OPINIÃO | Bizarra, O Outro Lado do Paraíso é a maior prova recente de que audiência não significa qualidade

Tv Foco mostra hoje atrizes brasileiras dos anos 1990 já chegaram aos 50 anos, mas continuam arrancando suspiros por onde passam.

11/05/2018 14h58

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O Outro Lado do Paraíso comprova diferença entre audiência e qualidade (Foto: Divulgação/Globo)
O Outro Lado do Paraíso comprova diferença entre audiência e qualidade (Foto: Divulgação/Globo)

O Outro Lado do Paraíso comprova diferença entre audiência e qualidade (Foto: Divulgação/Globo)

Bizarra. Este é o melhor termo para definir O Outro Lado do Paraíso. A trama do horário das 21h da Globo chega ao fim na noite desta sexta-feira (11) com um acumulado grandioso nos números de audiência associado a variados problemas dramatúrgicos, os quais comprovam a diferença entre audiência e qualidade.

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Vários elementos configuraram-se como problemáticos na novela. Incontáveis furos foram identificados ao longo de sua exibição, como o do melhor advogado do país que não conseguiu tirar a avó-tia do manicômio e a protagonista sedenta por vingança que não sabia como se vingar dos algozes; núcleos com temas importantes foram tratados com humor escrachado e/ou de forma muito equivocada, como o da sexualidade (que envolveu o recente beijo gay), da violência contra a mulher e o nanismo de Estela (Juliana Caldas); houve excesso de personagens e tramas paralelas desnecessárias, como Diego (Arthur Aguiar) e sua namorada; atores de alto nível que foram sub ou mal aproveitados em personagens, como Zezé Motta (Mãe), Nathália Timberg (Beatriz), Lima Duarte (Josafá), Grazi Massafera (Lívia) e Juca de Oliveira (Natanael).

No entanto, em uma análise geral, aponta-se o roteiro de Walcyr Carrasco como o maior problema de O Outro Lado do Paraíso. Sabe-se que uma novela precisa ter linguagem acessível, de fácil entendimento e compreensão. Inclusive, João Emanuel Carneiro quis ousar com uma linguagem mais rebuscada e complexa e acabou tropeçando com sua A Regra do Jogo (2015). No entanto, o roteiro da novela não tem de ser simplista, didático ao extremo e tremendamente bizarro, como foi o da novela atual de Walcyr.

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Atuação de Marieta Severo como Sophia foi uma das coisas boas da trama (Foto: Reprodução/Globo)

Atuação de Marieta Severo como Sophia foi uma das coisas boas da trama (Foto: Reprodução/Globo)

Em resposta aos críticos por meio de entrevista ao Gshow, o autor declarou que “críticos […] procuraram realismo em uma novela que nunca quis ser realista”. Entretanto, cabe uma tréplica. As observações, especialmente por parte da coluna, sempre estiveram atreladas ao roteiro seguindo a premissa de se tratar de um produto dramatúrgico, independentemente de ser ou não uma obra não realística. Nesse sentido, não ser realista não quer dizer que a obra possa errar com furos ou com linguagem simplista e vergonhosa, uma vez que isso rebaixa automaticamente a qualidade geral do produto. Aliás, a escrita de Walcyr nesta obra muito nos lembrou dos melodramas mexicanos.

Ressalta-se ainda que os pilares de O Outro Lado do Paraíso foram: as boas atuações, em especial de Fernanda Montenegro (Mercedes), Marieta Severo (Sophia), Bianca Bin (apesar da fraca Clara), Gloria Pires (apesar da esquecível Elisabeth); mais um grande acerto de Mauro Mendonça Filho numa direção artística altamente audaciosa e caprichosa, ao lado de André Felipe Binder, responsável pela direção geral do folhetim, e também vale destacar a agilidade do roteiro, que se torna um bom atrativo, apesar do nível.

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Que o objetivo de Segundo Sol seja ir além da escalada de audiência às 21h.

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As opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do TV Foco

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Autor(a):

Escreve artigos de opinião sobre televisão desde 2009. Enfermeiro, Mestrando da UFRN, autor de livro - Morte Gêmea - e contos, e apaixonado pelos afins da televisão. Integra a equipe do TV Foco/iG desde maio de 2013, assinando atualmente a coluna semanal ‘Ligado na TV’, na qual lança seu olhar sobre o curioso universo televisivo. (e-mail: [email protected])

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