Possessão? O que diz a ciência sobre seu corpo saltar enquanto você dorme

Alguns movimentos involuntários ocorrem de forma rotineira ao adormecer; Entenda o que a ciência diz, se representam perigo e como lidar com o fenômeno
Muita gente já se pegou no limiar do sono e, de repente, sentiu o corpo saltar involuntariamente, como se estivesse caindo de um penhasco invisível.
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A sensação é tão intensa que, por vezes, assusta até quem está ao lado…
Não faltam teorias populares para explicar o fenômeno, das mais lúdicas às sobrenaturais — incluindo a ideia de uma possessão espiritual ou influência de um “espírito obsessor”.
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No entanto, embora existam, de fato, mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia, a ciência trata esse fenômeno de forma bastante objetiva.
O nome técnico é mioclonia do sono, e as explicações, longe do misticismo, estão enraizadas na neurociência.
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O que a ciência diz
De acordo com o MSD Manuals, a mioclonia do sono é um tipo de espasmo muscular involuntário que ocorre nos primeiros estágios do adormecer.
Embora ainda haja lacunas na compreensão total do fenômeno, cientistas já avançaram em hipóteses plausíveis.
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Um estudo conduzido pela Universidade do Colorado (EUA) sugere que os espasmos podem ter origem em um mecanismo primitivo de sobrevivência:
- Quando nossos ancestrais dormiam em árvores, o relaxamento muscular profundo poderia ser interpretado pelo cérebro como um risco de queda.
O espasmo seria, portanto, um “sinal de alarme” para manter o corpo seguro.
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- Outra linha de estudo aponta para um conflito entre dois sistemas cerebrais: o que regula a vigília e o que induz o sono.
No momento de transição entre os dois estados, ocorre uma breve sobreposição de comandos.
Resultado: o corpo, momentaneamente confuso, reage com um movimento brusco.
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Esse tipo de mioclonia é classificado como fisiológica, ou seja, uma resposta natural do organismo que, na maioria das vezes, não indica nenhum distúrbio neurológico.
Ainda assim, há outros tipos de mioclonia que podem ter:
- Causas clínicas, como as associadas à epilepsia;
- Doenças autoimunes;
- Traumas.
Os espasmos são perigosos?
Na imensa maioria dos casos, não. Os espasmos noturnos não representam risco direto à saúde física, mas podem afetar a qualidade do sono.
Acordar com sobressaltos, sensação de queda ou até alucinações visuais e auditivas — o que também pode ocorrer — compromete o descanso e alimenta quadros de ansiedade e insônia.
Quando esses episódios se tornam frequentes e intensos, o ideal é procurar avaliação médica especializada.
Crianças e bebês também costumam apresentar mioclonia do sono.
Isso ocorre porque o sistema neurológico responsável por inibir os movimentos durante o sono ainda está em desenvolvimento.
Nesses casos, os espasmos fazem parte do amadurecimento natural do cérebro e, salvo intercorrências, não exigem intervenção clínica.
Como lidar com os espasmos noturnos?
Embora os espasmos não sejam, em si, um problema médico grave, é possível minimizar ou eliminar sua ocorrência com ajustes simples na rotina:
- Estabeleça um horário regular para dormir e acordar.
- Reduza a ingestão de cafeína e outros estimulantes, especialmente à noite.
- Evite atividades físicas intensas nas horas que antecedem o sono.
- Crie um ambiente propício para dormir (escuro, silencioso e confortável).
- Adote técnicas de relaxamento, como meditação ou respiração profunda.
- Trate condições associadas, como ansiedade ou distúrbios do sono.
Em casos mais persistentes, exames como a polissonografia — que monitora a atividade cerebral durante o sono — podem oferecer diagnósticos precisos e guiar o tratamento.
Conclusão:
Em suma, a mioclonia do sono pode até parecer um fenômeno estranho ou até sobrenatural à primeira vista, mas a ciência já desvendou boa parte de seu funcionamento.
Trata-se, na maioria das vezes, de uma resposta fisiológica do corpo, sem gravidade, mas que merece atenção quando começa a comprometer o descanso ou indicar outras condições neurológicas.
Entre mitos e hipóteses místicas, o que prevalece e importa é que o cérebro humano ainda guarda muitos enigmas — e esse é apenas um dos que conseguimos explicar.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.