Novelas curtas: um caminho sem volta
Nos últimos tempos, tem-se discutido se o principal produto da TV brasileira, que são as telenovelas, devem ou não passar por uma reformulação em sua forma e conteúdo. Depois do grande sucesso da novela “Avenida Brasil”, de João Emanuel Carneiro, o telespectador foi apresentado a um novo modo de se ver novelas. Após escrever duas teledramaturgias mais próximas ao tradicional folhetim, como “Da Cor do Pecado” e “Cobras e Lagartos”, Carneiro obteve êxito fazendo dessas novelas sucessos absolutos de audiência, apoiado em uma boa história e com ótimos intérpretes. Quem não se lembra das vilãs Bárbara e Leona, interpretadas respectivamente por Giovana Antonelli e Carolina Dieckmann?
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Desde que foi promovido ao principal horário de novelas da Globo – devido ao estrondoso sucesso de seus trabalhos anteriores – e tendo a responsabilidade de manter a atenção do público no programa de maior audiência da TV brasileira, João Emanuel Carneiro mudou um pouco seu estilo quanto à trama, mas sempre manteve a essência de uma história simples e forte, com personagens fortes, além de vilões complexos e bem construídos, os quais fazem a trama avançar plenamente. Em “A Favorita” pudemos presenciar uma trama simples, de vingança (bem anterior à série “Revenge”), ódio e paixão ao mesmo tempo, que consagrou Patrícia Pillar como uma das maiores vilãs da teledramaturgia brasileira, e que nos deixou abismados perante tal talento e capacidade artísticas. Em “Avenida Brasil”, novamente o autor explorou a questão da vingança, adicionando vários personagens coadjuvantes que muito se aproximaram da chamada classe média brasileira, causando uma empatia imediata com a audiência. O que essas últimas duas tramas no horário nobre têm em comum? Tramas ágeis, rápidas e cheias de reviravoltas. E são essas características que podem estar cada vez mais presentes nas novelas a partir dos próximos anos, se novelas mais curtas passarem, de fato, a ser a regra e não a exceção, como “Meu Pedacinho do Chão”, recém estreada e que terá pouco mais de 100 capítulos.
Desde alguns anos, em um mundo o qual tem como fatos consolidados a presença da internet, smartphones, TV a cabo acessível, ou seja, rápido acesso á informação, desenhava-se um cenário no qual cada vez mais os produtos para televisão adquiriam um novo formato, capaz de prender a atenção do público, que hoje em dia está se dispersando para essas outras formas de entretenimento. Seguindo um pouco a fórmula dos atuais seriados americanos, que no gênero dramático costumam ter temporadas de séries menores (entre 13 e 16 episódios), é normal reavaliar nosso maior produto. É fato que brasileiro gosta de telenovelas, sempre foi habituado a assisti-las. Temos uma ótima equipe de autores, atores de capacidade comprovada e indiscutível, equipes técnicas e estruturas que não devem em nada à séries americanas.
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Creio que, para o público, o melhor caminho seria o encurtamento, pois já existe essa cultura do imediatismo incorporado por formatos estrangeiros e pela vida corrida que todos levamos, especialmente nas cidades grandes. Talvez o ideal seja que a duração fique por volta de 5 meses ou cerca de 125/130 capítulos (podendo ter um pouco a mais ou um pouco a menos em anos eleitorais ou de eventos de grande porte como Copa do Mundo e Olimpíadas), e tão importante quanto o número de capítulos, é ter elencos bem menores. Hoje em dia, muitas novelas têm entre 60 e 80 atores, o que é um exagero. Os elencos teriam que ter entre 20 e 30 atores, e todos teriam espaço para brilhar e mostrar seu talento e trabalho ao público. Acabariam, assim, os casos de atores insatisfeitos com seus personagens ao longo da novela. Tomando essas duas medidas, as novelas ficariam mais dinâmicas, sem a famosa “barriga”, e todos se beneficiariam: atores teriam mais espaço para desenvolver seus personagens, além de poderem se dedicar ao teatro, cinema e publicidade, caso coincidisse com a novela, seria por um curto período de tempo; Os autores, além de entregarem novelas mais dinâmicas e atraentes, dedicariam mais tempo a escrever outros projetos, como livros, peças teatrais, minisséries, etc.
Por outro lado, a Globo teria que aumentar a estrutura com mais estúdios, pois a quantidade de produções simultâneas aumentaria – sairia de 2 produções anuais em cada horário, para 3 produções. Além disso, um número maior de autores teria que ser contratado para suprir a nova demanda. Esses dois “empecilhos”, todavia, seriam rapidamente contornados pela segunda maior emissora do mundo, afinal, nos últimos tempos, ela já tem dado chances e renovado seu time de roteiristas. Só nos últimos anos tivemos Lícia Manzo, Filipe Miguez, Izabel de Oliveira, Claudia Lage, João Ximenes Braga, Carlos Gregório, Marcos Bernstein, Thelma Guedes, Duca Rachid, George Moura, entre outros.
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Atualmente, o diretor-geral da TV Globo, Carlos Henrique Schroeder, está promovendo uma série de reuniões com atores, autores e diretores, além de pesquisas com o público, para discutir novos rumos para a emissora, inclusive para as novelas. A tendência é que a Globo se planeje para que siga essa tendência de tramas mais curtas e, no máximo em 2016, coloque em prática essa nova política. Parece mesmo ser um caminho sem volta, mas isso não significa que seja ruim para todos, muito pelo contrário.
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Texto escrito pelo leitor Fernando Schiavi Leite
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Autor(a):
TV Foco News
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