
Silvio Santos, do SBT, já foi contratado da Globo (Reprodução)
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Documentos inéditos revelados em livro, mostram que Silvio Santos, dono do SBT, quando contratado da Globo, não era visto com bons olhos pelos militares que ocupavam o poder após o golpe
Nos últimos meses, o apresentador e dono do SBT, Silvio Santos, que iniciou sua carreira na Globo, acabou provocando polêmica, não apenas por suas declarações consideradas preconceituosas, mas por seu alinhamento à extrema-direta brasileira, representada na figura do presidente Jair Bolsonaro, de quem o empresário é assumidamente simpático.
Desde que Bolsonaro foi eleito e o país deu uma guinada à direita, com pautas conservadoras, Silvio Santos tem buscado um alinhamento com o Palácio do Planalto e, inclusive, chegou a polemizar no ano passado quando, em uma vinheta para o SBT, fez uso de uma frase polêmica do período ditatorial do Brasil – o golpe de 1964-1985.
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Imediatamente, os internautas se revoltaram com a propaganda escancarada do SBT a favor da ditadura, críticas a Silvio Santos explodiram na internet e a emissora retirou a peça ufanista do ar. No entanto, revelações recentes mostram que na época da ditadura, o nome do apresentação, que era contratado da Globo, não era bem vistos pelos militares, que o acusavam, aliás, de ser um dos defensores do comunismo no Brasil e tentaram até censurar seu programa na Globo.
A informação foi revelada pelo professor Fernando Morgado, em seu novo livro, Comunicadores S.A, que, após obter documentos inéditos datados de 1970, comprovam como o então contratado da Globo naquela época era visto pelos militares como um perigo à ordem social dentro dos parâmetros de um regime ditatorial, marcado pela repressão – naqueles anos, o Brasil vivia o auge repressivo da ditadora com dezenas de mortes e perseguições políticas.
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Em entrevista ao jornalista Sandro Nascimento, do site Na Telinha, o autor do livro declarou que a obra “traz várias histórias inéditas e surpreendentes, mas, sem dúvida, a que mais me impressionou tem a ver com o Silvio Santos”, diz Morgado. “Muitos adotam um discurso simplista quando falam da relação dele com o regime militar. Eu mostro no livro, com documentos que encontrei nos arquivos do SNI (Serviço Nacional de Informações), que essa relação nem sempre foi tranquila. Por mais incrível que possa parecer, tinha gente de alta patente dentro das Forças Armadas que via Silvio como parte de um esquema que visava apoiar a ação comunista no Brasil”, diz o professor.
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“Militares queriam que o Programa Silvio Santos [naquela época exibido na Globo] tivesse sua duração reduzida, deixasse de ser ao vivo e perdesse a plateia”, afirma Morgado, ressaltando que o hoje dono do SBT “teve que mandar uma carta ao ministro das Comunicações (Hygino Corsetti, 1919 – 2007) apelando para que essas mudanças não fossem feitas”.
E não era apenas Silvio Santos que era visto com olhos cautelosos pelos militares, outros nomes que brilharam na Globo também entraram na mira dos militares, ainda segundo Fernando Morgado, sendo eles o apresentador Chacrinha (1917 – 1988) e Dercy Gonçalves (1907 – 2008): os três eram classificados como “altamente perniciosos”.
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