Trauma obscuro? A razão original por trás do vício em álcool de Heleninha Roitman, em Vale Tudo

Vale Tudo: O remake já deixa marcas e Heleninha Roitman ressurge ainda mais complexa; Saiba o que está por trás do vício da herdeira.

14/07/2025 4h00

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O que está por trás do vício de Helena Roitman, em Vale Tudo? (Foto Reprodução/Montagem/Lennita/Tv Foco/Globo/Instagram/Canva)

Vale Tudo: O remake já deixa marcas e Heleninha Roitman ressurge ainda mais complexa; Saiba de onde vem o vício da herdeira de Odete

Já se passou uma semana decisiva no remake de Vale Tudo, e os primeiros capítulos especiais já deixaram claro que a nova versão da Globo não se contenta em apenas revisitar um clássico.

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A trama, adaptada por Manuela Dias, aposta numa releitura ousada de um dos maiores sucessos da dramaturgia brasileira.

E se há um núcleo onde tudo pode explodir a qualquer momento, é o dos Roitman.

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Entre olhares de julgamento e silêncios ensurdecedores, volta à cena uma das figuras mais trágicas da novela: Heleninha Roitman (Paolla Oliveira).

A personagem, que já na primeira versão dividia o público entre compaixão e incômodo, reacende uma pergunta que nunca deixou de ecoar: Mas, o que levou Heleninha a beber tanto?

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Foram traumas reais ou uma trajetória emocional corroída pela sombra de uma mãe narcisista?

O drama não começa onde muitos pensam

Na versão original de 1988, interpretada por Renata Sorrah, Heleninha já era alcoólatra antes do acidente de carro que culminaria na morte de seu irmão, Leonardo.

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Assim, a culpa por esse episódio apenas agravou um quadro que já era instável.

Ou seja, a ideia de que o alcoolismo foi causado unicamente pelo trauma do acidente é, portanto, equivocada.

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Afinal de contas, Heleninha já vinha lidando com um histórico de consumo de álcool desde jovem, o que aponta para algo ainda mais estrutural:

  • Uma dinâmica familiar doentia;
  • Vida marcada por ausências afetivas;
  • Exigências sufocantes.

No remake, esse ponto é mantido com fidelidade:

  • A nova Heleninha já é apresentada com um passado de internações, recaídas e afastamentos do convívio social.
  • O acidente com o irmão funciona mais como catalisador do que como origem da sua condição.
  • O alcoolismo, nesse contexto, aparece como resultado de uma construção psíquica prolongada e dolorosa.

Odete Roitman e o narcisismo materno:

Odete Roitman (Débora Bloch) continua sendo a mesma figura imponente, racional e implacável que marcou a memória do público.

Mas a nova interpretação ilumina algo que sempre esteve presente, ainda que pouco nomeado: o traço narcisista da personagem.

Odete não é apenas autoritária, ela trata os filhos como extensões de si mesma, cobrando perfeição, controle emocional e comportamento exemplar.

Não há espaço para vulnerabilidade, tampouco para falhas.

É nesse ambiente que Heleninha cresce e, consequentemente, é esse ambiente que a adoece.

Desde jovem, vê-se preterida pela mãe, que concentra suas expectativas em Leonardo, o filho “brilhante”.

Heleninha não recebe acolhimento quando erra, nem apoio quando sofre, e essa solidão emocional vai se transformando em autodestruição silenciosa.

Sendo assim, a bebida entra como fuga, como anestésico diante de uma dor que não tem onde pousar.

Na nova versão, esse aspecto se torna ainda mais explícito:

  • Odete humilha publicamente a filha, expõe suas recaídas;
  • Odete ignora suas tentativas de sobriedade;
  • Odete ainda se recusa a reconhecer que possa ter alguma responsabilidade sobre a condição da filha.

E esse narcisismo da mãe não se manifesta em gestos explosivos, mas na frieza com que trata a dor do outro como inconveniente — especialmente quando esse outro é sua própria filha.

Trauma existe — mas é a estrutura que colapsa

Sendo assim, muitas camadas constroem esse trauma que muitos acham ser obscuro ou até mesmo escondido, sendo que na verdade se trata de:

  • Abandono emocional;
  • Exigência constante;
  • Ausência de validação.

O acidente com Leonardo — que Heleninha acreditava ter causado — apenas reforça sua culpa e alimenta a espiral de autodestruição.

Mas ela já vinha cambaleando muito antes de entrar no carro.

Essa construção mais profunda ganha contornos ainda mais precisos na nova versão.

A personagem não é apenas uma mulher que bebe demais, ela é o retrato de alguém que teve o emocional mutilado por anos e que, por isso, encontrou na bebida um escudo.

E, muitas vezes, uma forma de gritar o que não podia ser dito em voz alta.

Quais são os possíveis finais para Heleninha Roitman, em Vale Tudo?

A nova Heleninha tem três caminhos possíveis, todos com base na complexidade que a personagem vem ganhando:

  • Ruptura e libertação – A personagem pode finalmente romper com o ciclo de culpa e buscar reconstruir sua identidade fora da influência da mãe. Isso exigiria confrontar Odete diretamente e recusar o papel de filha “defeituosa” que lhe foi imposto.
  • Descoberta e alívio – Assim como na versão original, Heleninha pode descobrir que não foi responsável pela morte do irmão. Se esse arco for mantido, o choque da verdade dessa vez pode ajudá-la a elaborar o luto e a culpa de forma mais saudável, ainda que dolorosa.
  • Nova queda – O risco de recaída continua no horizonte. A ausência de apoio real e os ataques de Odete ainda podem levá-la a um colapso mais severo, algo que a trama é capaz de usar para gerar ainda mais tensão dramática.
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Conclusão:

Em suma, Heleninha não é só uma mulher frágil, mas o resultado de uma estrutura familiar cruel, onde amor era condicionado à performance e onde a vulnerabilidade era vista como fracasso.

O alcoolismo não nasce de um único trauma, mas de um ambiente que nunca lhe deu permissão para existir por inteiro.

No centro desse processo, está a figura de Odete, cuja frieza não protegeu os filhos, mas os feriu.

Por fim, o futuro de Heleninha dependerá não apenas de sua força, mas da coragem da trama em encarar de frente as feridas que vêm de casa.

Mas para saber mais sobre a trama, clique aqui*.

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Autor(a):

Jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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