rio de Janeiro e a consolidação da concentração bancária no Brasil.

O legado institucional, embora invisível nas ruas, permanece vivo na memória de seus ex-funcionários, que criaram uma associação para preservar seu acervo.

Por fim, a trajetória do BANERJ serve de crônica sobre o enfraquecimento das finanças públicas e a ascensão de um sistema bancário cada vez mais privado, centralizado e distante da população.

Mas, para saber mais sobre outros bancos e histórias como essa, clique aqui*.

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Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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