Sumiço nas Casas Bahia e mais: Extinção de 3 marcas de eletrodomésticos fazem consumidores espernearem

Quando a sala de casa virava uma verdadeira sala de cinema: Entenda os motivos por trás do sumiço das grandes marcas de eletrônicos e eletrodomésticos no Brasil
Quem viveu entre os anos 70 e 90 deve se lembrar do valor que uma televisão e um aparelho de som tinham em um lar brasileiro.
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A chegada do videocassete, a substituição das TVs em preto e branco pelas coloridas, os rádios com fita e as caixas acústicas potentes transformaram o consumo de tecnologia num marco geracional.
No meio desse movimento, empresas com atuação nacional — algumas genuinamente brasileiras, outras com produção local robusta — comandavam o mercado com produtos que uniam acessibilidade e inovação.
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Ver novela na Telefunken, ouvir música num “3 em 1” da CCE ou sintonizar o rádio em um Philco eram ações tão naturais quanto preparar o café.
Mas o tempo passou e muitas dessas marcas ou desapareceram completamente do setor eletrônico ou sobrevivem apenas como sombras do que foram.
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Sendo assim, a partir de informações do portal Gazeta SP e Wiki, trazemos a seguir três marcas que deram adeus às varejistas como a Casas Bahia.
Inclusive, essa extinção faz até hoje os clientes “espernearem” em meio a sentimentos nostálgicos.
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CCE: Um eletrônico ao alcance do salário médio:
A CCE (Comércio de Componentes Eletrônicos), fundada no Brasil em 1964, tornou-se uma das maiores fabricantes de eletrônicos populares do país.
Ficou famosa nos anos 80 e 90 ao oferecer televisores, videocassetes e os populares aparelhos de som “3 em 1” por preços acessíveis.
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A CCE mirava diretamente a classe C, a qual buscava produtos funcionais e baratos.

Mas, sua derrocada começou com a abertura econômica dos anos 90 com:
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- A concorrência com empresas globais tecnicamente superiores;
- Poder de escala que destruiu a competitividade da marca.
Foi quando, em 2012, a multinacional chinesa Lenovo adquiriu a CCE com o objetivo de usar sua estrutura industrial no Brasil.
Pouco depois, no entanto, a produção de eletrônicos foi descontinuada. Hoje, o nome sobrevive apenas em notebooks e tablets de entrada, bem distantes do protagonismo de outrora.
Telefunken: De império das TVs a apenas uma licença
Já a alemã Telefunken foi uma das primeiras a fabricar televisores no Brasil.
Durante os anos 70 e 80, tornou-se símbolo de status, especialmente por seus modelos coloridos — uma revolução para os padrões da época.
A operação nacional era sólida, com produção local e forte apelo nas lojas populares.

Com a globalização, a marca perdeu competitividade. A matriz alemã mudou de rumos, e a operação brasileira desapareceu ainda nos anos 1990.
Atualmente, o nome “Telefunken” aparece somente em alguns produtos importados, fruto de acordos de licenciamento.
Mas a atuação local e o prestígio da marca entre os brasileiros ficaram no passado.

Gradiente: Da liderança ao ostracismo
Embora ainda exista legalmente, a Gradiente deixou de ser a gigante que dominava o mercado nacional de som e vídeo.
Fundada em 1964, a empresa lançou produtos icônicos como o “Meu Primeiro Gradiente” e sistemas de áudio avançados.
Também fabricou TVs com tecnologia de ponta e chegou a competir com gigantes globais.

Nos anos 2000, a empresa enfrentou dificuldades financeiras graves:
- Paralisou a produção de televisores;
- Perdeu espaço no varejo;
- Entrou em disputas judiciais, incluindo um imbróglio com a Apple sobre o uso do nome “iPhone” no Brasil.
Em 2023, a Gradiente foi retirada da bolsa de valores. Embora ainda tente operar em nichos como eletroportáteis, sua presença é residual e, nas prateleiras das grandes redes, a marca simplesmente desapareceu.

Por que algumas marcas que fizeram sucesso nos anos 90/2000 sumiram?
Conforme mencionamos, o desaparecimento dessas potências não é obra de um único fator.
Trata-se de uma combinação de forças econômicas, políticas, tecnológicas e de gestão que transformaram o cenário industrial brasileiro a partir da década de 1990.
Os principais motivos incluem:
- 1. Abertura comercial e concorrência global: A redução drástica das tarifas de importação na gestão Collor permitiu a entrada de empresas estrangeiras como Sony, LG e Samsung, com preços agressivos e produtos superiores em qualidade e tecnologia. Marcas nacionais não conseguiram acompanhar o ritmo.
- 2. Evolução tecnológica veloz: A transição do tubo para a tela plana, o surgimento do DVD, depois do streaming e da TV digital, exigiu investimentos em inovação que as empresas locais não tinham como sustentar. Isso as empurrou para a obsolescência.
- 3. Gestão e endividamento: Em muitos casos, as empresas nacionais sofreram com má administração, falta de visão estratégica e dívidas acumuladas. Sem margem para erro, perderam competitividade e relevância.
- 4. Escala de produção internacional: Empresas globais operam com custos menores, maior automação e redes logísticas que permitem entregar mais por menos. O Brasil, com sua carga tributária elevada e infraestrutura precária, ficou para trás.
- 5. Mudança no gosto do consumidor: O brasileiro passou a exigir mais sofisticação: design, conectividade, integração com streaming, qualidade de imagem superior. As marcas locais demoraram a reagir ou não conseguiram entregar o que o novo público esperava.
Legado:
Mas, embora sumidas das vitrines, essas marcas deixaram um legado incontornável.
Afinal de contas, elas foram responsáveis por popularizar o acesso à tecnologia, formar técnicos, movimentar cadeias produtivas e criar vínculos afetivos com milhões de brasileiros.
O silêncio atual nas prateleiras não apaga sua importância histórica. Em um país que importa quase toda a tecnologia que consome, lembrar dessas marcas é também lembrar de um tempo em que a inovação tinha sotaque nacional.
Conclusão:
O sumiço de certas marcas não foi um erro de mercado, mas consequência de um Brasil que mudou de rumo.
Globalização, tecnologia e novos hábitos ditaram outras regras.
Mesmo assim, as gigantes brasileiras deixaram uma marca indelével na história — e, principalmente, na memória de quem viveu a época em que a tecnologia tinha sotaque nacional. Mas, para saber mais sobre outras histórias e até mesmo marcas, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.