Queda no número de beneficiários do Bolsa Família chama atenção para programa do governo
O Bolsa Família passou por uma mudança significativa nos últimos meses. Segundo dados oficiais, mais de 1 milhão de famílias deixaram de receber o benefício em julho de 2024, marcando a primeira queda expressiva desde a pandemia de Covid-19.
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A informação foi divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). O número atual de beneficiários caiu para 19 milhões de famílias, pouco mais de 50 milhões de pessoas. Esse é o menor patamar desde julho de 2022, quando o programa atendia cerca de 18 milhões de famílias.
Durante o primeiro ano do governo Lula, em 2023, o Bolsa Família atingiu um recorde de beneficiários. Foram mais de 21,8 milhões de famílias atendidas e R$ 15 bilhões distribuídos apenas no mês de junho. Em 2024, o orçamento reservado ao programa chegou ao valor recorde de R$ 168,2 bilhões.
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O crescimento acelerado do programa levantou questionamentos. Empresários e políticos passaram a debater se o tamanho do benefício poderia impactar negativamente o mercado de trabalho, apesar do papel fundamental do Bolsa Família no combate à pobreza extrema.
Três motivos para a redução dos beneficiários do Bolsa Família
Segundo especialistas ouvidos pela EXAME, três fatores explicam a recente diminuição:
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Pente-fino no cadastro: O governo intensificou o cruzamento de dados para garantir que o benefício chegue apenas a quem realmente precisa. Essa checagem identificou irregularidades e reduziu fraudes, principalmente entre famílias unipessoais, que saltaram de 2 milhões para 5 milhões entre 2022 e 2023.
Regra de proteção: Criada em 2023, a regra permite que famílias com aumento temporário de renda permaneçam no programa por até 12 meses, recebendo metade do valor original. Isso evita penalizar quem conquistou um emprego, mas ainda está em situação de vulnerabilidade.
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Mercado de trabalho aquecido: A economia mais aquecida contribuiu para a redução da dependência do benefício. Logo, dados do governo indicam que cerca de 90% das famílias que entraram na regra de proteção conseguiram melhorar a renda com emprego formal.
O impacto das medidas
O valor médio do benefício passou de R$ 186,78 em dezembro de 2018 para R$ 607,14 em dezembro de 2022. Hoje, esse valor está em R$ 671,52. Segundo Marcelo Neri, diretor da FGV Social, esse crescimento foi importante, mas a queda atual é esperada e até saudável do ponto de vista fiscal.
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“Uma expansão tão forte é difícil de sustentar a longo prazo, especialmente do ponto de vista fiscal”, afirma o pesquisador. “É natural que haja uma desaceleração ou até uma queda, o que não é um problema.”
A regra de proteção também traz um diferencial chamado Retorno Garantido. Se a família que deixou o programa voltar a uma situação de pobreza, ela tem prioridade para retornar ao Bolsa Família sem precisar passar por toda a triagem novamente.
Mais de 1 milhão de beneficiários deixam o Bolsa Família
Portanto, segundo o governo, desde o ajuste nas regras e a melhoria na fiscalização, o número de famílias atendidas caiu em mais de 2,3 milhões entre 2022 e 2024.
Além disso, em julho deste ano, das famílias que deixaram o programa, 536 mil haviam completado os 24 meses na regra de proteção. Outras 385 mil ultrapassaram a renda de R$ 759 por pessoa, que representa meio salário mínimo.
As mudanças recentes no Bolsa Família refletem um esforço do governo para tornar o programa mais eficiente e direcionado. A redução no número de beneficiários não indica abandono, mas sim um ajuste necessário para garantir que o benefício chegue a quem realmente precisa. Ao mesmo tempo, o fortalecimento do mercado de trabalho contribui para essa nova realidade.
