Podemos nos conectar com quem já morreu?

Pouco se sabe sobre o que acontece após a morte, mas muitos tentam contatar os mortos em busca de consolo; O que diz a ciência e quais os riscos reais por trás disso?
Conforme até mencionamos em matérias anteriores, pouco se sabe sobre o que acontece depois da morte, o que alimenta dúvidas, medos e uma busca insistente por respostas.
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Para muitos, o luto acende o desejo de se reconectar com entes queridos por meio de métodos espirituais:
- Sessões mediúnicas;
- Cartas psicografadas;
- Tabuleiros ouija;
- Até mesmo aplicativos e “médiums” online.
Mas, a promessa é uma só: Atravessar o véu invisível entre vivos e mortos.
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No entanto, por mais que “existam mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”, conforme escreveu Shakespeare, em Hamlet, permanece a pergunta — seria mesmo possível se comunicar com os mortos como nos filmes?
O que diz a ciência?
Do ponto de vista científico, não há evidência empírica que comprove a comunicação com os mortos.
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A psicologia, a neurologia e a psiquiatria tratam a percepção de vozes, sensações ou visões ligadas a falecidos como fenômenos naturais do cérebro humano, principalmente em contextos de luto.
Em um estudo publicado na revista The Lancet Psychiatry, pesquisadores da Universidade de York (Reino Unido) identificaram que 46% das pessoas enlutadas relataram experiências sensoriais ligadas aos mortos — ouvir a voz, sentir a presença, ver vultos.
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Esses episódios, embora reais para quem os vive, são considerados manifestações mentais relacionadas ao luto intenso, e não necessariamente ao contato espiritual.
A neurociência, por sua vez, aponta que o cérebro pode criar “presenças” em momentos de solidão, tristeza ou trauma.
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Em experimentos realizados pela Universidade de Genebra (Suíça), estímulos no córtex parietal do cérebro provocaram a sensação de que havia “alguém” por perto — mesmo em uma sala vazia.
Isso mostra como o cérebro pode induzir a sensação de contato com o invisível, sem qualquer elemento sobrenatural.
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O que diz a espiritualidade?
Já as tradições espirituais oferecem uma leitura bem diferente.
O espiritismo kardecista, por exemplo, sustenta que a alma sobrevive à morte e que é possível a comunicação entre vivos e mortos por meio de médiuns.
Segundo O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec (1861), os espíritos podem:
- Se manifestar para transmitir mensagens;
- Consolar os que ficaram;
- Esclarecer eventos.
Já as religiões afro-brasileiras, como o candomblé, umbanda e a quimbanda, tratam a relação com ancestrais e entidades espirituais como parte fundamental dos rituais.
Nessas tradições, os mortos seguem vivos em outra dimensão e se comunicam com os vivos sob certas condições espirituais e respeitando ritos específicos.
Ainda assim, até mesmo líderes religiosos e espiritualistas experientes alertam: não se deve buscar esse tipo de contato de forma leviana.
A espiritualidade séria exige preparo, conhecimento e respeito. “Brincadeiras” com tabuleiros ou sessões feitas sem orientação podem, segundo esses especialistas, abrir espaço para desequilíbrios emocionais e até espirituais.
Os riscos de práticas amadoras:
O uso de práticas mediúnicas sem preparo técnico ou orientação de especialistas representa um risco real à saúde mental.
Psicólogos alertam que o enlutado, fragilizado pela perda, pode se tornar vulnerável a fraudes, charlatanismo ou delírios.
Há relatos documentados de pessoas que desenvolveram episódios psicóticos ou agravaram quadros de ansiedade e depressão após práticas como tentativa de psicofonia ou consultas a supostos médiuns.
Em 2018, um estudo da Universidade de Durham, no Reino Unido, mostrou que médiuns autodeclarados apresentavam maior incidência de traços dissociativos:
- Sensação de estar fora do próprio corpo;
- Ouvir vozes;
- Perder a noção do tempo – o que, em certos contextos, pode ser confundido com transtornos mentais.
A distinção entre uma experiência espiritual e um surto psicótico, segundo especialistas, nem sempre é clara. Por isso, cautela e acompanhamento profissional são indispensáveis.
Como lidar com a morte, então?
A ciência e a espiritualidade não oferecem uma resposta definitiva sobre o que acontece depois da morte.
Mas ambas apontam para a importância de elaborar o luto com consciência, acolhimento e apoio.
Psicólogos recomendam terapias focadas no luto, grupos de apoio e, quando necessário, acompanhamento psiquiátrico.
Elaborar a perda não significa esquecer, mas encontrar formas saudáveis de manter o vínculo com quem se foi — por meio da memória, da homenagem e do legado afetivo.
Espiritualistas sérios também orientam que a saudade se transforme em prece, em gratidão, não em desespero ou busca compulsiva por respostas.
O contato verdadeiro, se existir, não pode ser forçado nem induzido artificialmente.
Conclusão
Em meio ao mistério que cerca a morte, a busca por contato com os mortos revela mais sobre os vivos do que sobre o além.
A ciência recomenda cautela e amparo psicológico; a espiritualidade, respeito e preparo.
Já práticas amadoras não são recomendadas, pois podem causar danos profundos. Diante do luto, acolher a dor com lucidez ainda é o caminho mais seguro. Mas, para saber outras curiosidades interessantes, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.