Quem fica com quem? Fim original de Vale Tudo traz até relação a 3

Relembre os casais e desfechos da versão original de Vale Tudo (1988) e entenda como o remake atual atualiza as intrigas, traições e relações amorosas para o público atual

Um dos pontos altos do remake de Vale Tudo tem sido as intrigas, traições e os jogos de manipulação e sedução entre os personagens, elementos que prendem a atenção do público. Mas será que essas dinâmicas eram tão intensas e comuns na trama original de 1988?

Para entender, é importante revisitar como funcionavam as relações e os desfechos dos principais casais naquela época.

A novela Vale Tudo, exibida entre 1988 e 1989, também pela Globo, já explorava o tema das relações complexas e até polêmicas para a época, incluindo uma relação a três, chamada de trisal atualmente.

Lembrando que na época essa discussão sequer era discutida, o que causou um certo frisson entre os telespectadores.

Vale destacar que a autora Manuela Dias, no remake, mantém a tradição das alianças amorosas ambíguas, embora com algumas atualizações para a realidade contemporânea e a sensibilidade do público atual.

Muitos dos casais e conflitos clássicos, entretanto, tendem a se repetir ou a ganhar novas camadas ao longo da trama.

Quem fica com quem?

Na versão original, Raquel (Regina Duarte) e Ivan (Antonio Fagundes) viveram uma relação cheia de altos e baixos.

Apesar das idas e vindas e do longo período como amantes, eles terminam juntos, após Ivan cumprir pena na prisão por corrupção na empresa TCA, uma reviravolta que marcou a história da novela.

Heleninha (Renata Sorrah), por sua vez, enfrenta seus próprios demônios e admite a necessidade de ajuda ao frequentar os Alcoólicos Anônimos. Ela se recupera com o apoio de William (Dennis Carvalho), um executivo ligado à TCA que surge na reta final e com quem Heleninha se casa no civil.

Outro destaque é Maria de Fátima (Glória Pires), que, ao contrário do que muitos imaginavam, não terminou derrotada. Após sua separação de Afonso (Cássio Gabus Mendes), a vilã passa por uma transformação aparente, mora com a mãe e cuida do filho.

Porém, a trama reserva uma surpresa. César (Carlos Alberto Riccelli) retorna com uma proposta inusitada, em suma, ele mantém um relacionamento com Giovani, um nobre italiano que quer se tornar político.

Para evitar rumores sobre sua sexualidade, Giovani precisa de uma esposa. Assim, Maria de Fátima casa-se com ele, enquanto mantém César por perto, formando, na prática, um trisal.

Na época, essa configuração foi pouco explorada em debates públicos, mas hoje seria um tema discutido com mais naturalidade nas redes e na mídia.

O casal Afonso e Solange (Lídia Brondi) também tem seu desfecho feliz. Eles se reconciliam após a queda de Maria de Fátima, e o mistério sobre a paternidade da filha da jornalista cai por terra quando ela decide revelar que ele é o verdadeiro pai da menina. Assim, eles terminam juntos e satisfeitos.

Leila (Cássia Kiss), outra personagem central, após revelar ter matado Odete Roitman acidentalmente, foge do Brasil com o marido Marco Aurélio (Reginaldo Faria) e o filho Bruno (Danton Mello).

Essa fuga é símbolo do ápice das tensões da trama, inclusive com a famosa cena do executivo da TCA fazendo um gesto debochado enquanto o avião decola, cena essa que entrou para a história da teledramaturgia brasileira.

Outros personagens:

Os coadjuvantes também tiveram seus desfechos:

• Aldeíde (Lília Cabral) casa-se com André (Marcello Novaes) após se tornar rica e famosa.
• Poliana (Pedro Paulo Rangel) conquista a tímida secretária, Laís (Cristina Prochaska);
• Tiago (Fábio Villa Verde) termina feliz com Fernanda (Flávia Monteiro).
• Consuelo (Rosane Gofman), após se envolver com Olavo (Paulo Reis), termina visitando-o na penitenciária e lhe dando apoio financeiro.

A complexidade das relações amorosas, a exposição das falhas humanas e as traições continuam sendo o cerne do interesse do público.

Afinal, o mesmo que também reconhece e valoriza a relevância dos temas abordados.

Mas, agora, com maior liberdade para discutir assuntos antes tabu, como o trisal, a diversidade e o empoderamento feminino.

Qual é a diferença entre os casais da versão original e do remake de Vale Tudo? E o que podemos esperar?

A principal diferença entre os casais da versão original e do remake está no contexto social e cultural em que cada um foi produzido.

A trama de 1988 refletia uma sociedade brasileira que recém saía de um período autoritário, ainda conservadora em muitos aspectos.

O que limitava o debate aberto sobre temas como sexualidade, diversidade e arranjos familiares não tradicionais.

Por isso, apesar da ousadia da trama original, certas relações foram tratadas com sutileza ou sugeridas de forma velada.

No remake, a liberdade de expressão e a mudança na percepção social permitem explorar essas relações com mais profundidade e naturalidade, refletindo o Brasil atual.

Em relação ao desfecho, é provável que muitos casais clássicos se repitam, mas com nuances diferentes para dialogar com a audiência de hoje.

Além disso, a autora Manuela Dias já sinalizou que pretende ajustar a trama ao longo do tempo.

O que pode gerar surpresas e novos entendimentos para personagens que, na versão original, tiveram destinos definidos.

Portanto, a principal diferença entre os casais da versão de 1988 e os do remake está na profundidade e na representatividade das relações, acompanhando a evolução da sociedade brasileira.

O que permanece, e certamente seguirá cativando o público, são as emoções intensas, os conflitos humanos e a complexidade das paixões que sempre fizeram de Vale Tudo uma novela marcante.

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