Descubra o que o seu coração e cérebro querem dizer quando você ronca, os efeitos do barulho noturno e como garantir noites tranquilas e seguras

Dormir parece simples, mas o sono guarda mistérios que mexem diretamente com a nossa saúde. Uma noite mal dormida não se resume apenas a cansaço no dia seguinte; ela pode ser um alerta de que algo mais sério está acontecendo.

E, quando o ronco entra em cena, o corpo pode estar tentando dizer muito mais do que imaginamos. Afinal de contas pode ser um recado do cérebro e até mesmo do coração. Mas o que serão esses recados?

O que acontece quando você ronca?

O ronco nem sempre é apenas um som incômodo. Em muitos casos, ele indica a apneia obstrutiva do sono, doença caracterizada por pausas repetidas da respiração durante a noite.

De acordo com o portal da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, essas paradas acontecem porque a garganta se fecha parcial ou totalmente devido ao relaxamento da musculatura, comum em:

• Pessoas obesas;
• Idosos;
• Quem apresenta alterações anatômicas, como queixo pequeno, adenóide ou amígdalas grandes.

Essas interrupções reduzem a oxigenação do sangue, obrigando o coração a trabalhar mais durante o descanso, resultando em:

• Pressão alta;
• Risco maior de infarto;
• Arritmia;
• Diabetes;
• Até mesmo um AVC.

Além disso, o cérebro também paga a conta, uma vez que desperta várias vezes sem que o paciente perceba, deixando o sono fragmentado e de baixa qualidade.

O que o ronco tem a ver com o coração?

Ademais, alguns estudos recentes reforçam o alerta. Pesquisadores de Harvard acompanharam mais de 114 mil pessoas por 30 anos e constataram que até mesmo ruídos baixos durante a noite elevam a atividade cerebral e, a longo prazo, aumentam o risco de problemas cardiovasculares.

Isso inclui não só o ronco, mas também barulhos constantes de ventiladores, ar-condicionado e até o famoso “ruído branco”.

De acordo com a pneumologista Jessica Polese, esses estímulos ativam respostas involuntárias no cérebro, comprometendo o descanso profundo e, com o tempo, o coração.

Como diagnosticar e tratar?

A pneumologista Roberta Barcellos Couto destaca que o diagnóstico da apneia vem de avaliação clínica e exame de polissonografia.

Em casos graves, mais de 30 pausas de respiração por hora de sono, o tratamento indicado é o uso do CPAP, aparelho que mantém a via aérea aberta com fluxo contínuo de ar.

Em alguns pacientes jovens e obesos, a perda de peso pode reduzir ou até eliminar o problema.

O CPAP, na maioria dos casos, acompanha o paciente para a vida toda, mas garante noites de sono tranquilo e maior qualidade de vida.

Como ter um sono tranquilo e proteger o coração?

Para melhorar a qualidade do sono e reduzir riscos à saúde:

1. Evite exercícios intensos até 3 horas antes de dormir.
2. Reduza o consumo de álcool, café, energéticos e chocolates à noite.
3. Feche portas e janelas em locais barulhentos.
4. Não durma com TV ou rádio ligados.
5. Use ventiladores silenciosos.
6. Evite cochilos longos durante o dia (20 a 30 minutos no máximo).
7. Mantenha horários regulares para dormir e acordar.

Ou seja, o ronco não deve ser tratado como simples incômodo doméstico. Ele pode ser um sinal de alerta do coração e do cérebro. Ignorar esses sinais significa arriscar a saúde de forma silenciosa.

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