Descubra se os piores assassinos retratados na série “Tremembé” ganharam algo com a produção e o que diz a lei
A cada novo lançamento de documentários true crime, um debate moral se acende: Será que os autores dos crimes mais hediondos do Brasil estão lucrando com a exploração de suas próprias histórias?
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A última coqueluche do momento é a série Tremembé, da Prime Video, a qual colocou a Penitenciária Dr. José Augusto Salgado, sob o julgamento público, trazendo à tona, novamente, o possível espectro do dinheiro nas mãos de condenados como o Casal Nardoni, Elize Matsunaga, Suzane Richthofen e os Irmãos Cravinhos.
É certo que uma simples sugestão de que os assassinos possam financiar suas vidas atrás das grades ou ganhar sua liberdade futura com “royalties do sangue” representa um ultraje à memória das vítimas.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
No entanto, conforme publicado no portal Exame, não é bem assim que as coisas ocorreram…
O que realmente aconteceu?
De acordo com o especialista em propriedade intelectual Fernando Canutto, que explicou o caso à EXAME, os criminosos retratados na série Tremembé do Prime Video não foram compensados financeiramente simplesmente por serem os protagonistas das histórias na vida real.
LEIA TAMBÉM!
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Por que a lei não garante o lucro dos criminosos?
A ausência de pagamento aos condenados reside em dois pilares legais que blindam a produção:
- 1. Fatos públicos: A série Tremembé usa uma história que já é de domínio público e foi amplamente divulgada pela imprensa. A lei permite que qualquer pessoa ou produtora narre fatos públicos, especialmente em formatos que cumprem fins jornalísticos ou documentais, sem precisar remunerar os criminosos. O especialista reforça que, por não se tratar de uma história inédita ou ficcionalizada, não há obrigação de pagamento;
- 2. Inexistência de direitos autorais: O condenado, por sua vez, não possui direitos autorais sobre os fatos da sua vida criminosa. Pela norma legal, a remuneração ocorre apenas quando há a assinatura de um contrato. Logo, como a série utiliza os fatos já conhecidos publicamente, os presos não assinaram contratos para ceder os direitos da narrativa, invalidando qualquer expectativa de royalties.
Em que cenário esse pagamento seria possível?
A situação mudaria apenas se houvesse uma negociação de entrevista exclusiva com algum dos presos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
- Nesse caso, um valor poderia ser acordado entre as partes;
- No entanto, a concessão de um sistema exclusivo como esse exigiria autorização da administração penitenciária;
- O texto ressalta que não há objeção legal ao recebimento de valores por essa entrevista, e a própria série ilustra um caso assim, citando o pagamento de R$ 120 mil a Suzane Richthofen e Sandrão por uma entrevista exclusiva ao programa Gugu.
Trocando em miúdos, a legislação brasileira não impede a produção de uma série documental com fins jornalísticos sobre crimes e, na prática, o lucro da série e de produções similares concentra-se principalmente nas produtoras, roteiristas, editoras e plataformas de streaming, e não nos criminosos condenados.
Por onde anda o casal Nardoni, Suzane e Elize Matsunaga?
Enquanto o debate sobre os lucros do true crime continua, os notórios criminosos de Tremembé tentam uma reintegração cercada de tensão e escrutínio público.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Veja abaixo a situação de cada um deles:
- Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá: O casal Nardoni cumpre pena em regime aberto (Alexandre desde 2024 e Anna Carolina desde 2023). O casal reatou o relacionamento e está morando no mesmo apartamento em São Paulo, sendo flagrado em atividades rotineiras e retornando aos holofotes, o que gera intensa repulsa pública, principalmente dos seus vizinhos – Conforme podem ver no vídeo abaixo:
- Suzane Richthofen: Em regime aberto desde 2023, Suzane adotou o sobrenome do marido e é mãe de um filho, nascido em 2024. Atualmente, ela cursa faculdade de Direito e tenta refazer a sua vida em cidade do interior de SP- Conforme podem ver aqui*.
- Elize Matsunaga: Cumprindo liberdade condicional desde 2022, Elize também vive de forma discreta no interior de São Paulo. Ela trabalha como motorista de aplicativo, mas enfrenta a tentativa dos avós paternos de retirar seu nome dos documentos da filha, lutando para manter seus vínculos – Conforme podem ver aqui*;
- Irmãos Cravinhos: Daniel está em regime aberto desde 2018. Cristian conseguiu a progressão para o regime aberto em março de 2025. Inclusive, de acordo com o SBT News, a última notícia que se tem é que Cristian sofreu um acidente de moto no dia 13 de novembro de 2025 e declarou medo de retornar ao cárcere – Conforme podem ver no vídeo abaixo:
(Opinião) Mas Tremembé romantiza crimes?
Mas, por mais espinhosa que seja e ao contrário do que muitos acreditam, existe um senso comum de que a série não romantiza criminosos nem os transforma em subcelebridades, e sim traz à luz de que eles não são monstros, afinal de contas, monstros não existem.
Mais que isso, a série os humaniza como um aviso de que, infelizmente, é preciso estar em alerta constante, uma vez que qualquer semelhante pode cometer as piores atrocidades.
Ou seja, a série cumpre a função de discutir o sistema prisional e a mente criminosa.
Ela não busca redenção ou justificativa para os algozes; pelo contrário, usa os casos notórios para debater a:
- Progressão de regime;
- Erros cometidos pela Justiça;
- Os impactos duradouros dos crimes na sociedade.
Ou seja, a narrativa não explora o sofrimento das vítimas para obter audiência fácil. Em vez disso, usa o terror gerado por estes indivíduos para analisar como a sociedade reage e permite o ciclo da notoriedade.
Além disso, a série coloca o dilema ético do true crime no centro da conversa, forçando o espectador a questionar se o produto cultural deve ou não deve existir, e não simplesmente a consumir a dor alheia.
E você já assistiu à série? Deixe aqui nos comentários o que achou da produção. Mas se quiser saber mais sobre a série Tremembé, clique aqui*.
