Ressurreição judicial: E uma fábrica nº1 de tecidos, amada em todo o Brasil, escapa da falência e clientes estão eufóricos com a notícia
Uma fábrica, considerada nº1 e que por décadas abasteceu quartos de hotéis, prateleiras de lojas e enxovais de milhões de lares brasileiros, ganhou, em março de 2025, uma inesperada “ressurreição” de uma falência decretada.
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Após 12 anos mergulhada em crises e atritos, em março de 2025, a Teka — Tecelagem Kuehnrich S.A., símbolo da pujança têxtil catarinense — teve sua falência suspensa por decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
A medida reacendeu esperanças em credores, empregados e clientes fiéis, os quais soltaram “fogos de artifício”, mesmo que de forma figurada.
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A partir de informações coletadas na Folha de S.Paulo, a equipe do TV Foco traz todo o desenrolar dessa história e as expectativas daqui para frente.
O fio que se rompeu:
Fundada há mais de cem anos em Blumenau (SC), a Teka chegou a ser a maior fabricante de artigos têxteis do Brasil e uma das maiores da América Latina.
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Seu apogeu atravessou o século XX, com operações sólidas em Santa Catarina e São Paulo, exportações consistentes e cerca de 2 mil funcionários em atividade.
Em 2012, contudo, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial, então motivado por um passivo crescente e uma série de erros estratégicos de gestão e expansão.
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Ao longo da última década, a Teka se manteve em funcionamento precário:
- Adiou investimentos;
- Renegociou dívidas;
- Reduziu custos.
Entretanto, apesar das medidas, ela não conseguiu reverter a deterioração financeira.
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Ainda em março de 2025, o juiz Uziel Nunes de Oliveira, da Vara de Falências de Jaraguá do Sul, decretou a falência continuada da empresa.
Porém, a medida autorizava a continuidade das operações, porém com vistas à liquidação completa do patrimônio, cujo objetivo era saldar a dívida de R$ 4 bilhões — sendo R$ 2,3 bilhões apenas em tributos federais, o maior montante registrado em Santa Catarina.
O nó da discórdia:
A decisão judicial gerou reações imediatas:
- Um dos principais acionistas, o fundo de investimentos Alumni, que detém 24% das ações da Teka, reagiu com veemência.
- Por meio dos escritórios Chiarottino e Nicoletti Advogados e MKR Advogados, o fundo protocolou recurso argumentando que a falência não atendia ao melhor interesse da massa falida e tampouco da coletividade de credores.
De acordo com o advogado Leandro Chiarottino, representante do Alumni, a administradora judicial — Leiria & Cascaes — falhou ao não aproveitar programas de parcelamento de dívidas tributárias, o que teria permitido reduzir o passivo tributário de R$ 2,3 bilhões para algo em torno de R$ 330 milhões.
“A falência da Teka só interessaria à atual administradora judicial, que receberia até 5% do valor dos bens liquidados, com menos trabalho do que na recuperação judicial” – Declarou ele.
Na época, a administradora judicial não se manifestou até o momento da decisão de suspensão da falência, tampouco respondeu às solicitações da imprensa para esclarecimentos.
Saiba mais sobre esse fato da história clicando aqui*.
A virada:
Finalmente, em 28 de março de 2025, o desembargador Robson Luz Varella, do TJ-SC, acolheu parcialmente o recurso do Alumni.
- Suspendeu a conversão da recuperação judicial em falência;
- Interrompeu os atos de arrecadação;
- Interrompeu a venda de ativos;
- Determinou a reintegração da diretoria eleita e da auditoria PwC.
A decisão restaurou, mesmo que momentaneamente, a normalidade da gestão e interrompeu o processo de liquidação.
A Teka celebrou o despacho como um respiro. Em nota, a empresa afirmou que:
“O reconhecimento da injustiça da falência devolve à Teka a possibilidade de reestruturação efetiva, com base em alternativas reais de renegociação fiscal e operacional.”
Fontes do setor têxtil e representantes sindicais comemoraram a reversão:
“Evitar a falência da Teka é preservar empregos diretos e indiretos em duas regiões do país e manter viva uma cadeia produtiva essencial” – Afirmou João Lima, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau.
Quais são as expectativas para a Teka agora?
A Teka hoje opera duas unidades fabris: uma em Blumenau (SC) e outra em Artur Nogueira (SP).
A empresa atende aproximadamente 50% da rede hoteleira brasileira, mantém atividades com cerca de 2 mil empregados e segue listada na B3 com valor de mercado estimado em R$ 14 milhões — uma fração de seu valor histórico.
Embora sem capital para grandes investimentos, ela manteve, nos últimos meses, pagamento regular de obrigações e tributos.
De fato, agora, a Teka ainda precisa provar viabilidade financeira e apresentar novo plano de reestruturação.
Porém, ganhou tempo, confiança e, sobretudo, a chance de reescrever seu destino.
Conclusão:
A Teka, símbolo da indústria têxtil brasileira, escapou da falência por decisão judicial estratégica, respaldada por acionistas inconformados com a condução do processo.
O caso expõe as fragilidades da recuperação judicial no Brasil, mas também a resiliência de empresas centenárias.
A sobrevida conquistada é rara, mas não definitiva.
Cabe agora à Teka, à Justiça e aos credores decidirem tecer um novo futuro. Mas para saber sobre mais casos como esse, clique aqui*.
