O que deu errado em “Saramandaia”?

Trama não foi bem na audiência ao longo de sua exibição

A atual novela das 23h da Globo, “Saramandaia”, chega ao fim na noite de hoje. A trama que foi adaptada por Ricardo Linhares da obra original do inesquecível Dias Gomes não fechará com uma boa média geral de audiência, estima-se que 14 pontos em SP.

Desse modo, ficará sendo então a pior média geral de todas, perdendo para as antecessoras, “O Astro” e “Gabriela”, que fecharam com cerca de 19 pontos de média. A meta é de 18 pontos para a faixa.

Mas o que deu errado em “Saramandaia”? Acredito que alguns fatores podem ser elencados. Primeiro, os tempos são outros, o surrealismo ora novidade naqueles tempos, hoje já pode ser considerado um tema batido, principalmente quando se fala de novelas.

Outro fator de destaque que pode ter influenciado essa repulsa do público foi o casal protagonista do folhetim, vivido por José Mayer e Lilia Cabral. Definitivamente eles não demonstraram química em cena, não conquistaram os telespectadores.

Os personagens bizarros, que requereram grande investimento da emissora em efeitos especiais, também não causaram o impacto desejado nos noveleiros. Dona Redonda (Vera Holtz), João Gibão (Sergio Guizé), e tantos outros que podem ser citados, apesar da boa caracterização, não atraíram a audiência esperada.

Por último, e, a meu ver, o fator mais importante, foi o humor que a novela, ao longo da maior parte de sua exibição, apresentou. Para essa faixa, destinada aos remakes, é preciso escolher tramas antigas que sejam com um cunho mais dramático e que permitam, assim, expor o que outros horários não permitem.

“Saramandaia” até apresentou um pouco desse lado que é proibido em outras faixas, mas poderia ter explorado mais. Assim como o fizeram “O Astro” e “Gabriela”, e ganharam com isso.

Novela leve, com o humor como um dos enfoques principais, e em tom de deboche, não pode ser novela das 23h, esse papel tradicionalmente é feito pelas tramas da faixa das 19h.

Segundo dizem, “O Semideus” (1973), “O Rebu” (1974), “Tieta” (1989) e “Xica da Silva” (1996) encabeçam a lista de possíveis novos remakes para o horário. Que a emissora aprenda com os erros recentes e acerte nas novas produções.

Texto: Danyllo Junior (danyllojunior@hotmail.com)

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