O carnavalesco, cenógrafo e comentarista do carnaval na Globo Milton Cunha deu uma entrevista para a jornalista Leda Nagle em vídeo publicado nesta quinta-feira (26).

“Entrei na UFP, em 1982 me formo em Belém do Pará, coloco o diploma em baixo do braço, o diploma é uma segurança, o estudo abre as janelas, o pensamento. O estudo te faz refletir. Eu avisei: “Papai, estou indo embora” e ele disse que não ia me ajudar”. Eu falei: “Eu não estou pedindo ajuda, estou te informando que eu vou embora”, e eles não acreditaram”, declarou.

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No entanto, ele revelou que seu pai mudou de ideia na última hora. “Eu comprei a passagem em um pau de arara, barra pesadíssima mesmo, caindo aos pedaços. Quando eu desço a escada, meu pai está lá me esperando. Ele disse: ‘Vou te levar na rodoviária’. Eu banhado de lágrimas, e ele declarou: ‘Está fazendo o que eu deveria ter feito quando tinha sua idade’. Naquela hora eu percebi que ele tinha uma alma que poderia ter ido para o sonho, para a luta, mas ele perdeu o bonde dele, então ele estava sentindo de alguma forma que eu poderia estar realizando meus sonhos”, disse.

No entanto, antes disso sofreu muito. “Eu apanhei muito, porque eu era muito extravagante, muito desmunhecado, eu era uma criança incontrolável, eu já era muito. Meus pais ficaram enlouquecidos, não sabiam o que fazer comigo. Me colocando no lugar deles, deve ser complicadíssimo uma família católica, classe média baixa, anos 60, Belém do Pará. Quatro anos de idade eu lembro dele me falar: ‘Esse teu olhar, esse teu olho tem alguma coisa estranha’ (risos)”, comentou.

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