Cantor prestigiado do Brasil morre aos 89 anos após falência múltipla dos órgãos e luto toma conta do país em meio à tristeza
O cantor Hermeto Pascoal morreu no último dia 13 de setembro de 2025, aos 89 anos, no Hospital Samaritano Barra, no Rio de Janeiro. A causa oficial foi falência múltipla dos órgãos, consequência de um estado de saúde delicado que já o afastava das grandes turnês havia algum tempo.
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Porém, mesmo assim, ele nunca se entregou à ideia de parar. Continuava produzindo, revisitando composições antigas, planejando novos projetos. Para quem o conhecia, era difícil imaginar Hermeto longe da música, porque ele parecia respirar dentro dela. E talvez por isso sua morte tenha deixado a sensação de vazio em tantos músicos e admiradores.
Nascido em 22 de junho de 1936, em Lagoa da Canoa, no interior de Alagoas, Hermeto cresceu cercado por sons que a maioria das pessoas não percebia. O vento, a água, os bichos, o silêncio cortado pelo ruído da vida rural: tudo virava música para ele.
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Contudo, sem estudar em conservatório, aprendeu sozinho a manipular acordeão, piano, flauta, saxofone, violão e praticamente qualquer coisa que pudesse vibrar. Usava panelas, garrafas, brinquedos, o que estivesse à mão. Não havia fronteiras. Desde cedo, mostrou que não enxergava diferença entre música e vida. Para Hermeto, era uma coisa só.
Sua carreira, que começou nos anos 60 e nunca mais parou, cruzou gêneros de forma quase desafiadora. Ele misturou samba, forró, jazz, improviso livre e sons experimentais sem nunca pedir licença. Recusava rótulos.
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Em 2024, pouco antes de completar 90 anos, lançou Pra você, Ilza, um tributo emocionado à sua companheira de vida, Ilza Souza Silva, falecida em 2000, com quem teve seis filhos. A música para ele era também uma forma de manter viva a memória da mulher que tanto o acompanhou.
O que Hermeto Pascoal fez além de cantar?
Não bastasse a música, sua vida também virou livro. Vitor Nuzzi lançou a biografia Quebra tudo! A arte livre de Hermeto Pascoal, que tentou traduzir a dimensão de um artista que nunca aceitou viver em caixinhas. Era um trabalho difícil, quase impossível, porque Hermeto não cabia em definições fáceis.
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O “Bruxo”, como ficou conhecido, transformava cada aparição em um acontecimento. Quem esteve em seus shows sabe que nunca se repetia: o público, os músicos e até ele mesmo descobriam a música no instante em que ela acontecia.
Além disso, mesmo nos últimos anos, já com a saúde mais frágil, ele não abandonou os palcos. Tocava menos, claro, mas quando surgia em apresentações ou entrevistas, levava junto a mesma energia de sempre. Muitos músicos jovens viam nele não só um mestre, mas uma espécie de farol. Ele ensinava sem dar aula, só de estar presente. Seu método era simples: não se apegar ao que já sabia, sempre procurar o que ainda não tinha sido tocado.
Por fim, a família, em comunicado emocionado, pediu que a despedida de Hermeto não fosse apenas de lágrimas. Queria que as pessoas lembrassem dele ouvindo a natureza, percebendo o canto dos pássaros, o barulho da chuva, o sopro do vento.
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