Colocado contra parede, Marcius Melhem explica ausência de atores negros no elenco do Tá No Ar

Tv Foco mostra hoje atrizes brasileiras dos anos 1990 já chegaram aos 50 anos, mas continuam arrancando suspiros por onde passam.
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Marcelo Adnet e Marcius Melhem estrelam o Tá no Ar. (Foto: Reprodução)

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Jornal teve notícia sobre ego de Susana Vieira na Globo (Foto: Divulgação)

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Moderninho, descolado, inclusivo e contra todas as formas de preconceito, o Tá No Ar, humorístico da Globo, não possui nenhum ator negro em seu elenco.

Marcius Melhem, ator e roteirista do programa, falou sobre o caso. Durante a apresentação da nova temporada, para jornalistas, alunos e professores de artes cênicas, uma convidada perguntou por que o Tá no Ar ainda não tem um ator negro entre seus 12 comediantes. Melhem ficou surpreso e, mesmo escolhendo cautelosamente as palavras, não convenceu muito quem estava lá.

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“Ter atores negros é sempre uma questão e em toda temporada o [Marcelo] Adnet levanta isso. É até uma dificuldade pra gente, a química de formar o elenco se dá por muitas razões. É óbvio que a gente gostaria de ter um ator negro, por uma questão de representatividade. Quando a gente precisa, a gente traz como convidado, mas talvez seja mesmo uma falha nossa não ter conseguido encontrar alguém e falar ‘essa pessoa vai encaixar’. De fato, a gente lamenta”, disse o ator.

Ele ainda disse que atores como marcelo Marrom e Roberta Rodrigues já foram sondados para a atração, nas primeiras temporadas, mas, por incompatibilidade de agendas, não puderam aceitar o convite.

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“A gente discute muito como a gente vai falar desse assunto, porque não é nosso lugar de fala. Então fazemos um mea-culpa, sempre do ponto de vista do branco. A própria cena [do Branco do Brasil] expunha que nós não tínhamos negros entre nós, era só a figuração. Tentamos lidar com essa ausência sem fingir que essa questão não existe. Na verdade, a gente está dizendo ‘olha como até aqui não tem'”, declarou ele. Vale dizer que na redação e na direção também não há profissionais negros, de acordo com o colunista Daniel Castro.

E acrescentou: “O programa não é agressivo, ele é contundente, levanta questões de forma muito clara. A gente sempre está muito atento à questão da intolerância. Religiosa, comportamental, sexual, de todo tipo. Falar que a gente toma partido parece que partidariza, mas não é isso. Temos um olhar humanista sobre as questões, sobre direitos, liberdade, até onde podem se meter na nossa vida”.

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E mais: “Nós ficamos sabendo se as pessoas gostaram ou não, mas é óbvio que, fazendo um programa muito provocativo, já sabemos que vai agradar aqui e desagradar ali. Tem deputado que fala, mas geralmente nós não respondemos. Não vou ficar dando atenção para reclamaçãozinha de deputado”, declarou.

Sobre a criação do programa, Adnet contou: “A gente se alimenta de tudo o que é produzido na TV. É um desafio enorme concorrer com a realidade hoje em dia, coisas estranhíssimas acontecem. A televisão é um Black Mirror, é um espelho do Brasil. Tudo o que está no ar a gente pirateia da nossa maneira, para tentar dar a um novo sentido e fazer o telespectador se enxergar dentro desse conteúdo”, conclui Adnet.

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Marcelo Adnet e Marcius Melhem no “Tá no Ar”. (Foto: Divulgação)

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