Tremembé: O mega valor preparado à Elize Matsunaga por entrevista e presente macabro do marido morto

A série Tremembé reacende o caso Matsunaga; Entenda como a condenada por esquartejar o marido vive e o preço de contar sua história.
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Saiba quanto Elize Matsunaga ganhou para participar do documentário retratado em uma das cenas da série Tremembé (Foto Reprodução/Montagem/TV Foco/Lennita/Cena da série Tremembé da Prime Amazon/ Foto retirada do documentário de Elize, da Netflix/ Fundo/Real Rádio/)

Saiba quanto Elize Matsunaga ganhou para participar do documentário retratado em uma das cenas da série Tremembé (Foto Reprodução/Montagem/TV Foco/Lennita/Cena da série Tremembé da Prime Amazon/ Foto retirada do documentário de Elize, da Netflix/ Fundo/Real Rádio/)

A série Tremembé reacende o caso Matsunaga; Entenda como a condenada por esquartejar o marido vive e o preço de contar sua história

Desde que a série Tremembé estreou no Prime Video, os bastidores do presídio de segurança mais famoso do país voltaram ao centro das discussões públicas e passaram a dividir opiniões.

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A série, inspirada em casos reais e ambientada na Penitenciária de Tremembé, conhecida como “a prisão dos famosos”, também reacendeu o interesse sobre os crimes mais brutais e midiáticos até agora.

Entre os nomes que reaparecem com força, temos o de Elize Matsunaga, condenada por matar e esquartejar o marido, Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro da Yoki Alimentos.

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Um crime dramatizado

Apesar de o crime cometido em 2012 ainda causar repulsa pelo grau de violência e pela frieza com que foi executado, ao mesmo tempo, faz com que muitos sintam uma “certa empatia” por Elize.

Isso por conta da forma como ele a tratava e até mesmo pelas razões por trás de tamanha atrocidade.

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Inclusive, em uma das cenas dramatizadas pela trama, mostra com muita veracidade o momento em que ela executa Marcos.

Filmagens reais do elevador com Elize e as malas com o corpo do marido, amplamente televisionadas/ Cena da sequência do assassinato dramatizado na série Tremembé (Foto Reprodução/Montagem/Lennita/TV Foco/YouTube/ Prime)

O crime seguiu a seguinte sequência:

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As investigações revelaram que o casal mantinha uma relação marcada por infidelidade, controle e agressões físicas e psicológicas.

Marcos, que havia conhecido Elize em 2004 por meio de um site de acompanhantes, sustentava a amante enquanto ainda era casado. Após o divórcio, eles se casaram e tiveram uma filha.

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Em 2012, Elize descobriu uma nova traição e contratou um detetive para registrar o flagrante.

Conforme exposto pela série, em meio a uma discussão violenta, Elize atira na cabeça do marido e consolida o assassinato.

A oferta para o documentário da Netflix

Ainda em 2021, já presa, Elize voltou aos holofotes com o documentário Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime, lançado pela Netflix. Foi sua primeira entrevista pública desde o crime.

Essa produção mergulhou na história com acesso inédito a 21 horas de depoimentos da condenada, além de entrevistas com:

Porém, nos bastidores da vida real, a negociação foi muito mais delicada do que foi retratada na série…

A diretora do documentário, Thaís Nunes, em entrevista à Folha de S.Paulo, disse que Elize, na verdade, não recebeu pagamento direto por sua participação.

Cena do documentário de Elize Matsunaga, produção Netflix (Foto: Reprodução/YouTube)

Além disso, a entrevista só aconteceu após 18 meses de tratativas conduzidas pelo produtor Gustavo Melo.

Ainda assim, a série Tremembé adaptou essa narrativa e optou por encenar o advogado de Elize explicando que havia até um valor proposto, mas que o montante mal cobria suas dívidas com advogados e outras pendências legais e que não sobraria praticamente nada para ela.

Ou seja, o suposto “mega valor” preparado para ela, o qual o público especulou, nunca se traduziu em lucro pessoal e sim moral.

A própria diretora afirmou que a motivação de Elize era registrar a própria versão dos fatos para a filha, que, na época do crime, tinha apenas seis meses.

Um presente macabro

Entretanto, um dos elementos mais perturbadores do caso, relatado pelo Blog do Acervo de O Globo, é o fato de a arma usada no assassinato ter sido um presente do próprio marido morto.

O casal possuía 33 armas de fogo, e a pistola Imbel calibre .380, que tirou a vida de Marcos, fazia parte da coleção doméstica.

Modelo pistola Imbel calibre .380 (Foto Reprodução/YouTube)

Ou seja, um objeto, oferecido em tempos de harmonia, transformou-se no símbolo trágico da ruína de ambos.

O preço da notoriedade:

Condenada em 2016 a 16 anos e três meses de prisão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, Elize cumpriu dez anos de pena e obteve liberdade condicional em 2022.

Atualmente, ela vive em São Paulo e, até onde foi noticiado, aparentemente trabalha como motorista de aplicativo, segundo informações do jornalista Ulisses Campbell, autor da biografia Elize Matsunaga – A Mulher que Esquartejou o Marido.

Campbell, que também roteirizou Tremembé, revelou que Elize passou a usar o sobrenome de solteira e evita qualquer exposição pública.

Seu principal objetivo, segundo relatos próximos, é manter algum tipo de contato com a filha, atualmente adolescente, que vive sob a guarda dos avós paternos.

Quem interpretou Elize Matsunaga em Tremembé?

Em Tremembé, Elize é retratada por Carol Garcia, que entrega uma atuação visceral.

A atriz traduz a complexidade emocional de uma mulher que transita entre a culpa, racionalidade e autopreservação.

Sua performance devolve à personagem um desconforto inevitável, com o público levado a encarar a humanidade de alguém que cometeu um ato monstruoso.

A série, dirigida por Vera Egito, apesar de não ser 100% fiel a todos os fatos, dramatiza a rotina e os dilemas morais de criminosos conhecidos, como Suzane von Richthofen, os irmãos Cravinhos e o casal Nardoni.

Inclusive, a produção se baseia em relatos, autos processuais e arquivos públicos, sem envolvimento direto das presas retratadas.

De acordo com Egito, o objetivo não é absolver, mas compreender o sistema e as circunstâncias que cercam essas pessoas.

Lembrando que o caso Matsunaga, assim como os demais retratados, escancara não apenas a anatomia de um crime passional, mas também a forma como o público consome tragédias reais.

Por fim, Tremembé reforça a discussão sobre os limites éticos do true crime, um gênero que desperta curiosidade e é muito consumido por milhares de pessoas, como exige cuidado para não transformar assassinos em protagonistas de espetáculo.

Além disso, serve como símbolo para uma sociedade que ainda busca entender até onde vai o peso da punição e onde começa o direito de uma pessoa dada como monstruosa narrar a própria história.

Mas, para saber mais sobre Elize Matsunaga e a herança deixada por Marcos, clique aqui*.

Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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