Casal Nardoni, Matsunaga e Cravinhos: Criminosos ganharam dinheiro com Tremembé?

Será que os reais criminosos receberam dinheiro pela produção do Prime Video? Veja o que a lei brasileira diz sobre o lucro nesses casos.

23/11/2025 7h15

5 min de leitura

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Descubra se os assassinos retratados na série Tremembé receberam algo pela produção (Foto Reprodução/Montagem/TV Foco/Lennita/Prime Amazon/YouTube/Investigação Criminal/Imagens transmitidas pela TV Globo/GMN/ Fundo-Real Rádio/)

Descubra se os piores assassinos retratados na série “Tremembé” ganharam algo com a produção e o que diz a lei

A cada novo lançamento de documentários true crime, um debate moral se acende: Será que os autores dos crimes mais hediondos do Brasil estão lucrando com a exploração de suas próprias histórias?

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A última coqueluche do momento é a série Tremembé, da Prime Video, a qual colocou a Penitenciária Dr. José Augusto Salgado, sob o julgamento público, trazendo à tona, novamente, o possível espectro do dinheiro nas mãos de condenados como o Casal Nardoni, Elize Matsunaga, Suzane Richthofen e os Irmãos Cravinhos.

É certo que uma simples sugestão de que os assassinos possam financiar suas vidas atrás das grades ou ganhar sua liberdade futura com “royalties do sangue” representa um ultraje à memória das vítimas.

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No entanto, conforme publicado no portal Exame, não é bem assim que as coisas ocorreram…

O que realmente aconteceu?

De acordo com o especialista em propriedade intelectual Fernando Canutto, que explicou o caso à EXAME, os criminosos retratados na série Tremembé do Prime Video não foram compensados financeiramente simplesmente por serem os protagonistas das histórias na vida real.

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Por que a lei não garante o lucro dos criminosos?

A ausência de pagamento aos condenados reside em dois pilares legais que blindam a produção:

  • 1. Fatos públicos: A série Tremembé usa uma história que já é de domínio público e foi amplamente divulgada pela imprensa. A lei permite que qualquer pessoa ou produtora narre fatos públicos, especialmente em formatos que cumprem fins jornalísticos ou documentais, sem precisar remunerar os criminosos. O especialista reforça que, por não se tratar de uma história inédita ou ficcionalizada, não há obrigação de pagamento;
  • 2. Inexistência de direitos autorais: O condenado, por sua vez, não possui direitos autorais sobre os fatos da sua vida criminosa. Pela norma legal, a remuneração ocorre apenas quando há a assinatura de um contrato. Logo, como a série utiliza os fatos já conhecidos publicamente, os presos não assinaram contratos para ceder os direitos da narrativa, invalidando qualquer expectativa de royalties.

Em que cenário esse pagamento seria possível?

A situação mudaria apenas se houvesse uma negociação de entrevista exclusiva com algum dos presos.

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  • Nesse caso, um valor poderia ser acordado entre as partes;
  • No entanto, a concessão de um sistema exclusivo como esse exigiria autorização da administração penitenciária;
  • O texto ressalta que não há objeção legal ao recebimento de valores por essa entrevista, e a própria série ilustra um caso assim, citando o pagamento de R$ 120 mil a Suzane Richthofen e Sandrão por uma entrevista exclusiva ao programa Gugu.

Trocando em miúdos, a legislação brasileira não impede a produção de uma série documental com fins jornalísticos sobre crimes e, na prática, o lucro da série e de produções similares concentra-se principalmente nas produtoras, roteiristas, editoras e plataformas de streaming, e não nos criminosos condenados.

Por onde anda o casal Nardoni, Suzane e Elize Matsunaga?

Enquanto o debate sobre os lucros do true crime continua, os notórios criminosos de Tremembé tentam uma reintegração cercada de tensão e escrutínio público.

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Veja abaixo a situação de cada um deles:

  • Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá: O casal Nardoni cumpre pena em regime aberto (Alexandre desde 2024 e Anna Carolina desde 2023). O casal reatou o relacionamento e está morando no mesmo apartamento em São Paulo, sendo flagrado em atividades rotineiras e retornando aos holofotes, o que gera intensa repulsa pública, principalmente dos seus vizinhos – Conforme podem ver no vídeo abaixo:
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  • Suzane Richthofen: Em regime aberto desde 2023, Suzane adotou o sobrenome do marido e é mãe de um filho, nascido em 2024. Atualmente, ela cursa faculdade de Direito e tenta refazer a sua vida em cidade do interior de SP- Conforme podem ver aqui*.
  • Elize Matsunaga: Cumprindo liberdade condicional desde 2022, Elize também vive de forma discreta no interior de São Paulo. Ela trabalha como motorista de aplicativo, mas enfrenta a tentativa dos avós paternos de retirar seu nome dos documentos da filha, lutando para manter seus vínculos – Conforme podem ver aqui*;
  • Irmãos Cravinhos: Daniel está em regime aberto desde 2018. Cristian conseguiu a progressão para o regime aberto em março de 2025. Inclusive, de acordo com o SBT News, a última notícia que se tem é que Cristian sofreu um acidente de moto no dia 13 de novembro de 2025 e declarou medo de retornar ao cárcere – Conforme podem ver no vídeo abaixo:
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(Opinião) Mas Tremembé romantiza crimes?

Mas, por mais espinhosa que seja e ao contrário do que muitos acreditam, existe um senso comum de que a série não romantiza criminosos nem os transforma em subcelebridades, e sim traz à luz de que eles não são monstros, afinal de contas, monstros não existem.

Mais que isso, a série os humaniza como um aviso de que, infelizmente, é preciso estar em alerta constante, uma vez que qualquer semelhante pode cometer as piores atrocidades.

Ou seja, a série cumpre a função de discutir o sistema prisional e a mente criminosa.

Ela não busca redenção ou justificativa para os algozes; pelo contrário, usa os casos notórios para debater a:

  • Progressão de regime;
  • Erros cometidos pela Justiça;
  • Os impactos duradouros dos crimes na sociedade.

Ou seja, a narrativa não explora o sofrimento das vítimas para obter audiência fácil. Em vez disso, usa o terror gerado por estes indivíduos para analisar como a sociedade reage e permite o ciclo da notoriedade.

Além disso, a série coloca o dilema ético do true crime no centro da conversa, forçando o espectador a questionar se o produto cultural deve ou não deve existir, e não simplesmente a consumir a dor alheia.

E você já assistiu à série? Deixe aqui nos comentários o que achou da produção. Mas se quiser saber mais sobre a série Tremembé, clique aqui*.

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Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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