Rede de cinemas afunda por culpa da Netflix e exige a própria falência após 100 anos

Rede centenária de cinemas afunda em dívidas, pede falência e culpa a Netflix pelo declínio em país; Entenda o que rolou.
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Cinema afunda, culpa Netflix e pede pela falência após 100 anos de existência (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/Canva/Lennita)

Rede centenária e gigantesca de cinemas afunda em crise no setor, pede falência e culpa a Netflix pelo declínio em país

Em março de 2024, após cem anos de operação, uma rede norte-americana gigantesca de cinemas entrou com pedido de falência nos Estados Unidos após se afundar em uma crise no setor, a qual não apenas afetou a mesma como outros nomes.

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Trata-se da Metropolitan Theatres, fundada ainda em 1923. Infelizmente, ela não resistiu à combinação de:

Inclusive, em documentos oficiais, a empresa citou diretamente a “culpa” da Netflix no colapso da frequência aos cinemas.

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Metropolitan Theatres por dentro (Foto: Reprodução/John Canning & CO)

O caso escancara a crise vivida pelas tradicionais exibidoras diante da transformação radical nos hábitos de consumo de filmes.

Sendo assim, a partir de informações do portal Bloomberg, a equipe especializada em economia do TV Foco traz abaixo todos os fatores desse colapso.

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Um império cinematográfico

A Metropolitan Theatres começou sua história em Los Angeles, fundada por Joseph H. Corwin, com cinemas localizados no então efervescente distrito da Broadway.

Nas décadas seguintes, a empresa expandiu sua presença para Santa Bárbara, Colorado e Utah, sempre operando sob controle familiar.

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Com estilo discreto, mas eficiente, a Metropolitan atravessou gerações explorando uma fórmula clássica: salas bem localizadas, programações variadas e forte enraizamento local.

Mesmo com a ascensão de outros conglomerados globais como AMC e Regal, a Metropolitan manteve seu nicho regional.

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Até 2019, ainda operava 16 cinemas e seguia como símbolo de resistência da era de ouro da exibição presencial.

Metropolitan Theatres, como muitos outros, iniciou sua história em Los Angeles (Foto: Reprodução/Los Angeles Theatres)

A pandemia rompe a magia do cinema:

Com a chegada da COVID-19 em 2020, a empresa precisou suspender suas atividades por meses.

Como em todo o setor, a receita despencou, porém, a diferença é que a Metropolitan não tinha o mesmo fôlego financeiro de grandes redes para sustentar longos períodos sem operação.

O impacto foi brutal:

Ou seja, o que parecia uma pausa temporária virou mudança estrutural de comportamento:

Durante esse período, a Netflix e outras plataformas de streaming aceleraram lançamentos diretos ao digital, eliminando janelas exclusivas dos cinemas.

A empresa citou esse fenômeno como “fator direto na queda de suas receitas“, chamando atenção para a perda de apelo dos filmes de médio porte fora do circuito blockbuster.

Netflix foi citada pela empresa como exemplo de streaming que ajudou na queda dos cinemas (Foto Reprodução/Internet)

Greves em Hollywood e o golpe final

Para piorar ainda mais a situação, em 2023, outro baque atingiu o setor:

Com esse mix de fatos, a Metropolitan, já fragilizada, não conseguiu renovar sua cartela de atrações nem manter o fluxo de público necessário para equilibrar as contas.

Ao longo do ano, a empresa fechou algumas unidades e tentou renegociar contratos de aluguel.

Ainda assim, os custos operacionais continuaram pesando.

Só com aluguéis, a empresa desembolsava cerca de US$ 2,6 milhões anuais — um valor insustentável diante das salas vazias.

Pedido de socorro

No dia 29 de fevereiro de 2024, a Metropolitan Theatres protocolou pedido de recuperação judicial no Tribunal de Falências da Califórnia, com base no Chapter 11 da lei norte-americana.

O presidente da empresa, David Corwin — neto do fundador — afirmou em declaração juramentada que não havia mais liquidez suficiente para manter as operações nas condições atuais.

Corwin responsabilizou diretamente o avanço do streaming pela drástica redução no público.

De acordo com ele, em 2024, as vendas de ingressos na América do Norte caíram mais de 20% em comparação ao ano anterior.

A Netflix, símbolo dessa transformação, foi citada nominalmente como agente dessa ruptura.

A empresa optou por uma versão simplificada do Chapter 11, voltada para pequenas empresas, com menos burocracia e maior velocidade.

Pediu autorização para manter o pagamento de salários de seus 240 funcionários de meio período e 12 de tempo integral enquanto negocia com credores.

Qual é a atual situação da Theatres Metropolitan?

Até o momento, a Metropolitan segue operando parte de suas unidades. A empresa informou que tentará manter as operações nas localidades ainda viáveis, enquanto encerra contratos em locais deficitários.

As negociações com proprietários de imóveis e credores determinarão se a rede conseguirá se salvar em escala reduzida ou se caminhará para a liquidação completa.

A Netflix e demais plataformas de streaming citadas no contexto não se manifestaram até agora sobre as declarações da empresa.

Conclusão:

A falência da Metropolitan Theatres marca o fim de uma era em que ir ao cinema era um evento cultural central.

A Netflix, vista como catalisadora da mudança, simboliza o novo paradigma do entretenimento sob demanda. Agora, a sobrevivência das salas de cinema exigirá mais do que resiliência: exigirá reinvenção. Mas, para saber sobre outras histórias como essa, clique aqui*.

Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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